D.
Orani João Tempesta
Cardeal
Arcebispo do Rio de Janeiro
No último domingo de Agosto a Igreja comemora
o “Dia Nacional do Catequista”. É uma boa ocasião para refletir sobre a vocação
do catequista. “Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos
escolhi” (Jo 15,16). Catequista é ser chamado por Deus para uma importante
missão. “O chamado a SER CATEQUISTA não é algo pessoal, mas obra
divina, graça. A missão do catequista está na raiz da palavra ‘catequese’, que
vem do grego ‘katechein’ e quer dizer ‘fazer eco’”.
Catequista é aquele/la que se coloca a
serviço da Palavra, que se faz instrumento para que a Palavra ecoe. O Senhor
o/a chama para que, através da vida, da sua pessoa, da sua comunicação, a
Palavra seja proclamada, Jesus Cristo seja anunciado e testemunhado.
A Igreja deve à Catequese todo o seu passado.
É importante ressaltar a importância do catecumenato na igreja primitiva, que
iniciava, aprofundava e difundia a fé de Jesus Cristo. Era perigoso catequizar
nos inícios da Igreja por causa do risco do martírio, das perseguições, a
exclusão da sociedade, o risco de perder a liberdade por ensinar uma fé
proibida pelos poderosos da época. Quantos catequistas morreram mártires ou
vítimas das doenças em regiões inóspitas. Todos nos lembramos de nossos
catequistas que ainda hoje vão à luta, não se cansam, cumprem religiosamente o
seu ministério, e tem um amor invejável pela messe, pelos catequizandos. O
futuro da Igreja está nas mãos desses trabalhadores da fé!
Para anunciar e aprofundar a fé nesta
sociedade culturalmente hedonista, consumista, injusta, sem qualquer
espiritualidade, individualista, violenta, sem respeito pelo ser humano
necessitamos da Catequese para chegar ao coração daqueles que foram
evangelizados e se entusiasmaram pelo Cristo. O homem precisa se encontrar,
ainda mais na sua divisão interior, na sua falta de sentido, preso às cadeias
da existência. A importância do Catequista é a sua linguagem e proximidade com
as pessoas. O Catequista pode abordar o homem de hoje, entender seus problemas
e indicar um caminho de paz, serenidade, amor e alegria de viver. Mas, o
Catequista também tem um grande compromisso: de ser fiel à integralidade da
mensagem de Cristo e da sua Igreja.
Por meio da catequese, a Igreja vai exercendo
de um modo específico a “educação da fé”. Bela missão, rica de possibilidades e
também de desafios imensos! Além da catequese institucional oferecida pelas
paróquias, todos somos também chamados a ser catequistas. Ao percorrer as
atividades catequéticas nas suas mais variadas expressões e condições, segundo
as diversas realidades pessoais, culturais, geográficas e mesmo de experiência
de fé, de uma certa forma todos somos chamados a exercer essa bela e árdua
missão tanto em família, como nas comunidades e na vida pessoal.
O documento Catequese Renovada, números
144-151, apresenta um roteiro geral sobre a missão do catequista, que podemos
assim resumir: 1) O catequista exerce sua missão em nome de Deus e da
comunidade profética, em comunhão com os pastores da Igreja; 2) O catequista
anuncia a Palavra e denuncia tudo o que impede o ser humano de ser ele mesmo e
de viver sua vocação de filho de Deus, e 3) O catequista ajuda a comunidade a
interpretar criticamente os acontecimentos, a libertar-se do egoísmo e do
pecado e a celebrar sua fé na Ressurreição.
Para cumprir bem sua missão, o catequista
deve ser uma pessoa inserida na comunidade eclesial, ter um espírito de
abertura e humildade para procurar sempre crescer. É indispensável que o
catequista tenha uma experiência pessoal e comunitária da fé para que sua
missão seja frutuosa. Importante, ainda, é a participação do catequista em
cursos de capacitação, mas é necessário também que tenha consciência de ser
membro de uma equipe que trabalha para o mesmo objetivo e, por isso, deve
cultivar uma vida comum, refletir, organizar, trabalhar e avaliar junto e,
ainda, celebrar comunitariamente a fé e a missão.
Queridos Catequistas, nossas orações e
bênçãos neste último domingo do mês de agosto, mês vocacional, pois é o Dia
Nacional do Catequista. Aceitem com humildade os dons, carismas e frutos que o
Espírito Santo vos confiou. Contem sempre com a oração da Igreja. E mostrem
sempre o rosto bonito de Jesus Cristo às pessoas. Os catequistas são muitos de
milhares. Precisamos valorizar seu trabalho e ajudá-los nesta transmissão da
fé. Rezemos para que Deus sempre envie bons e santos Catequistas para a
comunidade catequética.
Fonte:
http://arqrio.org/formacao/detalhes/876/catequistas