Padre Elson Ferreira do Nascimento com catequistas do Vicariato Santa Cruz, em 2019
Foto: Carlos Moioli
“Padre Elson viveu seu sacerdócio com alegria, jovialidade e espontaneidade. Agora que ele terminou sua caminhada e voltou para a casa do Pai, nós o acompanhamos com nossas orações. Unimo-nos a todas as pessoas que sofrem nesta pandemia com a perda de seus familiares. Enquanto Igreja somos chamados em ver a presença de Deus entre nós que conduz a nossa vida”. Foi o que disse o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, ao iniciar a missa em sufrágio da alma do padre Elson Ferreira do Nascimento, realizada no dia 24 de março, na Paróquia São João Evangelista, em Oswaldo Cruz, onde era pároco.
Na tarde deste mesmo dia, padre Elson foi sepultado no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na quadra dos padres da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos São Pedro. Internado no Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, padre Elson descansou no Senhor em 23 de março, às 17h15, após três paradas cardíacas em consequência da Covid-19. Ele tinha 57 anos de idade e 25 anos de sacerdócio. “Há menos de um ano, padre Elson assumiu a Paróquia São João Evangelista e, mesmo com as limitações da pandemia, levou adiante o trabalho pastoral com muita alegria.
No ano passado, celebrou, junto com a sua turma, o jubileu de 25 anos de sacerdócio. Agora, nesta Eucaristia, ao entregar a alma do padre Elson ao Senhor, agradecemos sua vida e missão, na certeza que ele irá contemplar aqu’Ele que ele anunciou pela fé durante seu sacerdócio”, disse o arcebispo.
AMIZADE FRATERNA
O ministério do padre Elson foi mundo fecundo. Quem o conheceu ou conviveu com ele sempre tem um fato para contar. O pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Padre Miguel, padre Adriano José Gomes Divino, contou que conheceu padre Elson em 2003, quando ele chegou à sua paróquia de origem, a Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz. “Padre Elson foi nomeado vigário paroquial na época em que padre Roberto José Pinto era o pároco. Eu atuava como cerimoniário e estava no período de discernimento vocacional. Nos oito meses que ele permaneceu, antes de ser transferido como administrador da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Jardim Palmares, em Paciência, foi suficiente para estreitar os laços de amizade, de carinho, de respeito.
Com suas celebrações, aconselhamentos, direção espiritual e confissões, fiz uma verdadeira experiência com Deus através de seu sacerdócio”, disse. Padre Adriano Divino acrescentou que esteve no sepultamento do padre Elson para se despedir e agradecer a Deus pelo que ele realizou como padre, pastor, pai. “Ele contribuiu muito com minha decisão de dar um ‘sim’ generoso a Deus através de seu sacerdócio. Devo muito a ele. Fica minha gratidão, meu carinho e as minhas orações. Agora, no céu, com a mesma alegria que sempre caracterizou sua vida, estará intercedendo por nós”, concluiu.
AMIGO FELIZ
O capelão da Irmandade Nossa Senhora da Penna, em Jacarepaguá, padre Henrique Ney Soares Martins, contou que é muito difícil traçar o perfil do amigo padre Elson. Eles estudaram juntos no Seminário São José e juntos foram ordenados.
“Ele soube verdadeiramente carregar a cruz, pois não foram poucas as provações, superando as mesmas com espírito de oração e resignação. Guardo boas lembranças, sempre fazia questão de marcar o retiro do clero em que estivesse padre Rogério Félix e eu. Assim tínhamos oportunidade de nos encontrar.
Mesmo um pouco fechado, mas sempre feliz”, disse padre Henrique Ney, acrescentando: “Que Deus acolha no céu”.
DEDICADO PASTOR
Segundo o padre Rogério Heleno Pereira Félix, vigário episcopal do Vicariato Suburbano, padre Elson é oriundo do bairro de Bangu, especificamente do Catiri, Vicariato Episcopal Oeste. Eles entraram no Grupo Vocacional (GVJ) em 1984, e no ano seguinte foram admitidos no seminário menor. “Após o curso de filosofia e teologia, fomos ordenados sacerdotes por Dom Eugenio de Araujo Sales, em 1995.
Cada um seguiu no seu ministério, vivendo a solicitude da missão que nos foi confiada, mas sempre compartilhamos os desafios do nosso ministério”, disse padre Rogério. “Entusiasmado pela formação dos leigos, padre Elson foi um dedicado pastor por onde passou como pároco. Viveu em tudo a sua entrega a Cristo e a sua Igreja.
Destacava-se por uma ironia sutil, saudável e inteligente, era amado por todos os sacerdotes de nossa arquidiocese”, destacou padre Rogério, acrescentando: “peço ao Senhor que lhe dê a recompensa dos justos. Cremos na Ressurreição, e é isso que deve nos consolar. Descanse em paz meu amigo e irmão. Sentiremos a sua falta”.
MINISTÉRIO FECUNDO
“Partiu para a Casa do Pai mais um amigo de turma. Padre Elson, que carinhosamente chamávamos de Catiri, precocemente faz a sua páscoa”, disse o pároco da Paróquia Salvador do Mundo, em Guaratiba, padre Marcelo da Silva Lessa.
“Resiliência, superação, incompreensão, determinação e luta são algumas das palavras com as quais eu resumiria a trajetória deste sacerdote desde o seminário menor.
Agradeço pelo excelente trabalho que ele realizou na catequese dos vicariatos Santa Cruz e Campo Grande e pelos diversos frutos de seu ministério. Descanse em paz, irmão”, acrescentou padre Marcelo Lessa.
Carlos Moioli
Fonte: Jornal Testemunho de Fé, edição 28 de março a 03 de abril de 2021, página 13