Pe.
Vitor Gino Finelon
Professor
das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida
O Ano Litúrgico começa com a celebração do
primeiro domingo do Advento. Celebrando a memória do mistério pascal de Jesus
Cristo, no arco anual, entramos em comunhão com os eventos da história
salvífica, desde a esperança da vinda do Senhor até a consumação escatológica
do Reino de Deus. A temática central desenvolvida na liturgia da palavra da
celebração eucarística é a expectativa da Parusia e, a consequente, atenção e
preparação requerida dos discípulos para receber “aquele que vem”. Assim,
vivendo neste mundo o mandamento do amor, os cristãos aguardam a vitória final
e a plenitude da vida.
De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus,
no final de seu ministério, fez um grande discurso escatológico (cf. Mt 24; Mc
13; Lc 21). O texto evangélico apresentado neste domingo é uma parte desse
discurso na narrativa de Mateus: Mt 24,37-44. Ele está estruturado em dois
momentos: uma analogia entre o tempo do dilúvio e o dia da vinda do Filho do
Homem (cf. Mt 24,37-41) e a imagem da entrada de um ladrão na casa de um homem
(cf. Mt 24,42-44). O primeiro ponto trata da necessidade de levar a sério o anúncio
do retorno do Senhor e o segundo, o fato do desconhecimento do dia certo da sua
chegada.
O dia da vinda do Filho do homem será como
foram os dias de Noé. Nesses dias, as pessoas davam mais atenção às suas
necessidades físicas (comer e beber) e emocionais (casar-se) do que a sua
dimensão espiritual (anúncio da purificação da humanidade através das águas do
dilúvio). Eles reduziram a vida humana apenas ao nutrir-se e ao reproduzir-se,
descurando da mensagem divina de conversão. Por isso, a sentença tão dura de
Jesus: “E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (Mt
24,39). A mesma coisa, todavia, pode voltar a acontecer por ocasião da vinda
escatológica do Senhor. Nas vicissitudes da vida, acaba por ocorrer uma
desvirtuação das dimensões humanas na qual a vida se limita aos bens básicos e
onde, ainda, se negligencia a espiritualidade.