No quarto domingo de agosto, considerado pela
Igreja o Mês Vocacional, comemora-se o Dia do Catequista. Essa é uma missão
sublime e essencial na vida da Igreja, na qual os catecúmenos, após serem
formados, recebem os Sacramentos da Iniciação Cristã, podendo assim, servir a
Deus através do chamado sacerdotal, religioso, leigo e matrimonial.
Os catequistas são aqueles que escutam a voz
do Senhor e se colocam a caminho para cumprir a última ordem de Jesus: “fazer
discípulos entre todas as nações e ensinar-lhes a observar tudo que lhes tinha
mandado” (Mt 29,19). Esses discípulos carregam a missão de educar e instruir o
povo escolhido por Deus na fé, na caridade, no amor e de edificar o Corpo de
Cristo. Tal chamado já é confirmado nos corações dos catequistas que, apesar
das dificuldades, aceitam seguir o caminho escolhido por Deus.
“Ser catequista é permitir ser um instrumento
de Deus na vida de Seus filhos e responder ao chamado de Deus”, disseram as
catequistas Aline Marques e Haidê, ambas da Paróquia São Pedro do Mar, no
Recreio.
Já Eliane Andrade, da Paróquia Santa
Margarida Maria, no Leblon, contou o que seria fundamental na vida de um
catequista.
“É importante entregar-se de todo o coração e
sentir, em todos os momentos, a presença do Espírito Santo”, concluiu.
“Como educador na fé dos irmãos, o catequista
é um devedor a todos do Evangelho que anuncia. Está aqui o ponto de partida:
ajudar àqueles que estão iniciando ou reiniciando a vida cristã a entrarem
nesta dinâmica do encontro com Cristo: a descobrirem que Ele está vivo no meio
de nós, nos vê, nos ouve, compreende, perdoa, ama e, por isso, quer ficar
conosco e nos ensinar que Ele mesmo é o caminho, a verdade e a vida”, sublinhou
a coordenadora arquidiocesana da Iniciação Cristã, irmã Lúcia Imaculada.
“O que nos move é a alegria de fazer o que
Cristo nos pede e a esperança de ver nossas crianças trabalhando por uma Igreja
renovada”, sublinharam os catequistas da Paróquia Santos Anjos, no Leblon.
A Arquidiocese do Rio possui mais de oito mil
catequistas, entre 25 e 45 anos, para os mais de 60 mil catequizandos de todas
as idades espalhados pelas 266 paróquias cariocas. Embora a maioria sejam
mulheres, o número de homens assumindo a catequese tem aumentado.
Com relação à Iniciação Cristã Infantil, irmã
Lucia destacou que muitos desafios internos e externos são enfrentados,
principalmente a dificuldade com as famílias.
“Há desafios internos, como a rotatividade de
catequistas, a resistência de alguns no planejamento em conjunto e a falta de
participação nos eventos promovidos pelos vicariatos ou em nível
arquidiocesano. Já os desafios externos incluem a dificuldade de envolver a
família dos catequizandos. Quando os valores da fé cristã são vividos por todos
os membros, a família torna-se por excelência uma comunidade catequética.
Cristo, presente na Igreja, vive também na comunidade familiar que é a Igreja
doméstica”, completou.
As catequistas Patrícia Almeida, Marta
Carneiro da Rocha e Úrsula Lobão, todas da Paróquia Santa Margarida Maria,
contam sobre a diferença de quando a criança passa a frequentar a catequese e o
comportamento da mesma nos últimos dias de encontro que antecedem a Primeira
Eucaristia, além da alegria de poder servir através do chamado vocacional.
“Tinha uma criança no grupo que, no início,
se negava a participar dos encontros e ficava com a cabeça debruçada sobre a
mesa. No final do ano, ela era uma das mais empolgadas da catequese”, lembrou
Patrícia.
“É maravilhoso ajudar as crianças a terem
esse encontro decisivo e transformador com a pessoa de Jesus Cristo. Ficamos
felizes em colaborar um pouquinho com a caminhada delas na fé”, acrescentaram
Marta e Úrsula.
A catequese de adultos ganhou força durante o
Concílio Vaticano II, o qual propôs a volta do catecumenato. Por isso, foi
criado o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), que contém vários
itinerários, com tempos e etapas celebrativas. Em 2008, o RICA foi reeditado e
a Arquidiocese do Rio o assumiu como roteiro de formação na fé. Junto ao
ritual, foi criado também o Diretório Arquidiocesano da Iniciação Cristã, que
engloba a Pastoral do Batismo, catequese especial e a iniciação de crianças,
adolescentes, jovens e adultos.
“É preciso realizar com aqueles que se
aproximam da comunidade eclesial a proposta de uma fé cada vez mais
esclarecida, celebrada e vivenciada, a fim de gerar uma resposta livre e
consciente da parte daquele a quem a Boa Nova é anunciada. Essa resposta deve
levar ao encontro vital com Jesus e a Igreja”, afirmou irmã Lucia.
O catecumenato adulto quando bem vivenciado
gera frutos que, consequentemente, produzirão ainda mais frutos para servir à
Igreja. Os catequistas Lourdes e Heraldo Braga, da Paróquia Santa Margarida
Maria, hoje colhem os frutos das sementes que foram plantadas em terra boa.
“Nossa primeira catecúmena não se sentia
capaz e confiante de trabalhar em nenhuma pastoral. Há cinco anos, conseguiu
romper essa barreira pessoal e, logo após ter recebido o Sacramento da Crisma,
foi convidada para estruturar e coordenar a Pastoral de Gestantes que, na
época, se iniciava em nossa paróquia”, disseram Lourdes e Heraldo.
Mesmo em meio às mudanças dos tempos atuais,
a Igreja jamais deixou de ser um canal de evangelização. Em meio a um século em
“crise”, Deus continua a enviar vocações e operários à Sua messe que, em meio
aos obstáculos e cansaços da vida, continuam a missão que lhe foi confiada:
fazer discípulos entre todos os povos.
“Ser discípulo de Cristo nunca foi, não é e
jamais será fácil. No entanto, através dos séculos, a Igreja jamais deixou de
cumprir a missão de evangelizar, sempre acertando o passo entre o tempo e a
eternidade. Não podemos perder o impulso missionário; a Igreja sempre lutou
contra a corrente em todos os tempos. Ser catequista é ser jardineiro de
gente”, disse a fundadora e superiora da Congregação de Nossa Senhora de Belém,
Madre Maria Helena Cavalcanti.
Testemunhos
“Iniciei em março de 2015 e realizo a missão
que o Senhor me confiou com muito amor e dedicação. Tenho 20 catequizandos na
faixa etária de 4 a 8 anos, e atuar na pré-catequese infantil é saber olhar com
os olhos de uma criança. É uma fase em que precisam de atenção e amor, pois
estão começando a conhecer Jesus. Por isso, buscamos sempre semear no coração
da criança o quanto é especial e amada por Deus, através das atividades
propostas nos encontros.
Acredito que a catequese começa em casa, na
família, no amor de Deus que partilhamos com os filhos e com todos. Por isso a
importância da evangelização com os familiares dos catequizandos para que
incentivem seus filhos no caminho da fé.”
Vânia
Gil Matos, catequista da Paróquia Santa Bárbara e Santa Cecília, em Vigário
Geral
“Ser catequista é uma missão repleta de
desafios e bênçãos. Poder plantar a semente do amor de Deus no coração das
crianças é extraordinário. Sempre penso que Cristo não me confia apenas às
crianças que passam pela catequese, mas também às famílias. Hoje sei que sou
vocacionada neste amor e que a caminhada deve ser baseada na acolhida, perseverança
e esperança. A capacitação vem com a confiança de que é Deus quem faz a obra.
Eu apenas me deixo ser um instrumento; mesmo diante da minha condição humana,
Deus é quem age. Louvado seja Deus por me conceder essa graça, e peço a bênção
para todas as catequistas. Que Ele nos guie e ilumine nosso caminho, a fim da
nossa doação ser sempre integral para sua honra e glória.”
Priscila
Cruz, catequista da Paróquia São Pedro do Mar, no Recreio
“Grande missão o Senhor nos confiou:
testemunhar, revelar o amor de Deus aos irmãos. O catequista é instrumento vivo
do qual Deus se comunica com os homens; é um educador da fé. Ser catequista é
ter consciência da imensidão dos desafios. Porém, somos animados por uma firme
certeza de que quando Deus nos chama, Ele nos capacita. Uma vida de intensa
oração e dedicação torna o catequista fonte de água viva.”
Flora
Maria Senra, coordenadora vicarial da Iniciação Cristã da Infância e do Adolescente
e atua na Paróquia São Pedro do Mar, no Recreio
“Com a finalidade de aprender sobre as
Sagradas Escrituras me inscrevi no curso bíblico e iniciei meus estudos. Foi
neste momento, desejando receber mais da Igreja, que fui chamada a servir.
Quando fui convidada para essa missão,
confesso que me considerava altamente inepta para o chamado. Acreditava que
para ser catequista tinha de ser alguém PhD em teologia. Porém, apesar das
minhas dificuldades e falta de conhecimento, queria muito ajudar. Não fazia
ideia de como seria esse trabalho de evangelização. Também não imaginava que no
serviço encontraria o que tanto desejava.
Perseverando no sim ao chamado do Pai,
através do sacerdote, posso dizer que a catequese santifica não apenas os
catequizandos, mas nós catequistas também, pois vivemos o constante exercício
de nos abandonar na mão de Deus como um pincel na mão do artista. E essa graça,
como tudo que provém de Cristo, transborda para toda a comunidade que tem em
seu seio o trabalho catequético. Amadurecer na fé e crescer na esperança
é caminho necessário para o bem maior que é a caridade, virtude maior para qual
todo batizado é vocacionado.”
Sharlene
Braga, catequista do Santuário de São Judas Tadeu, no Cosme Velho
“Ser catequista era um sonho desde mais novo,
e como eu sempre gostei muito de criança, a pré-catequese foi perfeita para
mim. Esse período tem sido maravilhoso e muito empolgante; me surpreendo cada
vez mais com as crianças. O que mais me emocionou foi o meu primeiro dia como
catequista: ver em cada criança o desejo de perguntar, o interesse, até mesmo
aquelas perguntas que não tinham a ver com o tema do encontro.”
Pedro
Sousa, catequista da Paróquia São José Operário, no Complexo da Maré
“Muitas vezes, aceitamos o convite do padre
ou de outra pessoa da paróquia com insegurança, mas por saber que é uma
necessidade da nossa Igreja e uma solicitação muito clara de Jesus, aceitamos
esse desafio que, com o passar do tempo, percebemos o quão prazeroso e
enriquecedor ele é.”
Ester
Matos, catequista da Paróquia Santa Margarida Maria, na Lagoa