Após um voo
de quase 13 horas desde Roma até a capital do Equador, o Papa Francisco voltou
a pisar na América Latina depois de quase 2 anos. Ao chegar a Quito, em
seu primeiro discurso, Francisco afirmou agradecer a Deus por poder voltar à
América Latina e vir como “testemunha de misericórdia e fé... na linda terra do
Equador”.
“Visitei o
Equador em diferentes ocasiões por motivos pastorais; e também hoje venho como
testemunha da misericórdia de Deus e da fé em Jesus Cristo ”, disse
Francisco.
Ao recordar
santos e beatos da história equatoriana, o Pontífice fez uma exortação: “Hoje,
também nós podemos encontrar no Evangelho as chaves que nos permitam enfrentar
os desafios atuais, avaliando as diferenças, fomentando o diálogo e a
participação sem exclusões, para que as realizações alcançadas no progresso e
desenvolvimento possam garantir um futuro melhor para todos, prestando especial
atenção aos nossos irmãos mais frágeis e às minorias mais vulneráveis que é a
dívida que toda a América Latina tem”.
Metáfora da Igreja
Ao recordar
que no Equador está o ponto da Terra mais próximo ao espaço exterior – o
Chimborazo – o Papa Francisco fez uma metáfora sobre a Igreja.
“O
Chimborazo, é chamado por essa razão o lugar ‘mais próximo do sol’, da lua. A
Igreja é a lua. E a lua não tem luz própria. E se a lua se esconde do sol, se
escurece. O sol é Jesus Cristo, e se a Igreja se aparta ou se esconde de Jesus
Cristo, se escurece e não dá testemunho”, advertiu Francisco improvisando.
Primeiro discurso do Papa
Segue na íntegra, o primeiro discurso do Papa Francisco
proferido na cerimônia de boas-vindas no Aeroporto Internacional Mariscal
Sucre, em Quito, capital do Equador, neste domingo (5/7).
Senhor Presidente,
Ilustres Autoridades do governo,
Irmãos no Episcopado,
Senhoras e senhores, amigos todos!
Dou graças a Deus por me ter permitido voltar à América Latina e estar aqui hoje com vocês, nesta linda terra do Equador. Sinto alegria e gratidão pelas suas calorosas boas-vindas: é mais uma prova do caráter acolhedor que tão bem define as pessoas desta nobre nação.
Agradeço,
Senhor Presidente, as suas palavras – agradeço-lhe a sintonia com o meu
pensamento; citou-me até demais, obrigado! – que retribuo com votos de todo o
bem para o exercício da sua missão: possa conseguir o que deseja para o bem do
seu povo. Saúdo cordialmente as ilustres Autoridades do Governo, os meus Irmãos
Bispos, os fiéis da Igreja no País e todos aqueles que hoje me abrem as portas
do seu coração, da sua casa e da sua Pátria. A todos vocês, o meu
reconhecimento afetuoso e sincero.
Visitei o
Equador em diferentes ocasiões por motivos pastorais; e também hoje venho como
testemunha da misericórdia de Deus e da fé em Jesus Cristo. A
mesma fé que, durante séculos, modelou a identidade deste povo e deu muitos
frutos bons, entre os quais se destacam figuras insignes como Santa Mariana de
Jesus, o santo irmão Miguel Febres, Santa Narcisa de Jesus ou a Beata Mercedes
de Jesus Molina, beatificada em Guayaquil, trinta anos atrás, durante a visita
do Papa São João Paulo II. Eles viveram a fé com intensidade e entusiasmo e,
praticando a misericórdia, contribuíram para melhorar, em diferentes áreas, a
sociedade equatoriana do seu tempo.
Hoje,
também nós podemos encontrar no Evangelho as chaves que nos permitam enfrentar
os desafios atuais, avaliando as diferenças, fomentando o diálogo e a
participação sem exclusões, para que as realizações alcançadas no progresso e
desenvolvimento se consolidem e possam garantir um futuro melhor para todos,
prestando especial atenção aos nossos irmãos mais frágeis e às minorias mais
vulneráveis, uma dívida que tem ainda toda a América Latina. Para isso, Senhor
Presidente, poderá contar sempre com o empenho e a colaboração da Igreja,
servindo este povo equatoriano que com tanta dignidade se levantou.
Amigos
todos, com entusiasmo e esperança, começo os dias que se seguem. No Equador,
encontra-se o ponto mais próximo do espaço exterior: é o Chimborazo, chamado
por essa razão o lugar "mais próximo do sol", da lua e das estrelas.
Nós, cristãos, vemos Jesus Cristo como se fosse o sol, e a Igreja como a lua; a
lua não tem luz própria e, se se esconder do sol, fica às escuras. O sol é
Jesus Cristo e, se a Igreja se afastar ou esconder de Jesus Cristo, fica às
escuras e não dá testemunho. Possa nestes dias tornar-se mais evidente para
todos a proximidade "do Sol que nasce do Alto", sendo nós reflexo da
sua luz, do seu amor.
Daqui quero
abraçar todo o Equador. Desde o cume do Chimborazo até às costas do Pacífico,
desde a selva amazônica até às Ilhas Galápagos, nunca percam a capacidade de
dar graças a Deus pelo que Ele fez e faz por vocês, a capacidade de proteger o
humilde e o simples, cuidar das suas crianças e dos seus idosos, que são a
memória do seu povo, confiar na juventude, e maravilhar-se com a nobreza da sua
população e a beleza singular do seu País, que, segundo o Senhor Presidente, é
o paraíso.
O Sagrado
Coração de Jesus e o Coração Imaculado de Maria, a quem foi consagrado o
Equador, derramem sobre vós a sua graça e bênção. Muito obrigado!
Fonte: http://arqrio.org/noticias/detalhes/3316/papa-no-equador-no-evangelho-as-chaves-para-enfrentar-desafios-atuais