Com a autorização do Papa, foi publicado na
noite de sábado, 24, o Relatório Final do XIV Sínodo ordinário sobre a Família.
Composto de 94 parágrafos, votados singularmente, o documento foi aprovado por
maioria de 2/3, ou seja, sempre com o mínimo de 177 votos. Os padres sinodais
presentes eram 265.
Segundo o Diretor da Sala de Imprensa da
Santa Sé, padre Federico Lombardi, apenas dois parágrafos obtiveram a maioria
com margem limitada e são os que se referem a situações difíceis, como a
abordagem pastoral às famílias feridas ou em situação irregular do ponto de
vista canônico e disciplinar: convivências, casamentos civis, divorciados
recasados e o caminho para se aproximar pastoralmente destes fiéis.
Indissolubilidade
matrimonial
O Relatório define a doutrina da
indissolubilidade do matrimônio sacramental como uma verdade fundada em Cristo
mas ressalva que verdade e misericórdia convergem em Cristo e, portanto,
convida ao acolhimento das famílias feridas.
Os padres sinodais reiteram que os
divorciados recasados não são excomungados e reafirmam que os pastores devem
usar o discernimento para analisar as situações familiares mais complexas. O
ponto 84 explica que a participação nas comunidades dos casais em segunda união
pode se expressar em diferentes serviços: “Deve-se discernir quais formas de
exclusão atualmente praticadas nos âmbitos litúrgico, pastoral, educativo e
institucional podem ser superadas”.
Discernimento
À situação específica dos casais em segunda
união, o ponto 86 do documento faz referência a um percurso de acompanhamento e
de discernimento espiritual com um sacerdote, “pois a ninguém pode ser negada a
misericórdia de Deus”. Neste sentido, “para favorecer e aumentar a participação
destes fiéis na vida da Igreja, devem ser asseguradas as condições de
humildade, discrição, amor à Igreja e a seu ensinamento, na busca sincera da
vontade de Deus e no desejo de dar uma resposta a ela”.
Em relação ao crescente fenômeno dos casais
que convivem antes de se casar ou depois de um matrimônio sacramental, o
relatório diz tratar-se de uma situação que deve ser enfrentada de maneira
construtiva e vista como uma oportunidade de conversão para a plenitude do
matrimônio e da família, à luz do Evangelho.
Pessoas homossexuais e
uniões homossexuais
De acordo com o relatório final, pessoas
homossexuais não podem ser discriminadas, mas a Igreja é contrária às uniões
entre pessoas do mesmo sexo. O Sínodo julga também inaceitável que as Igrejas
locais sofram pressões neste campo e que organismos internacionais condicionem
ajudas financeiras aos países pobres à introdução do “casamento” entre pessoas
do mesmo sexo.
Migrantes e refugiados
Alguns parágrafos abrangem questões dedicadas
aos migrantes, refugiados e perseguidos cujas famílias são desagregadas e
possam ser vítimas do tráfico de pessoas. Os bispos invocam o acolhimento
ressaltando os seus direitos e deveres nos países que os hospedam.
Valorizar a mulher, tutelar
crianças e idosos
Os padres sinodais condenaram a discriminação
contra mulheres em todo o mundo, incluindo a penalização da maternidade. Em
relação à violência, ressalta que “a exploração das mulheres e a violência
exercida sobre o seu corpo estão muitas vezes unidas ao aborto e à
esterilização forçada”. Pede-se também uma maior valorização da
responsabilidade feminina na Igreja, com intervenção nos processos de decisão,
participação no governo de algumas instituições e envolvimento na formação do
clero.
A respeito da reciprocidade e na
responsabilidade comum dos cônjuges na vida familiar, afirma-se que “o
crescente compromisso profissional das mulheres fora de casa não encontrou uma
adequada compensação num maior empenho dos homens no ambiente doméstico”.
Sobre as crianças, o documento entregue ao
Papa ressalta a beleza da adoção e do acolhimento temporário, que “reconstroem
relações familiares rompidas” e menciona também os viúvos, os portadores de
deficiência, os idosos e os avós, que permitem a transmissão da fé nas famílias
e devem ser protegidos da cultura do descarte. Também as pessoas não casadas
são lembradas por seu engajamento na Igreja e na sociedade.
Fanatismo, individualismo,
pobreza, precariedade no trabalho
Como sombras dos tempos atuais, o Sínodo cita
o fanatismo político-religioso hostil ao cristianismo, o crescente
individualismo, a ideologia ‘gender’, os conflitos, perseguições, a pobreza, a
precariedade no trabalho, a corrupção, os problemas econômicos que excluem
famílias da educação e da cultura, a globalização da indiferença, a pornografia
e a queda da natalidade.
Preparação ao matrimônio
O documento final reúne as propostas para
reforçar a preparação ao matrimônio, principalmente dos jovens que hoje têm
receio de se vincular. É recomendada uma formação adequada à afetividade,
seguindo as virtudes da castidade e do dom de si. Outra relação mencionada no
texto é entre a vocação à família e a vocação à vida consagrada. São também
fundamentais a educação à sexualidade e a corporeidade e a promoção da
paternidade responsável.
Família, porto seguro
Enfim, o a Relatório sublinha a beleza da
família, Igreja doméstica baseada no casamento entre homem e mulher, “porto
seguro dos sentimentos mais profundos, único ponto de conexão numa época
fragmentada, parte integrante da ecologia humana. Deve ser protegida, apoiada e
encorajada”.
Pedido ao Papa um documento
sobre a família
O documento se encerra com o pedido dos
Padres Sinodais ao Papa de um documento sobre a família, indicando a
perspectiva que ele deseja dar neste caminho.
Fonte:
http://www.renascidosempentecostes.com.br/index.php/component/k2/item/647-entenda-os-principais-pontos-do-relatorio-final-do-sinodo