Neste final de semana, de 2 a 4 de agosto,
pela 11ª vez, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, vinda de Belém do
Pará, percorreu a área de abrangência da Arquidiocese do Rio, em comunidades
paroquiais, instituições religiosas e no Centro de Tradições Nordestinas. Foi
elaborada intensa programação, com celebrações missionárias e eucarísticas, e
mini-círios.
Devoção
A invocação e imagem de Nossa Senhora de
Nazaré têm várias tradições. A mais conhecida é a de Portugal. No norte do
Brasil, com a influência lusitana, uma tradição nova se implantou há séculos e
tem sido um grande momento de evangelização de nosso povo. Com a migração
paraense para todo país, essa cultura e devoção foi levada também para vários
locais do Brasil, entre os quais, o Rio de Janeiro, onde, há décadas, ocorrem
celebrações e círios. Embora as imagens em sua iconografia diferem entre si, no
entanto, a invocação nos leva ao clima da cidade de Nazaré e, consequentemente,
da Sagrada Família.
“A simplicidade de Nazaré é o pano de fundo
da missão que se aprofunda a cada ano com a visita da imagem peregrina. São
pequenos sinais da devoção popular que nos ajudam e buscar aqu’Ele que Maria
nos aponta para obedecer: Jesus Cristo, nosso Senhor”, disse o arcebispo do
Rio, Cardeal Orani João Tempesta, que também foi arcebispo em Belém do Pará, de
2004 a 2009.
Padroeira dos paraenses
No Pará, foi o caboclo Plácido José de Souza
quem encontrou, em 1700, às margens do igarapé Murutucú (onde hoje se encontra
a Basílica Santuário), uma pequena imagem da Senhora de Nazaré. Após o achado,
Plácido teria levado a imagem para a sua choupana e, no outro dia, ela não estaria
mais lá. Correu ao local do encontro e lá estava a ‘Santinha’. O fato teria se
repetido várias vezes até a imagem ser enviada ao Palácio do Governo. No local
do achado, Plácido construiu uma pequena capela.
Círio de Nazaré
Em 1792, o Vaticano autorizou a realização de
uma procissão em homenagem a Virgem de Nazaré, em Belém do Pará. Organizado
pelo presidente da Província do Pará, capitão-mor Dom Francisco de Souza
Coutinho, o primeiro Círio foi realizado no dia 8 de setembro de 1793.
Segundo Dom Orani, no início, não havia data
fixa para o Círio. Mas, a partir de 1901, por determinação do bispo Dom
Francisco do Rêgo Maia, a procissão passou a ser realizada sempre no segundo
domingo de outubro.
“Realizado em Belém do Pará há mais de dois
séculos, o Círio de Nazaré é uma das maiores e mais belas manifestações
católicas do Brasil e do mundo. Reúne, anualmente, cerca de dois milhões de
romeiros numa caminhada de fé pelas ruas da capital do estado, num espetáculo
grandioso em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, a mãe de Jesus”, afirmou Dom
Orani.
O caminho da fé
No segundo domingo de outubro, a procissão
sai da Catedral de Belém e segue até a Praça Santuário de Nazaré, onde a imagem
da Virgem fica exposta para veneração dos fiéis durante 15 dias. O percurso é
de 3,6 quilômetros e já chegou a ser percorrido em nove horas e quinze minutos,
como ocorreu em 2004, no mais longo Círio de toda a história.
Dom Orani lembrou que na procissão, a
Berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré é seguida por romeiros de
Belém, do interior do estado, de várias regiões do país e até do exterior. Em
todo o percurso, os fiéis fazem manifestações de fé, enfeitam ruas e casas em
homenagem à santa. Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em
setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.
“Vamos ao encontro da Senhora de Nazaré
porque Ela nos aponta para o seguimento de Cristo que é caminho, verdade e
vida! Maria missionária vem, com sua imagem, nos incentivar a viver este ano da
esperança com a missão de ir anunciando seu Filho Jesus”, destacou Dom Orani.
Carlos
Moioli