D. Orani João Tempesta
Cardeal Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro
A Igreja vê com grande importância o anúncio da Palavra de Deus, e a catequese está em sua essência evangelizadora. Por isso, ela sempre se preocupou em formar catequistas para que, com experiência, possam transmitir aos catecúmenos a mensagem do Evangelho.
A Igreja está atenta, sobretudo, na transmissão do Evangelho a esses catecúmenos com o anúncio do querigma, ou seja, por meio da apresentação de Jesus Cristo para que esses, tornando-se cristãos, permaneçam sempre firmes na fé. O Sacramento do Batismo é o primeiro sacramento que recebemos na nossa vida de fé, é a porta de entrada para os sacramentos e para a vida na Igreja. Por meio dele somos chamados de “Filhos de Deus”. Ele faz parte do ciclo dos sacramentos da iniciação cristã, por isso é tão importante a sua preparação, que possui também a finalidade de que aqueles que receberam o Batismo permaneçam firmes na fé para receberem a Eucaristia e a Crisma, que significa assumir com maturidade a fé que recebemos no Batismo.
Desse modo, a Igreja se compromete na preparação desses catequistas que devem, de maneira especial, ser fiéis batizados, leigos e leigos, com o mandato de anúncio do Evangelho. Todo batizado, com a vocação universal à santidade, é chamado a ser discípulo missionário de Jesus Cristo e a levar a Boa Nova do Evangelho a todas as pessoas, cumprindo o que Jesus pediu aos apóstolos: “Ide por todo mundo e a todos pregai o Evangelho”. A Igreja se preocupa também na formação dos padres para que estes sejam por excelência os catequistas em suas comunidades. Os bispos, como sucessores dos apóstolos, são chamados a levar adiante a propagação da Palavra de Deus, e os diáconos, que são “ministros da Palavra”, chamados por Deus a levar a sua Palavra aos doentes e marginalizados.
A Palavra de Deus chegou até nós por meio da Palavra revelada por Jesus, que é a Palavra encarnada do Pai, que Deus enviou como revelação do Seu amor para conosco.
Através da catequese nos colocamos em comunhão com Jesus Cristo e conhecemos a sua intimidade e a relação de “amor” da Santíssima Trindade. Aprofundamos a nossa comunhão com Ele e desejamos participar dos sacramentos deixados por Deus. De certa forma fazemos o caminho catecumenal para que possamos entender o porquê estamos nos preparando para receber os sacramentos. A comunidade paroquial deve ser a semelhança da Santíssima Trindade, essa comunhão de “amor” entre os paroquianos.
A formação catequética se dá de maneira diferente em cada cultura; ela deve se adequar ao local, seja o país ou estado na qual a Igreja está inserida. Deve-se usar dinâmicas para que todos participem e, é claro, não deve faltar o estudo da Palavra de Deus.
A formação catequética deve ser permanente, iniciando na preparação para o Batismo e continuando a vida inteira, passando pela preparação para receber a Eucaristia e a Crisma. A catequese ajuda a aprofundar o conhecimento dos mistérios que estão por detrás dos sacramentos, sobretudo da celebração eucarística. A catequese ajuda a celebrá-los, vivê-los e entendê-los na nossa vida de fé. Para poder participar vivamente e não como meros espectadores que estão ali sem entender nada.
A catequese nos dá a formação moral nos ensinando a evitar aquilo que desagrada a Deus, optando pelo caminho do bem e não do mal. A catequese nos educa liturgicamente a como se comportar em uma celebração eucarística e nos prepara para a vida comunitária, participando dos mistérios da Santíssima Trindade junto com os demais membros da comunidade. A catequese nos ajuda a entender a importância da missão na vida da Igreja e nos inspira a preparar também outras pessoas para seguirem Jesus, que é o caminho, a verdade e a vida.
Jesus Cristo é a Palavra de Deus
Na celebração eucarística participamos de duas grandes mesas: a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia, tendo sempre como centro Jesus Cristo, por isso, antes de mais nada, a Palavra transmitida pela catequese é cristocêntrica. Os evangelhos narram a vida de Jesus, por isso estão no centro da mensagem catequética, que é o estudo aprofundado do Evangelho.
A mensagem evangélica sobretudo anuncia a “Salvação” querida por Deus em Jesus Cristo, pois a Palavra de Deus é Palavra de Salvação, e aqueles que se encontram caídos e perdidos, por meio da transmissão da Palavra são convidados a se levantar, a se encontrar e fazer parte da missão da Igreja.
Aquilo que está contido na Palavra de Deus é aquilo que a Igreja professa como Fé. Na Palavra de Deus estão contidos os símbolos apostólicos e os sacramentos que nos fazem caminhar e acreditar no amor misericordioso de Deus por nós.
Por meio do Catecismo da Igreja Católica os catequistas podem tomar como base o ensinamento da Igreja vindo do Magistério e aquilo que orienta a nossa vida de fé enquanto cristãos. O Catecismo presta um serviço eclesial à Igreja.
Tudo aquilo que aprendemos na catequese levamos para o resto da nossa vida, pois faz surgir no homem as esperanças e os anseios por dias melhores e faz crescer a fé que deve ser sempre alimentada pela Palavra de Deus. Cabe aos catequizandos não guardar para si aquilo que recebem, mas transmitir aos outros. A Palavra de Deus nos torna pessoas melhores e responsáveis pelas nossas coisas e pelas coisas de Deus.
Portanto, a Palavra de Deus e a catequese sempre vão caminhar juntas e tendo fundamentalmente como objetivo ser o alimento para fortalecer todos aqueles que dela necessitam; essa Palavra nos encoraja para a missão, para não deixar nunca que essa Palavra “morra”, mas sempre continue viva e eficaz na vida da Igreja.
A catequese e a transmissão da fé são aspectos permanentes na vida da Igreja, e o são para a vida toda; podem começar quando somos crianças ou somente quando já estamos na fase adulta, mas sempre é tempo para optar pelos caminhos de Deus e crescer na fé.
Que Deus auxilie todos os catequistas e catequizandos a continuarem firmes em sua missão de ensinar e aprender, dando sempre testemunho de que são propagadores da Palavra de Deus.
Que o novo Diretório para a Catequese, promulgado em 23 de março de 2020 e tornado público pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização no dia 25 de junho de 2020, produza muitos frutos em toda a ação da Igreja que peregrina pelo mundo!