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domingo, 30 de maio de 2021

Papa no Domingo da Santíssima Trindade: viver a unidade, mesmo na diferença

 

Francisco, na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, refletiu sobre a unidade invocada por Jesus que não pode ser ignorada: "a beleza do Evangelho requer ser vivida e testemunhada em harmonia entre nós, que somos tão diferentes!". E essa unidade, esse mistério imenso revelado pelo próprio Jesus, acrescentou o Pontífice, "não é uma atitude, uma forma de dizer", mas "é essencial porque nasce do amor" de Deus que, "embora seja um e único, não é solidão, mas comunhão".

Num domingo (30) de tempo instável na Cidade do Vaticano, diferente dos dias quentes e anteriores de primavera na Europa, o Papa Francisco aqueceu os corações dos fiéis no Angelus ao refletir a liturgia do dia em que se celebra a Santíssima Trindade, "o mistério de um único Deus, e esse Deus é: o Pai e o Filho e o Espírito Santo, três pessoas". O Pontífice disse que pode ser difícil de entender, mas "é um só deus e três pessoas", um mistério revelado pelo próprio Jesus Cristo:

Hoje paramos para celebrar esse mistério, porque as Pessoas não são adjetivações de Deus, não. São pessoas, reais, diversas, diferentes. Não são - como dizia aquele filósofo - 'emanações de Deus', não, não! São pessoas. Há o Pai, a quem rezo com o Pai Nosso, que me deu a redenção, a justificação; há o Espírito Santo que habita em nós e que habita na Igreja.

Esse é um grande mistério que fala "ao nosso coração", insistiu o Papa, porque o encontramos incluído na expressão de São João que resume toda revelação: "Deus é amor". Um mistério que deve ser vivido por nós, fortalecendo a nossa comunhão com o Senhor e com as pessoas com as quais convivemos, não só através das palavras, mas com a força da unidade e do amor:

“E, na medida em que é amor, Deus, embora seja um e único, não é solidão, mas comunhão, entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Porque o amor é essencialmente dom de si e, na sua realidade original e infinita, é Pai que se entrega gerando o Filho, que por sua vez se entrega ao Pai, e o seu amor recíproco é o Espírito Santo, vínculo da sua unidade.”
A unidade ao cristão que nasce do amor

O Papa, assim, refletiu sobre a importância deste Domingo da Santíssima Trindade nos encorajando a "contemplar esse maravilhoso mistério de amor e de luz", sem ignorar a unidade invocada por Jesus: "a beleza do Evangelho requer ser vivida - a unidade - e testemunhada em harmonia entre nós, que somos tão diferentes!".

“E essa unidade, eu ouso dizer, é essencial para o cristão: não é uma atitude, uma forma de dizer, não. É essencial, porque é a unidade que nasce do amor, da misericórdia de Deus, da justificação de Jesus Cristo e da presença do Espírito Santo nos nossos corações.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-05/papa-francisco-angelus-30-maio-2021-santissima-trindade.html

sábado, 29 de maio de 2021

Papa Francisco encerra maratona de oração na próxima segunda-feira, 31 de maio, nos jardins do Vaticano


Nos Jardins do Vaticano, diante da imagem Nossa Senhora Desatadora de Nós à qual é muito devoto, o Papa Francisco elevará sua oração recitando o Terço no dia 31 de maio. Uma oração que será expressa em particular nas cinco intenções que dizem respeito aos tantos nós a serem desatados, agora firmemente unidos à humanidade, especialmente neste tempo de pandemia.

É assim que na próxima segunda-feira à tarde se encerrará o mês mariano e a maratona de oração que começou na Basílica Vaticana e uniu o mundo através do Terço recitado todos os dias com uma intenção específica em 30 Santuários em todos os cinco continentes. É uma oração destinada sobretudo a invocar o fim da pandemia e o reinício das atividades.

O primeiro nó a desenodoar é o dos “relacionamentos feridos, da solidão e da indiferença, que se tornaram mais profundos nestes tempos”. O segundo nó é dedicado ao desemprego, “com particular atenção ao desemprego juvenil, desemprego feminino, desemprego dos pais de família e daqueles que estão tentando defender seus empregados”. O terceiro é representado pelo “drama da violência, em particular a que irrompe na família, no lar, contra as mulheres ou explodiu nas tensões sociais geradas pela incerteza da crise”.

O quarto nó se refere ao “progresso humano, que a pesquisa científica é chamada a apoiar, compartilhando descobertas para que sejam acessíveis a todos”, especialmente aos mais frágeis e pobres. O quinto nó a ser desatado é o do cuidado pastoral, para que “as Igrejas locais, paróquias, oratórios, centros pastorais e de evangelização possam redescobrir entusiasmo e novo impulso em toda a vida pastoral” e “os jovens possam se casar e construir uma família e um futuro”.

A celebração do Terço começará com uma solene procissão, guiada pelo bispo de Augsburg, que levará o ícone a um lugar especial nos Jardins do Vaticano, que para a ocasião se tornará um verdadeiro Santuário ao ar livre. Acompanhando a procissão estarão as crianças que receberam sua primeira comunhão de uma paróquia de Viterbo, adolescentes crismados da paróquia de São Domingos de Guzmán, um grupo de escoteiros de Roma, algumas famílias e por alguns religiosos representando todo o povo de Deus.

Os jovens da Associação SS. Pedro e Paulo carregarão o ícone de Nossa Senhora, com a Guarda Suíça e a Gendarmaria do Vaticano como guarda de honra. A procissão será animada pelo coro da diocese de Roma e pela Banda de Arcinazzo Romano. Os jovens da Ação Católica, algumas famílias de recém-casados e uma família de surdos onde nasceu uma vocação religiosa, se unirão à oração.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil transmitirá, em suas redes sociais, o fechamento da maratona de oração no mês mariano e os santuários pelo mundo no 31 de maio, com a presença do Papa Francisco nos jardins do Vaticano, com tradução da transmissão para o português pelo jornalista Silvonei Protz, do VaticanNews. O horário de transmissão será a partir das 12h55 no horário de Brasília (18h do Vaticano). A iniciativa está sendo realizada à luz da expressão bíblica: “De toda a Igreja subia incessantemente a oração a Deus” (At 12,5).

A experiência da maratona de oração
A “maratona” do Terço no mês de maio começou com a oração do Papa diante do ícone de Nossa Senhora do Socorro na Basílica de São Pedro, continuando em 30 Santuários ao redor do mundo, e se conclui com esta cerimônia. Muitos testemunhos relatam uma iniciativa que foi recebida com entusiasmo e envolvimento. Da simplicidade do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes em Nyaunglebin, em Mianmar, à solenidade de Nuestra Señora de Montserrat, na Espanha, à grande participação do povo nos Santuários da África, Índia e Coreia: estes são apenas alguns exemplos significativos do envolvimento que teve lugar.

O Santuário Nacional de Aparecida representou o Brasil na “maratona” de oração convocada pelo Papa Francisco pelo fim de pandemia durante o mês de maio, no dia 6 de maio, com a oração do terço será rezada nesta intenção na Basílica de Aparecida (SP). A oração em Aparecida focou nos jovens. Eles terão participaram ativamente na cerimônia, realizando as orações que compõem o terço. A cerimônia foi presidida pelo arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, com canções executadas por músicos do Projeto de Educação Musical do Santuário de Aparecida (PEMSA), um dos projetos sociais mantidos pelo Santuário Nacional.

A iniciativa foi muito apreciada por sua simplicidade e, ao mesmo tempo, pelo profundo senso de comunhão com a Igreja e com o Papa Francisco. Ao acompanhar as transmissões ao vivo pela mídia, foi possível a milhões de pessoas rezar o terço todos os dias, da forma como cada cultura e cada país o expressa naturalmente.

Acompanhe ao vivo, a partir das 13h:

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Fonte: https://www.cnbb.org.br/papa-francisco-encerra-maratona-de-oracao-na-proxima-segunda-feira-31-de-maio-nos-jardins-do-vaticano/

terça-feira, 11 de maio de 2021

Papa institui o Ministério de Catequista

 

Foi publicado nesta terça-feira (11) o Motu proprio "Antiquum ministerium" com o qual Francisco institui o ministério de catequista: uma necessidade urgente para a evangelização no mundo contemporâneo, a ser realizada sob forma secular, sem cair na clericalização.


"Fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente" são "as condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo": assim escreve o Papa Francisco no Motu proprio "Antiquum ministerium" - assinado ontem, 10 de maio, memória litúrgica de São João de Ávila, presbítero e doutor da Igreja - com o qual institui o ministério de catequista. No contexto da evangelização no mundo contemporâneo e diante da "imposição de uma cultura globalizada", de fato, "é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude de seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese". Além disso o Pontífice enfatiza a importância de "um encontro autêntico com as gerações mais jovens", como também "a necessidade de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária da Igreja".

Um novo ministério, mas com origens antigas
O novo ministério tem origens muito antigas que remontam ao Novo Testamento: de forma germinal, é mencionado, por exemplo, no Evangelho de Lucas e nas Cartas de São Paulo Apóstolo aos Coríntios e aos Gálatas. Mas "toda a história da evangelização nestes dois milênios", escreve o Papa, "manifesta com grande evidência como foi eficaz a missão dos catequistas", que asseguraram que "a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano", chegando ao ponto de "até dar a sua vida" para este fim. Por isso desde o Concílio Vaticano II tem havido uma crescente consciência de que "a tarefa do catequista é da maior importância", bem como necessária para o "desenvolvimento da comunidade cristã". Ainda hoje, continua o Motu Proprio, "muitos catequistas competentes e perseverantes" realizam "uma missão insubstituível na transmissão e no aprofundamento da fé", enquanto uma "longa série" de beatos, santos e mártires catequistas "marcaram a missão da Igreja", constituindo "uma fonte fecunda para toda a história da espiritualidade cristã".



Transformar a sociedade através dos valores cristãos
Sem diminuir em nada a "missão própria do bispo, o primeiro catequista na sua diocese", nem a "responsabilidade peculiar dos pais" quanto à formação cristã de seus filhos, portanto, o Papa exorta a valorizar os leigos que colaboram no serviço da catequese, indo ao encontro "dos muitos que esperam conhecer a beleza, a bondade e a verdade da fé cristã". É tarefa dos Pastores - destaca ainda Francisco - reconhecer "ministérios laicais capazes de contribuir para a transformação da sociedade através da penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico".

Evitar formas de clericalização
Testemunha da fé, mestre, mistagogo, acompanhante e pedagogo, o catequista - explica o Pontífice - é chamado a exprimir a sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé desde o primeiro anúncio até a preparação para os sacramentos da iniciação cristã, incluindo a formação permanente. Mas tudo isso só é possível "através da oração, do estudo e da participação direta na vida da comunidade", para que a identidade do catequista se desenvolva com "coerência e responsabilidade". Receber o ministério laical de catequista, de fato, "imprime uma acentuação maior ao empenho missionário típico de cada batizado". E deve ser desempenhado - recomenda Francisco - "de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização".

Congregação para o Culto Divino publicará Rito de Instituição
O ministério laical de catequista também tem "um forte valor vocacional" porque "é um serviço estável prestado à Igreja local" que requer "o devido discernimento por parte do bispo" e um Rito de Instituição especial que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicará em breve. Ao mesmo tempo - assinala o Pontífice - os catequistas devem ser homens e mulheres "de fé profunda e maturidade humana"; devem participar ativamente da vida da comunidade cristã; devem ser capazes de "acolhimento, generosidade e uma vida de comunhão fraterna"; devem ser formados do ponto de vista bíblico, teológico, pastoral e pedagógico; devem ter amadurecido a prévia experiência da catequese; devem colaborar fielmente com os presbíteros e diáconos e "ser animados por um verdadeiro entusiasmo apostólico".

O convite do Papa para as Conferências Episcopais
Por fim, o Papa convida as Conferências Episcopais a "tornarem realidade o ministério de catequista", estabelecendo o iter formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais coerentes para o serviço e em conformidade com o Motu proprio que poderá também ser recebido, "com base no próprio direito particular", pelas Igrejas Orientais.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-05/papa-motu-propio-catequistas-ministerio-antiquum-ministerium.html

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Francisco estabelece ministério de catequista


A Sala de Imprensa do Vaticano anunciou que na terça-feira, 11 de maio, será apresentado à mídia o Motu proprio "Antiquum ministerium". Já em 2018, o Papa havia falado da necessidade de dar a este serviço uma dimensão institucional na Igreja

O Papa tinha este tema em seu coração já há alguns anos, falou sobre isso na vídeo-mensagem aos participantes de uma conferência internacional sobre o tema, em 2018, quando declarou categoricamente que "o catequista é uma vocação". "Ser catequista, esta é a vocação, não trabalhar como catequista".

E depois acrescentava "esta forma de serviço que se realiza na comunidade cristã" deveria ser reconhecida "como um verdadeiro e genuíno ministério da Igreja". A convicção amadureceu e tomou a forma do Motu proprio Antiquum ministerium que será apresentado na próxima terça-feira (11/05) na Sala de Imprensa do Vaticano, com a presença do Arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e Dom Franz-Peter Tebartz-van Elst, delegado para a Catequese do dicastério.

Na linha de frente
O Motu proprio, portanto, estabelecerá formalmente o ministério de catequista, desenvolvendo a dimensão evangelizadora dos leigos desejada pelo Concílio Vaticano II. Um papel ao qual, disse Francisco na vídeo-mensagem, cabe a responsabilidade do "primeiro anúncio". Em um contexto de "indiferença religiosa - o Papa havia indicado - sua palavra será sempre o primeiro anúncio, que atinge os corações e mentes de tantas pessoas que estão esperando para encontrar Cristo".

Uma dimensão comunitária
Um serviço a ser vivido com intensidade de fé e em dimensão comunitária, como foi sublinhado em 31 de janeiro passado na audiência aos participantes do encontro promovido pelo Departamento Catequético Nacional da Conferência Episcopal Italiana. " Este é o momento – disse o Papa - de ser artífices de comunidades abertas que sabem valorizar os talentos de cada um. É o tempo para as comunidades missionárias, livres e abnegadas, que não procuram relevância nem vantagem, mas que percorrem os caminhos do povo do nosso tempo, inclinando-se sobre os que estão à margem.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-05/papa-francisco-catequista-ministerio.html

domingo, 25 de abril de 2021

Mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

 



«São José: o sonho da vocação»


Queridos irmãos e irmãs!

No dia 8 de dezembro passado, teve início o Ano especial dedicado a São José, por ocasião do 150º aniversário da declaração dele como Padroeiro da Igreja universal (cf. Decreto da Penitenciaria Apostólica, 8 de dezembro de 2020). Da parte minha, escrevi a carta apostólica Patris corde, com o objetivo de «aumentar o amor por este grande Santo» (concl.). Trata-se realmente duma figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós» (introd.). São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus.

Deus vê o coração (cf. 1 Sam 16, 7) e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto mesmo que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias. O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto mesmo têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida. São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo ao pé da porta; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho.

A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um. A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efémeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se pedíssemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se dá, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, muito nos tem a dizer São José, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom.

Os Evangelhos falam de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Apesar de serem chamadas divinas, não eram fáceis de acolher. Depois de cada um dos sonhos, José teve de alterar os seus planos e entrar em jogo para executar os misteriosos projetos de Deus, sacrificando os próprios. Confiou plenamente. Podemos perguntar-nos: «Que era um sonho noturno, para o seguir com tanta confiança?» Por mais atenção que se lhe pudesse prestar na antiguidade, valia sempre muito pouco quando comparado com a realidade concreta da vida. Todavia São José deixou-se guiar decididamente pelos sonhos. Porquê? Porque o seu coração estava orientado para Deus, estava já predisposto para Ele. Para o seu vigilante «ouvido interior» era suficiente um pequeno sinal para reconhecer a voz divina. O mesmo se passa com a nossa vocação: Deus não gosta de Se revelar de forma espetacular, forçando a nossa liberdade. Transmite-nos os seus projetos com mansidão; não nos ofusca com visões esplendorosas, mas dirige-Se delicadamente à nossa interioridade, entrando no nosso íntimo e falando-nos através dos nossos pensamentos e sentimentos. E assim nos propõe, como fez com São José, metas elevadas e surpreendentes.

sábado, 13 de março de 2021

Oito anos com o Papa Francisco: levar a alegria do Evangelho ao mundo inteiro

 

Em 13 de março de 2013, o Cardeal Jorge Mário Bergoglio foi eleito à Cátedra de Pedro: primeiro Papa jesuíta e americano e o primeiro com o nome de Francisco. Estes oito anos de Pontificado foram caracterizados por iniciativas e reformas, para envolver todos os cristãos em um novo impulso missionário, com o intuito de levar o amor de Jesus a toda a humanidade

“Proximidade, Assembleias Sinodais e impulso missionário”: eis as bases fundamentais do Pontificado de Francisco, eleito há oito anos como Sucessor de Pedro.

A perspectiva do seu Pontificado partiu de baixo, com uma maior atenção às "periferias" existenciais e geográficas do mundo, como ponto de partida do seu modo de ser e agir. Ao convidar os fiéis a retomar "o frescor original do Evangelho", pediu-lhes um maior fervor e dinamismo, para que o amor de Jesus pudesse chegar realmente a todos. A Igreja que Bergoglio queria era uma Igreja “em saída”, de portas abertas, um hospital de campanha, sem temer a “revolução da ternura e o milagre da delicadeza”.

Novidades e a “Evangelii gaudium”, um texto programático do Pontificado
Jorge Mário Bergoglio foi o primeiro Papa a escolher o nome de “Francisco": primeiro Jesuíta, de origens latino-americanas, mas também o primeiro Pontífice, dos tempos modernos, eleito após a renúncia do seu antecessor. Francisco começou o seu Pontificado marcado pela novidade. A mais importante foi a de celebrar Missas diárias na Casa Santa Marta, onde decidiu morar, ao invés da Residência Apostólica. Esta foi mais uma novidade! Em suas breves homilias, pronunciadas com rigor e estilo de pároco, buscou estabelecer um diálogo direto com os fiéis, exortando-os a um confronto imediato com a Palavra de Deus.

No mesmo ano da sua eleição, Francisco surpreendeu a todos com a publicação de uma Exortação apostólica “Evangelii gaudium”: um verdadeiro “texto programático” do seu primeiro Pontificado. No documento, o Papa exorta a uma “nova Evangelização”, caracterizada pela alegria, bem como à reforma das estruturas eclesiais e à conversão do Papado, para que sejam mais missionárias e próximas do sentido desejado por Jesus. Ainda em 2013, o Papa instituiu um "Conselho de Cardeais" para estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica "Pastor bonus", sobre a Cúria Romana, que remonta ao ano de 1988.

A família
A família foi o foco central da pastoral do Papa Francisco, em 2014, à qual dedicou um Sínodo extraordinário. Para o Pontífice, a sociedade individualista contemporânea agride duramente a família, colocando em risco os direitos dos filhos e dos pais, sobretudo no âmbito da educação moral e religiosa. O tema da família teve seu ápice na Exortação Apostólica "Amoris Laetitia", em 8 de abril de 2016, na qual Francisco destacou a importância e a beleza da família, com base no matrimônio indissolúvel entre o homem e a mulher; o documento trata, com realismo, das fragilidades de algumas pessoas, que se divorciam e casam de novo, incentivando os pastores ao discernimento.

Do ponto de vista das reformas, em 2014, foi muito significativa a instituição da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, que tem o objetivo de propor iniciativas ao Pontífice sobre “a promoção e a responsabilidade das Igrejas particulares em relação à proteção de todos os menores e adultos vulneráveis”.

Sobre a ação diplomática, o ano de 2014 foi caracterizado por duas grandes iniciativas do Papa Francisco: primeiro, a "Invocação pela Paz" na Terra Santa, em 8 de junho, nos Jardins do Vaticano, junto com os Presidentes de Israel, Shimon Peres, e o da Palestina, Mahmoud Abbas; segundo, o restabelecimento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba.

domingo, 7 de março de 2021

O Papa na terra de Abraão: terrorismo trai a religião. A paz não exige vencedores nem vencidos

Na cidade de Ur, Francisco reúne-se com líderes religiosos para uma mensagem comum de paz: "Quem acredita em Deus não tem inimigos para combater". A verdadeira religiosidade é adorar a Deus e amar o próximo.


Na terra de Abraão, na planície de Ur, realizou-se na manhã deste sábado um dos eventos mais aguardados da viagem do Papa Francisco ao Iraque.

Judeus, cristãos, muçulmanos e representantes de outras religiões se reuniram para rezar e regressar aos primórdios da obra de Deus junto à humanidade. A cidade, de fato, é citada na Bíblia e é indicada como o local de nascimento de Abraão e onde o Patriarca das religiões monoteístas falou pela primeira vez com o Criador.

Depois de ouvir cantos, e o testemunho de homens e mulheres, o Pontífice pronunciou um discurso que mais parece uma poesia, que remete ao diálogo narrado no Livro do Gênesis, quando Deus pediu a Abraão que levantasse os olhos para o céu e contasse as estrelas.

A nossa função primeira é esta, disse o Papa: ajudar os nossos irmãos e irmãs a elevarem o olhar e a oração para o Céu.

“Erguemos os olhos ao Céu para nos elevarmos das torpezas da vaidade; servimos a Deus, para sair da escravidão do próprio eu, porque Deus nos impele a amar. Esta é a verdadeira religiosidade: adorar a Deus e amar o próximo.”

Traições da religião
Uma característica de Deus que Francisco continuamente ressalta é a misericórdia de Deus, portanto “a ofensa mais blasfema é profanar o seu nome odiando o irmão”.

“Hostilidade, extremismo e violência não nascem dum ânimo religioso: são traições da religião. E nós, crentes, não podemos ficar calados, quando o terrorismo abusa da religião. Antes, cabe a nós dissipar com clareza os mal-entendidos. Não permitamos que a luz do Céu seja ocultada pelas nuvens do ódio!”

O Pontífice rezou por todas as vítimas do terrorismo, citando mais uma vez – como fez no discurso às autoridades – a comunidade yazidi.

“O Céu não se cansou da terra: Deus ama cada povo, cada uma das suas filhas e cada um dos seus filhos! Nunca nos cansemos de olhar para o céu, de olhar para estas estrelas.”
Deus não é contra ninguém, mas é por todos

Mas é da terra que se olha para o céu e é aqui que somos chamados a percorrer juntos sendas de paz. Não nos salvará a idolatria do dinheiro nem o consumismo, mas somente a partilha e o acolhimento. Não haverá paz enquanto se olhar os outros como um "eles", e não como um "nós".

Uma antiga profecia diz que os povos "transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices" (Is 2, 4). Esta profecia não se realizou; antes, espadas e lanças tornaram-se mísseis e bombas. E a vizinha Síria é um exemplo disto.

O caminho para a paz, apontou Francisco, começa na renúncia a ter inimigos. “Quem tem a coragem de olhar as estrelas, quem acredita em Deus, não tem inimigos para combater.” Deus não pode ser contra ninguém, mas por todos.

“Cabe a nós instar fortemente os responsáveis das nações para que a proliferação crescente de armas ceda o lugar à distribuição de alimentos para todos.” A vida humana vale pelo que é e não pelo que tem, recordou o Pontífice, que concluiu reafirmando um propósito:

“Nós, irmãos e irmãs de diversas religiões, encontramo-nos aqui, em casa, e a partir daqui, juntos, queremos empenhar-nos para que se realize o sonho de Deus: que a família humana se torne hospitaleira e acolhedora para com todos os seus filhos; que, olhando o mesmo céu, caminhe em paz sobre a mesma terra.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-03/papa-francisco-ur-abraao-encontro-inter-religioso-viagem-iraque.html

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O Papa: quem não segue o Concílio não está com a Igreja

 

Um forte discurso com extensos acréscimos, foi dirigido pelo Papa Francisco àqueles que colaboram com o Escritório Catequético Nacional italiano no 60º aniversário de seu nascimento. Francisco enfatizou a necessidade de ação, lembrando que o Concílio é magistério da Igreja e deve ser seguido. Depois, o convite à Igreja italiana para lançar um Sínodo nacional.


A ocasião da audiência do Papa Francisco, na manhã deste sábado (30), aos membros do Escritório Catequético da Conferência Episcopal Italiana é o 60º aniversário do início de sua atividade, destinada a apoiar a Igreja italiana no campo, precisamente, da catequese após o Concílio Vaticano II. Um aniversário não só serve como um lembrete, mas também é uma oportunidade para "renovar o espírito de anúncio", disse o Papa em seu discurso, e por esta razão ele disse querer "compartilhar três pontos que eu espero que os ajudem no trabalho dos próximos anos".

No coração da catequese, a pessoa de Jesus
O primeiro ponto é: catequese e kerygma. "A catequese é o eco da Palavra de Deus", afirmou o Papa, e através da Sagrada Escritura proclamada, cada pessoa entra a fazer parte "da mesma história de salvação" e com sua própria singularidade "encontra seu próprio ritmo". Francisco enfatizou que o coração do mistério da salvação é o kerygma, e que o kerygma é uma pessoa: Jesus Cristo. A catequese deve "favorecer o encontro pessoal com Ele" e, portanto, não pode ser feita sem relações pessoais.

Não existe uma verdadeira catequese sem o testemunho de homens e mulheres em carne e osso. Quem entre nós não se recorda de pelo menos um de seus catequistas? Eu me recordo. Recordo-me da irmã que me preparou para a minha primeira comunhão e me fez muito bem. Os primeiros protagonistas da catequese são eles, mensageiros do Evangelho, muitas vezes leigos, que se põem em jogo com generosidade para compartilhar a beleza de ter encontrado Jesus. "Quem é o catequista? Ele é aquele que guarda e alimenta a memória de Deus; ele a guarda em si mesmo – ele guarda a memória da história da salvação - e ele sabe como despertar essa memória nos outros. Ele é um cristão que põe esta memória a serviço do anúncio; não para ser visto, não para falar de si mesmo, mas para falar de Deus, de seu amor, de sua fidelidade".

O anúncio é o amor de Deus na linguagem do coração
O Papa então indicou algumas características que o anúncio deve possuir hoje, isto é, que saiba revelar o amor de Deus diante de toda obrigação moral e religiosa; que não se impõe, mas leva em conta a liberdade; que testemunha a alegria e a vitalidade. Para isso, aquele que evangeliza deve expressar "proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena". E falando do catequista, Francisco acrescentou, improvisando, que "a fé deve ser transmitida em dialeto", explicando que se referia ao "dialeto da proximidade", ao dialeto que é compreendido pelo povo ao qual se dirige:

Toca-me muito aquela passagem de Macabeus, dos Sete Irmãos. Duas ou três vezes eles disseram que sua mãe os apoiava, falando com eles em dialeto. É importante: a verdadeira fé deve ser transmitida em dialeto. Os catequistas devem aprender a transmiti-la em dialeto, ou seja, aquela linguagem que vem do coração, que nasce, que é a mais familiar, a mais próxima de todos. Se não houver dialeto, a fé não é transmitida totalmente e bem.

A catequese está sempre escutando o coração do homem
O segundo ponto indicado pelo Papa Francisco é: catequese e futuro. Recordando o 50º aniversário do documento "A Renovação da Catequese", com o qual a Conferência Episcopal Italiana recebeu as indicações do Concílio, celebrado no ano passado, Francisco citou algumas palavras do Papa Paulo VI nas quais convidava a Igreja italiana a olhar com gratidão para o Concílio, que dizia "será o grande catecismo dos novos tempos" e observou como a tarefa constante da catequese é "compreender estes problemas que surgem do coração do homem, para levá-los de volta à sua fonte escondida: o dom do amor que cria e salva". Francisco, portanto, reiterou que a catequese inspirada pelo Concílio é "sempre com um ouvido atento, sempre atento a renovar-se". E a propósito do Concílio, acrescentou uma extensa reflexão:

O Concílio é magistério da Igreja. Ou você está com a Igreja e, portanto, segue o Concílio, e se não segue o Concílio ou o interpreta à sua maneira, à sua própria vontade, você não está com a Igreja. Temos que ser exigentes e rigorosos neste ponto. O Concílio não deve ser negociado para ter mais destes... Não, o Concílio é assim. E este problema que estamos enfrentando, da seletividade do Concílio, se repetiu ao longo da história com outros Concílios. Para mim, isso me faz pensar tanto num grupo de bispos que depois do Vaticano I foram embora, um grupo de leigos, grupos ali, para continuar a "verdadeira doutrina" que não era a do Vaticano I. "Nós somos os verdadeiros católicos" ... Hoje eles ordenam mulheres. A atitude mais severa para custodiar a fé sem o magistério da Igreja, nos leva à ruína. Por favor, nenhuma concessão para aqueles que tentam apresentar uma catequese que não esteja de acordo com o Magistério da Igreja.

A catequese, disse o Papa, retomando a leitura do discurso, deve se renovar para afetar todas as áreas do cuidado pastoral. E recomendou:

Não devemos ter medo de falar a linguagem das mulheres e dos homens de hoje. Sim, de falar a linguagem fora da Igreja: disso, devemos ter medo. Não devemos ter medo de falar a linguagem do povo. Não devemos ter medo de ouvir suas perguntas, sejam elas quais forem, suas questões não resolvidas, de ouvir suas fragilidades e suas incertezas: disso, não temos medo. Não devemos ter medo de desenvolver instrumentos novos.

Redescobrir o sentido de comunidade
A catequese e a comunidade representam o terceiro ponto, um ponto de particular relevância em um tempo que, por causa da pandemia, tem visto um crescimento isolado e uma sensação de solidão. O vírus", disse o Papa, "escavou no tecido vivo de nossos territórios, especialmente os existenciais, alimentando medos, suspeitas, desconfianças e incertezas". Tem minado práticas e hábitos estabelecidos e assim nos provoca a repensar o nosso ser comunitário". Também nos fez compreender que só juntos podemos avançar, cuidando uns dos outros. O senso de comunidade deve ser redescoberto.

A catequese e o anúncio não podem deixar de colocar esta dimensão comunitária no centro. Este não é o momento para estratégias elitistas. E a grande comunidade: qual é a grande comunidade? O povo santo e fiel de Deus. (...) Este é o momento de sermos artesãos de comunidades abertas que sabem valorizar os talentos de cada um. É o tempo das comunidades missionárias, livres e desinteressadas, que não buscam importância e vantagem, mas que percorrem os caminhos do povo de nosso tempo, dobrando-se sobre aqueles que estão à margem. É o momento para as comunidades que olham nos olhos os jovens decepcionados, que acolhem os estranhos e dão esperança aos desanimados. É o momento para as comunidades que dialogam destemidamente com aqueles que têm ideias diferentes. É o momento para as comunidades que, como o Bom Samaritano, sabem como estar perto daqueles feridos pela vida, para enfaixar suas feridas com compaixão.

Uma catequese que acompanha e acaricia
Repetindo o que ele disse no Encontro Eclesial de Florença, Francisco reiterou seu desejo de uma Igreja "cada vez mais próxima dos abandonados, dos esquecidos, dos imperfeitos", uma Igreja alegre que "compreenda, acompanhe, acaricie". Isto, continuou, também se aplica à catequese. E fez um convite à criatividade para uma proclamação centrada no kerygma, "que olha para o futuro de nossas comunidades, para que sejam cada vez mais enraizadas no Evangelho, fraternas e inclusivas".

A Igreja italiana inicie um Sínodo nacional
Finalmente, cinco anos após o Encontro de Florença, Francisco convidou a Igreja italiana a iniciar um processo sinodal em nível nacional, comunidade por comunidade, diocese por diocese. "Também este processo será uma catequese. No Encontro de Florença há precisamente a intuição do caminho a ser percorrido neste Sínodo. Agora, retomou: é o momento. E começar a caminhar".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-01/o-papa-quem-nao-segue-o-concilio-nao-esta-na-igreja.html

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

“A fé nos ajuda a compreender o significado espiritual de cada fase de nossa vida”

 

Na oração do Angelus do domingo, 24 de janeiro, o Papa Francisco recordou a “passagem de missão” de João Batista a Jesus. João Batista foi o seu precursor e preparou o terreno para Jesus iniciar a sua missão e anunciar a salvação. “A sua pregação pode ser sintetizada nestas palavras: ‘Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho’. É a mensagem que nos convida a refletir sobre dois temas essenciais: o tempo e a conversão.

Francisco explica: “O tempo deve ser entendido como a duração da história da salvação feita por Deus; portanto, o tempo ‘cumprido’ é aquele em que esta ação salvífica atinge seu ápice, sua plena atuação: é o momento histórico em que Deus enviou seu Filho ao mundo e seu Reino se tornou mais do que nunca ‘próximo’”

Todavia, pondera o Papa, “a salvação não é automática; a salvação é um dom de amor e como tal oferecido à liberdade humana. Quando se fala de amor, se fala de liberdade: um amor sem liberdade não é amor, pode ser interesse, pode ser medo, muitas coisas, mas o amor é sempre livre e como tal, requer uma resposta livre: requer conversão”.

Detalhando o que é conversão acrescenta: “Trata-se de mudar a mentalidade e mudar a vida: não mais para seguir os modelos do mundo, mas o de Deus, que é Jesus. Esta é uma mudança decisiva de visão e atitude”

O Santo Padre explicou que o pecado leva automaticamente à afirmação de si mesmo contra os outros e contra Deus chegando até a usar a violência e o engano para este objetivo, e apresenta a alternativa:

“A tudo isso se opõe a mensagem de Jesus, que nos convida a reconhecer nossa necessidade de Deus e de sua graça; a ter uma atitude equilibrada em relação aos bens terrenos; a sermos acolhedores e humilde para com todos; a conhecer e a realizar-nos no encontro e no serviço aos outros”.

Tempo da redenção: é a duração da nossa vida
“Para cada um de nós, o tempo em que podemos acolher a redenção é breve: e a duração de nossa vida neste mundo é breve”

“A vida”, afirma o Papa, “é um dom do amor infinito de Deus, mas é também um momento para verificar nosso amor por Ele. Portanto, cada momento, cada instante de nossa existência é um tempo precioso para amar a Deus e ao próximo, e assim entrar na vida eterna”.

A vida tem dois ritmos
Francisco afirma que a história da nossa vida tem dois ritmos: “um, mensurável, composto de horas, dias, anos; e outro, composto de estações do nosso desenvolvimento: nascimento, infância, adolescência, maturidade, velhice, morte. Cada vez, cada fase tem seu próprio valor e pode ser um momento privilegiado de encontro com o Senhor”. “A fé nos ajuda a descobrir o significado espiritual destes tempos: cada um deles contém um chamado particular do Senhor, ao qual podemos dar uma resposta positiva ou negativa”. E conclui desejando:

“Que a Virgem Maria nos ajude a viver cada dia, cada momento como um tempo de salvação, no qual o Senhor passa e nos chama a segui-lo. E que ajude a nos converter da mentalidade do mundo para a do amor e do serviço”.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/a-fe-nos-ajuda-a-compreender-o-significado-espiritual-de-cada-fase-de-nossa-vida-diz-papa-no-angelus-do-domingo-24/

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O Papa: o mundo precisa de unidade e fraternidade para superar a crise

 

Entrevista do Papa ao programa “Tg5” da televisão italiana: da pandemia, à defesa da vida e dos vulneráveis, passando pelo valor da unidade na política e na Igreja, Francisco aborda grandes temas da atualidade do novo ano e convida todos a se vacinarem e a redescobrirem o valor da fé como dom de Deus.


Redescobrir-se unidos, mais próximo a quem sofre, sentir-se irmãos para superar juntos a crise mundial causada pela pandemia. No início da entrevista ao Tg5, Francisco reiterou que “de uma crise nunca se sai como antes, nunca. Saímos melhores ou piores”. Para o Papa, “é preciso rever tudo. Os grandes valores sempre existem na vida, mas os grandes valores devem ser traduzidos na vida do momento”. O Pontífice faz então uma lista com uma série de situações dramáticas a partir das crianças que sofrem com a fome e não podem ir à escola e as guerras que atingem muitas áreas do planeta. “As estatísticas das Nações Unidas – destaca – são assustadoras a respeito”. Adverte que se nós sairmos da crise “sem ver estas coisas, a saída será outra derrota. E será pior. Olhemos somente para estes dois problemas: as crianças e as guerras”.

Vacinar-se é uma ação ética, não uma opção
O Papa responde depois a uma pergunta do jornalista Fabio Marchese Ragona sobre as vacinas. “Eu creio – afirma – que eticamente todos devem tomar a vacina. Não é uma opção, é uma ação ética. Porque está em risco a sua saúde, a sua vida, mas também a vida dos outros”. E explica que nos próximos dias começará a campanha de vacinação no Vaticano e também ele se “cadastrou” para receber a dose. “Sim, deve-se fazer”, repete, “se os médicos a apresentam como algo que pode ser bom e que não tem perigos especiais, por que não tomar? Há um negacionismo suicida nisso, que eu não saberia explicar”. Para o Pontífice, este é o tempo de “pensar no nós e cancelar por um período o eu, colocá-lo entre parênteses. Ou nos salvamos todos com o nós ou não se salva ninguém”. A respeito, o Papa fala de modo amplo, oferecendo a sua reflexão sobre o tema da fraternidade, que muito valoriza. “Este é o desafio: fazer-me próximo ao outro, próximo à situação, próximo aos problemas, fazer-me próximo às pessoas”. Inimiga da proximidade é “a cultura da indiferença?”. Fala-se de um “saudável desinteresse pelos problemas, mas o desinteresse não é saudável. A cultura da indiferença destrói, porque me afasta”.

É o “tempo do nós” para superar a crise
“A indiferença nos mata – retoma Francisco –, porque nos afasta. Ao invés, a palavra-chave para pensar as saídas da crise é a palavra ‘proximidade’.” Se não há unidade, proximidade, adverte o Papa, “podem-se criar tensões sociais mesmo dentro dos Estados”. E assim fala da “classe governamental” seja na Igreja, seja na vida política. Neste momento de crise, exorta, “toda a classe governamental não tem o direito de dizer ‘eu’… deve dizer ‘nós’ e buscar uma unidade diante da crise”. Neste momento, reafirma com força, “um político, um pastor, um cristão, um católico, também um bispo, um sacerdote, que não tem a capacidade de dizer ‘nós’ ao invés de ‘eu’, não está à altura da situação”. E acrescenta que os “conflitos na vida são necessários, mas neste momento devem sair de férias”, abrir espaço para a unidade “do país, da Igreja, da sociedade”.

Aborto é questão humana antes de ser religiosa
Mais uma vez, Francisco observa que a crise devida à pandemia exacerbou ainda mais a "cultura do descarte" no confronto dos mais fracos, sejam eles pobres, migrantes ou idosos. Detém-se especialmente no drama do aborto que descarta crianças indesejadas. "O problema do aborto", adverte, "não é um problema religioso, é um problema humano, pré-religioso, é um problema de ética humana" e depois religioso. "É um problema que também um ateu tem de resolver na sua consciência". "É correto", pergunta o Pontífice, "cancelar uma vida humana para resolver um problema, qualquer problema? É correto contratar um assassino para resolver um problema?"

Capitol Hil, aprender com a história: nunca a violência
O Papa não deixa de comentar os dramáticos acontecimentos no Capitol Hill no último dia 6 de janeiro. Confidou que ficou "surpreso", considerando a disciplina do povo dos Estados Unidos e a maturidade da sua democracia. No entanto, observa, mesmo nas realidades mais maduras, há sempre algo de errado quando há "pessoas que tomam um caminho contra a comunidade, contra a democracia, contra o bem comum". Agora que isto se verificou, continua, foi possível "ver bem" o fenômeno e se "pode pôr remédio". Francisco condenou a violência: "Devemos refletir e compreender bem e, para não repetir, aprender com a história", estes "grupos para-regulares que não estão bem inseridos na sociedade, mais cedo ou mais tarde produzirão estas situações de violência".

A fé, um dom a ser pedido ao Senhor
O Papa finalmente responde como está pessoalmente vivendo as restrições devidas à pandemia. Ele confessa que se sente "engailoado", se detém nas viagens canceladas para evitar as aglomerações de pessoas, fala da esperança de visitar o Iraque. Neste momento, dedica mais tempo à oração, à conversa pelo telefone e reitera como foram importantes para ele alguns momentos, tais como a Statio Orbis em São Pedro no último dia 27 de março, "uma expressão de amor a todas as pessoas" e que nos faz "ver novas formas de nos ajudarmos uns aos outros". Ele oferece assim uma reflexão sobre a fé no Senhor, que - disse - é antes de tudo "um dom". "Para mim" - afirma -, "a fé é um dom, nem eu nem você, nem ninguém pode ter fé pelas suas próprias forças: é um dom que o Senhor dá a você", que não pode ser comprado. Retomando então uma passagem do Deuteronômio, o Papa Francisco exorta a invocar a "proximidade de Deus". Esta proximidade "na fé é um dom que temos de pedir". A entrevista conclui com os votos de que em 2021 "não haja descartes, que não haja comportamentos egoístas" e que a unidade possa prevalecer sobre o conflito.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-01/papa-francisco-entrevista-tg5-crise-pandemia-vacina.html

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Papa: luz de Cristo se difunde com o anúncio, a fé, o testemunho

 



“Cristo é a estrela, mas também nós podemos e devemos ser a estrela, para os nossos irmãos e irmãs, como testemunhas dos tesouros de bondade e infinita misericórdia que o Redentor oferece gratuitamente a todos.”

No Angelus na Solenidade da Epifania, rezado na Biblioteca do Palácio Apostólico, o Papa invocou a proteção de Maria sobre a Igreja universal, “para que possa difundir no mundo inteiro o Evangelho de Cristo, luz de todos os povos.”

“A salvação operada por Cristo – começou explicando Francisco - não conhece fronteiras, é para todos. A Epifania não é outro mistério, é sempre o mesmo mistério da Natividade, mas visto na sua dimensão de luz: luz que ilumina cada pessoa, luz para ser acolhida na fé e luz para ser levada aos outros na caridade, no testemunho, no anúncio do Evangelho.”

Luz de Deus é mais poderosa que as trevas deste mundo
Falando da atualidade da visão do Profeta Isaías narrada na primeira leitura, o Santo Padre recorda que a luz dada por Deus a Jerusalém é destinada a iluminar o caminho de todos os povos. “Esta luz tem o poder de atrair todos, próximos e distantes, e todos se põem a caminho para a alcançar”:

É uma visão que abre o coração, que alarga o respiro, que convida à esperança. Certamente, as trevas estão presente e ameaçadoras na vida de cada pessoa e na história da humanidade, mas a luz de Deus é mais poderosa. Trata-se de a acolher acolher a fim de que possa resplandecer para todos. Onde está esta luz? O profeta vislumbrou-a de longe, mas já era suficiente para encher o coração de Jerusalém de uma alegria incontrolável.

Já a narrativa de Mateus, no Evangelho do dia, mostra que a luz “é o Menino de Belém, é Jesus, mesmo que sua realeza não seja aceita por todos. Alguns a rejeitam, como Herodes”. Por meio dele, “Deus realiza o seu reino de amor, seu reino de justiça e paz. Ele nasceu não só para alguns mas para todos os homens, para todos os povos,” sua luz "é para todos os povos, a salvação é para todos os povos.

A encarnação, "método" de Deus a ser seguido
O Papa então pergunta “como se difunde a luz de Cristo em todos os lugares e tempos”, explicando que "ela tem o seu método":

Não o faz por meio dos poderosos meios dos impérios deste mundo, que procuram sempre apoderar-se do domínio sobre ele. Não, a luz de Cristo se difunde pelo anúncio do Evangelho. O anúncio, a palavra, o testemunho. E com o mesmo “método” escolhido por Deus para vir no meio de nós: a encarnação, isto é, aproximar-se do outro, conhecendo-o, assumir a sua realidade e levar o testemunho de nossa fé, cada um. Somente assim a luz de Cristo, que é Amor, pode brilhar naqueles que a acolherem e atrair os outros. A luz de Cristo não se expande somente com as palavras, com falsos métodos empreendedores. Não, não. 

A fé, a palavra, o testemunho.
“Cristo é a estrela, mas também nós podemos e devemos ser a estrela, para os nossos irmãos e irmãs, como testemunhas dos tesouros de bondade e infinita misericórdia que o Redentor oferece gratuitamente a todos. A luz de Cristo não se expande por proselitismo, mas pelo testemunho, pela confissão da fé. Também pelo martírio.”
Deixar-se fascinar e converter por Cristo

E a condição para isso, observou – “é acolher em nós esta luz, acolhê-la cada vez mais”. E advertiu:

Ai de nós se pensarmos que a possuímos, ai de nós se pemsamos que devemos somente “geri-la”! Também nós, como os Magos, somos chamados a deixar-nos sempre fascinar, atrair, guiar, iluminar e converter por Cristo: é o caminho da fé, através da oração e da contemplação das obras de Deus, que nos enche continuamente de alegria e de admiração sempre nova. O fascínio é sempre o primeiro passo para seguir em frente.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-01/papa-francisco-angelus-epifania-6-janeiro-2021.html

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O Papa na Audiência Geral: a oração do cristão anda de mãos dadas com a fé

 

"O ensinamento do Evangelho é claro: é preciso rezar sempre, até quando tudo parece vão, quando Deus nos parece surdo e mudo, e que perdemos tempo. Mesmo que o céu se ofusque, o cristão não deixa de rezar", disse Francisco em sua catequese.


O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a oração na Audiência Geral desta quarta-feira (11/11), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, por causa da pandemia de coronavírus.

O Pontífice iniciou, dizendo que alguém lhe disse que ele fala muito sobre a oração, que não é necessário. “Sim é necessário”, disse o Papa, “porque se não rezarmos não teremos a força para ir em frente na vida. A oração é como o oxigênio da vida. A oração é atrair sobre nós a presença do Espírito Santo que nos faz ir adiante sempre. Por isso, eu falo muito sobre a oração”.

Oração praticada com perseverança
“Jesus deu exemplo de uma oração contínua, praticada com perseverança. O diálogo constante com o Pai, no silêncio e no recolhimento, é o fulcro de toda a sua missão”, disse o Pontífice, recordando “três parábolas contidas no Evangelho de Lucas que sublinham esta característica da oração”.

“A oração deve ser antes acima de tudo tenaz”, frisou o Papa, “como o personagem da parábola que, tendo que receber um hóspede que chegou de repente, no meio da noite, vai bater à porta de um amigo e pede-lhe pão. O amigo responde “não!”, porque já está na cama, mas ele insiste, e insiste a ponto de o obrigar a levantar-se e a dar-lhe. Um pedido tenaz!”.

Mas Deus é mais paciente do que nós, e quem bate à porta do seu coração com fé e perseverança não fica desiludido. Deus responde sempre. Sempre! O nosso Pai sabe bem do que precisamos; a insistência não serve para o informar ou convencer, mas para alimentar o desejo e a expectativa em nós.

A segunda parábola é a da viúva que se dirige ao juiz para que a ajude a obter justiça. Este juiz é um homem sem escrúpulos, mas no final, exasperado pela insistência da viúva, decide contentá-la. Esta parábola nos faz compreender que a fé não é o impulso de um momento, mas uma disposição corajosa para invocar Deus, até para “discutir” com Ele, sem se resignar ao mal e à injustiça.

Quem reza nunca está sozinho
A terceira parábola apresenta um fariseu e um publicano que vão ao Templo para rezar. O primeiro dirige-se a Deus gabando-se dos próprios méritos; o outro sente-se indigno até de entrar no santuário. Contudo, Deus não ouve a oração dos soberbos, mas atende a dos humildes. Não há verdadeira oração sem espírito de humildade. Não há oração verdadeira sem espírito de humildade. É a humildade que nos impele a orar.

O ensinamento do Evangelho é claro: é preciso rezar sempre, até quando tudo parece vão, quando Deus nos parece surdo e mudo, e que perdemos tempo. Mesmo que o céu se ofusque, o cristão não deixa de rezar. A sua oração anda de mãos dadas com a fé. E a fé, em muitos dias da nossa vida, pode parecer uma ilusão, uma labuta estéril. Existem momentos escuros em nossas vidas e ali a fé parece uma ilusão, mas praticar a oração significa também aceitar esta dificuldade. “Padre, eu rezo mas não sinto nada. Me sinto com o coração árido, seco. Não sei”. Mas devemos ir adiante com essa fadiga dos momentos ruins, momentos em que não sentimos nada. Muitos santos e santas viveram a noite da fé e o silêncio de Deus, quando nós batemos, batemos e Deus não responde, e esses santos foram perseverantes.

Segundo o Papa, “nestas noites de fé, quem reza nunca está sozinho. Na verdade, Jesus não é apenas testemunha e mestre de oração, é muito mais. Ele nos acolhe na sua oração, para podermos rezar n'Ele e através d'Ele. E isto é obra do Espírito Santo. É por este motivo que o Evangelho nos convida a rezar ao Pai em nome de Jesus. São João relata estas palavras do Senhor: «O que vocês pedirem ao Pai em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho».” A oração de Jesus “dá as asas que a oração do homem sempre desejou possuir”.

O Espírito Santo reza em nós
A seguir, o Pontífice recordou as palavras do Salmo 90-91, “carregadas de confiança, que brotam de um coração que espera tudo de Deus: «Ele o cobrirá com as suas penas, e debaixo de suas asas você encontrará refúgio. A sua fidelidade é escudo e couraça. Você não temerá o terror da noite, nem a flecha que voa de dia, nem a peste que caminha nas trevas, nem o mal que devasta ao meio-dia».”

É em Cristo que esta maravilhosa oração se cumpre, é n'Ele que encontra a sua verdade plena. Sem Jesus, as nossas orações correriam o risco de se reduzir a esforços humanos, na maioria das vezes destinados ao fracasso. Mas Ele tomou sobre si cada grito, cada gemido, cada júbilo, cada súplica, cada prece humana. Não nos esqueçamos o Espírito Santo. O Espírito Santo reza em nós. É Ele que nos impele a rezar, nos leva a Jesus, é o dom que o Pai e o Filho nos deram para ir ao encontro de Deus. Quando nós rezamos é o Espírito Santo que reza em nossos corações.

“Cristo é tudo para nós, inclusive na nossa vida de oração”, disse Francisco. Santo Agostinho resume admiravelmente as três dimensões da oração de Jesus, que também encontramos no Catecismo da Igreja Católica: «sendo o nosso Sacerdote, ora por nós; sendo a nossa Cabeça, ora em nós; e sendo o nosso Deus, a Ele oramos. Reconheçamos, pois, n'Ele a nossa voz e a voz d'Ele em nós». “É por isso que o cristão reza, nada teme! Confia no Espírito Santo que nos foi dado como dom que reza em nós e nos conduz à oração. Que seja o mesmo Espírito Santo, mestre de oração, a nos ensinar o caminho da oração”, concluiu o Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-11/papa-francisco-audiencia-geral-oracao-cristao-fe-oxigenio-vida.html

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

O Papa na Audiência Geral: a oração é a salvação do ser humano

 

"Para aprender este modo de rezar, o Saltério é uma grande escola. Vimos que os Salmos nem sempre usam palavras requintadas e amáveis, e muitas vezes têm as cicatrizes da existência", disse Francisco na catequese da Audiência Geral.


Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (21/10), o Papa Francisco prosseguiu com a segunda parte do tema “A oração dos Salmos”.

Francisco iniciou, dizendo aos fiéis presentes na Sala Paulo VI, que devemos mudar a maneira de realizar a Audiência Geral por causa do coronavírus. “Vocês estão separados, com proteção, usando máscaras, e eu estou aqui um pouco distante. Não posso fazer como antes me aproximar de vocês, pois toda vez que eu me aproximo, vocês de juntam e se perde a distância de segurança e tem perigo para vocês de contágio. Portanto, nos saudaremos de longe, mas saibam que estou próximo a vocês com o coração”, frisou.

A seguir, o Papa agradeceu o testemunho de uma mãe que acudia e amamentava seu filho que chorava durante a Audiência Geral: “Deus faz assim conosco, como essa mãe que com ternura procurava acalmar a criança. São imagens muito bonitas! Quando uma criança chora na Igreja, devemos sentir que ali tem a ternura de uma mãe que é o símbolo da ternura de Deus conosco. Nunca calar uma criança que chora na Igreja, porque é a voz que atrai a ternura de Deus. Obrigado pelo seu testemunho”, disse ainda Francisco.

O Saltério apresenta a oração como a realidade fundamental da vida
“Hoje completamos a catequese sobre a oração dos Salmos. Primeiramente, notamos que nos Salmos aparece frequentemente uma figura negativa, a do “ímpio”, ou seja, aquele ou aquela que vive como se Deus não existisse. É a pessoa sem nenhuma referência ao transcendente, sem nenhum impedimento à sua arrogância, que não teme o julgamento sobre o que pensa e o que faz”, frisou o Papa.

Por esta razão, o Saltério apresenta a oração como a realidade fundamental da vida. A referência ao absoluto e ao transcendente - a que os mestres da ascese denominam o “temor sagrado de Deus” - é o que nos torna plenamente humanos, é o limite que nos salva de nós mesmos, impedindo que nos aventuremos nesta vida de modo predatório e voraz. A oração é a salvação do ser humano!

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Publicada “Fratelli tutti”, a Encíclica social do Papa Francisco

 

Fraternidade e amizade social são os caminhos indicados pelo Pontífice para construir um mundo melhor, mais justo e pacífico, com o compromisso de todos: pessoas e instituições. Reafirmado com vigor o não à guerra e à globalização da indiferença.


Quais são os grandes ideais mas também os caminhos concretos para aqueles que querem construir um mundo mais justo e fraterno nas suas relações quotidianas, na vida social, na política e nas instituições? Esta é a pergunta à qual pretende responder, principalmente, “Fratelli tutti”: o Papa define-a como uma "Encíclica Social" (6) que toma o seu título das "Admoestações" de São Francisco de Assis, que usava essas palavras "para se dirigir a todos os irmãos e irmãs e lhes propor uma forma de vida com sabor do Evangelho" (1). A Encíclica tem como objetivo promover uma aspiração mundial à fraternidade e à amizade social. No pano de fundo, há a pandemia da Covid-19 que - revela Francisco - "irrompeu de forma inesperada quando eu estava escrevendo esta carta". Mas a emergência sanitária global mostrou que "ninguém se salva sozinho" e que chegou realmente o momento de "sonhar como uma única humanidade", na qual somos "todos irmãos". (7-8).

No primeiro de oito capítulos, intitulado "As sombras dum mundo fechado", o documento debruça-se sobre as muitas distorções da época contemporânea: a manipulação e a deformação de conceitos como democracia, liberdade, justiça; o egoísmo e a falta de interesse pelo bem comum; a prevalência de uma lógica de mercado baseada no lucro e na cultura do descarte; o desemprego, o racismo, a pobreza; a desigualdade de direitos e as suas aberrações como a escravatura, o tráfico de pessoas, as mulheres subjugadas e depois forçadas a abortar, o tráfico de órgãos (10-24). Estes são problemas globais que requerem ações globais, sublinha o Papa, apontando o dedo também contra uma "cultura de muros" que favorece a proliferação de máfias, alimentadas pelo medo e pela solidão (27-28).

A muitas sombras, porém, a Encíclica responde com um exemplo luminoso, o do bom samaritano, a quem é dedicado o segundo capítulo, "Um estranho no caminho". Nele, o Papa assinala que, numa sociedade doente que vira as costas à dor e é "analfabeta" no cuidado dos mais frágeis e vulneráveis (64-65), somos todos chamados a estar próximos uns dos outros (81), superando preconceitos e interesses pessoais. De fato, todos nós somos corresponsáveis na construção de uma sociedade que saiba incluir, integrar e levantar aqueles que sofrem (77). O amor constrói pontes e nós "somos feitos para o amor" (88), acrescenta o Papa, exortando em particular os cristãos a reconhecerem Cristo no rosto de cada pessoa excluída (85). O princípio da capacidade de amar segundo "uma dimensão universal" (83) é também retomado no terceiro capítulo, "Pensar e gerar um mundo aberto": nele, Francisco exorta cada um de nós a "sair de si mesmo" para encontrar nos outros "um acrescentamento de ser" (88), abrindo-nos ao próximo segundo o dinamismo da caridade que nos faz tender para a "comunhão universal" (95). Afinal – recorda a Encíclica - a estatura espiritual da vida humana é medida pelo amor que nos leva a procurar o melhor para a vida do outro (92-93). O sentido da solidariedade e da fraternidade nasce nas famílias que devem ser protegidas e respeitadas na sua "missão educativa primária e imprescindível" (114).

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Papa Francisco lança carta apostólica pelo centenário da morte de São Jerônimo

 



CARTA APOSTÓLICA


SCRIPTURAE SACRAE AFFECTUS

DO SANTO PADRE FRANCISCO
NO XVI CENTENÁRIO DA MORTE DE SÃO JERÓNIMO



O afeto à Sagrada Escritura, um terno e vivo amor à Palavra de Deus escrita é a herança que São Jerónimo, com a sua vida e as suas obras, deixou à Igreja. Tais expressões, tiradas da memória litúrgica do Santo,[1] dão-nos uma chave de leitura indispensável para conhecermos, no XVI centenário da morte, a sua figura saliente na história da Igreja e o seu grande amor a Cristo. Este amor ramifica-se, como um rio em muitos canais, na sua obra de incansável estudioso, tradutor, exegeta, profundo conhecedor e apaixonado divulgador da Sagrada Escritura; na sua obra de intérprete primoroso dos textos bíblicos; de defensor ardente e por vezes impetuoso da verdade cristã; de eremita asceta e intransigente, bem como de sábia guia espiritual, na sua generosidade e ternura. Passados mil e seiscentos anos, a sua figura continua a ser de grande atualidade para nós, cristãos do século XXI.

Introdução

A 30 de setembro de 420, terminava a vida terrena de Jerónimo em Belém, na comunidade que ele fundara na gruta da Natividade. Assim se entregava àquele Senhor que nunca cessara de procurar e conhecer na Escritura; o mesmo que ele, febricitante, tinha contemplado como Juiz, numa visão, talvez na Quaresma de 375. Naquele acontecimento, que marcou uma viragem decisiva na sua vida, momento de conversão e mudança de perspetiva, sentiu-se arrastado até à presença do Juiz. «Interrogado sobre a minha condição, respondi que era cristão. Mas, Aquele que presidia retorquiu: “Mentes… Tu és ciceroniano; não, cristão!”».[2] Na realidade, desde muito jovem, Jerónimo apreciara a beleza cristalina dos textos clássicos latinos, em comparação dos quais os escritos da Bíblia, num primeiro tempo, se lhe apresentavam rudes e sem sintaxe, grosseiros demais para os seus refinados gostos literários.

Aquele episódio da sua vida concorre para a decisão de se dedicar inteiramente a Cristo e à sua Palavra, consagrando a sua existência a tornar as palavras divinas cada vez mais acessíveis aos outros, com o seu trabalho incansável de tradutor e comentador. Aquele acontecimento imprime na sua vida uma orientação nova e mais convicta: tornar-se servidor da Palavra de Deus, como enamorado da «carne da Escritura». Assim, na investigação contínua que caraterizou a sua vida, valoriza os seus estudos da juventude e a formação recebida em Roma, orientando o seu saber para um serviço mais maturo a Deus e à comunidade eclesial.

Por isso, São Jerónimo conta-se, a pleno título, entre as grandes figuras da Igreja antiga, no período definido como o século áureo da Patrística, verdadeira ponte entre o Oriente e o Ocidente: é amigo de juventude de Rufino de Aquileia, encontra Ambrósio e troca intensa correspondência com Agostinho. No Oriente, conhece Gregório Nazianzeno, Dídimo o Cego, Epifânio de Salamina. Assim o consagra a tradição iconográfica cristã ao representá-lo, juntamente com Agostinho, Ambrósio e Gregório Magno, entre os quatro grandes doutores da Igreja do Ocidente.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

No Dia Internacional da Paz, Francisco indica o caminho da fraternidade

 

A fraternidade foi o tema escolhido pelo Papa Francisco para assinalar hoje o Dia Internacional da Paz convocado pela ONU. À fraternidade, aliás, é dedicada a encíclica que o Pontífice assinará em Assis em 3 de outubro.


O Papa Francisco assinala o Dia Internacional da Paz celebrado pelas Nações Unidas neste 21 de setembro com uma mensagem no Twitter.


“Devemos procurar uma fraternidade real, baseada na origem comum de Deus. O desejo de paz está profundamente inscrito no coração do homem e não devemos resignar-nos com nada que seja menos que isso.”

A fraternidade será o tema da encíclica que o Pontífice assinará no próximo dia 3 de outubro junto ao túmulo de São Francisco de Assis, cujo título é "Fratelli Tutti".

Trata-se de um dos assuntos que o Santo Padre tem mais a peito, dedicando inclusive uma viagem apostólica para a assinatura, em Abu Dhabi, do Documento sobre a "Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da convivência comum". Este texto foi assinado também pelo Grão Imame de Al-Azhar, Ahamad al-Tayyib.

Moldar a Paz Juntos
Neste dia 21 de setembro, as Nações Unidas escolheram como tema "Moldar a Paz Juntos".

Em mensagem de vídeo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a data é dedicada “a apelar às partes beligerantes em todos os lugares a depor armas e a trabalhar em prol da harmonia.” 

Para o chefe da ONU, “à medida que a pandemia da Covid-19 continua a assolar o mundo, este apelo é mais importante do que nunca.” 

Foi por isso que Guterres pediu um cessar-fogo global em março, um apelo que irá repetir na abertura da semana de alto nível da Assembleia Geral na terça-feira, 22. 

Para ele, “o mundo enfrenta um inimigo comum, um vírus mortal que está causando imenso sofrimento, destruindo meios de subsistência, contribuindo para as tensões internacionais e agravando os já grandes desafios para a paz e a segurança.” 

O secretário-geral também destaca dificuldades causadas pelas medidas de combate à pandemia. Segundo ele, nestes dias de distanciamento físico não é possível ficar próximos uns dos outros. Ainda assim, as pessoas devem permanecer juntas pela paz. 

Juntos, conclui António Guterres, os cidadãos do mundo podem “construir um mundo mais justo, mais sustentável e equitativo.” 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-09/papa-francisco-dia-internacional-paz-fraternidade.html