terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Por que Deus se fez homem?




Na nossa profissão de fé afirmamos que Deus Filho se encarnou pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria. Esta verdade de fé é de suma importância e tem um alcance largo para entendermos quem é Jesus e como se efetua a nossa salvação. A Igreja, desde o início, anunciou o Cristo, Verbo feito carne, enviado como homem aos homens (cf. Dei Verbum nº 4).

O que é a Encarnação?
O Catecismo da Igreja católica (CIC) afirma no nº 461 que a encarnação é “o fato de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana para realizar nela a nossa salvação”, e o Compêndio do Catecismo, pergunta 86, dia que é “o mistério da admirável união da natureza humana na única pessoa divina do Verbo”. A segunda pessoa da Santíssima Trindade assume nossa natureza. Por natureza se entende aquilo que uma coisa é. Quando Ele assume nossa natureza, assume nosso corpo e nossa alma com todas as suas faculdades. Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Ao longo da história da Igreja, alguns heterodoxos negaram a realidade da encarnação. Eles negavam ora a humanidade, ora a divindade de Jesus, ou, ainda, entendiam Jesus como um ser inferior ao Pai e superior aos homens. Todas estas maneiras não correspondem à fé da Igreja definida nos concílios mais antigos: o de Nicéia (325), o de Constantinopla (381), o de Éfeso (431), o de Calcedônia (451), o de Constantinopla II (553) e o de Constantinopla III (680). Estes concílios amadureceram o conhecimento sobre Jesus, com base na tradição, afirmando que na pessoa divina do Verbo encontra-se a natureza divina e a natureza humana, sendo estas últimas perfeitas, imutáveis, inseparáveis, não confusas. Esta união de naturezas na pessoa do Filho de Deus é chamada de união hipostática. A pessoa divina age por meio da natureza humana assumida. Assim, Deus se revela e se manifesta através das palavras e ações de Jesus. 

Hoje, ainda, podemos ver estas questões sendo postas. Por isso, é importante sabermos quem é Jesus para podermos conhecer o tamanho do amor de Deus e a abrangência de seu projeto salvífico. A encarnação está em função da salvação, pois Ele assume a natureza humana para realizar nela a salvação.

Por que o Verbo se fez Carne?
O CIC nos propõe quatro razões para a encarnação: Ele se fez carne para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus (nº 457); para conhecermos o amor de Deus (nº 458); para ser nosso modelo de santidade (nº 459); e para tornar-nos participantes da natureza divina (nº 460).

Ele veio para salvar
O homem não podia se salvar sozinho de sua condição de perdição. Se encarnado, a humanidade assumida do Verbo se tornou a vítima de expiação pelos nossos pecados. Sua vida de obediência e cumprimento da vontade do Pai é a causa do perdão de nossos pecados. A sua paixão e a sua morte redentora é a razão da encarnação. Ele veio para nos reconciliar, para nos admitir novamente numa vida de amizade e comunhão com Deus.

Ele veio para manifestar o amor
O próprio ser de Deus é amor. Com a encarnação, o Verbo comunica o amor divino aos homens por meio de gestos e palavras. Ele nos mostra como somos amados e qual o desígnio salvífico que Deus tem para os homens. Jesus veio demonstrar o perdão, a misericórdia, a compaixão, o cuidado, o acolhimento que Deus tem por cada um. O próprio amor de Deus pode ser conhecido na doação que o Pai fez de seu Filho unigênito para salvar a humanidade.

Ele veio para mostrar a santidade
O Verbo veio nos ensinar a viver de acordo com a vontade de Deus. Ele, assumindo nossa natureza, subordinou em tudo a sua vontade humana à sua vontade divina. Assim, a vida de Jesus é a expressão daquilo que o Pai planejou para nós: uma vida de obediência a Ele e de fraternidade com os irmãos. Os ensinamentos de Jesus têm valor paradigmático para todo o cristão. Ser cristão é ser outro Cristo.

Ele veio para elevar-nos
Quando o Filho assume a nossa natureza. Ele possibilita que nos tornemos filhos adotivos de Deus. Nossa natureza humana é elevada à comunhão com a vida divina. Os santos e os místicos nos mostram o tamanho da obra que Deus pode realizar numa pessoa, se esta se deixa guiar pelo Espírito de Deus. A santidade e a vida mística são dons dados por Deus para todos aqueles que receberam o Espírito Santo e buscam viver a partir das moções dele.

Para aprofundar...
Para saber mais sobre o assunto, indicamos o CIC números 456 até 463; o Compêndio do Catecismo, perguntas 85, 86 e 89; o YouCat, pergunta 76; e a Dei Verbum, parágrafo 4.

Pe. Vitor Gino Finelon
Vice-Diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida