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domingo, 10 de maio de 2020

Dia das Mães 2020

D. Orani João Tempesta
Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro

Neste dia 10, segundo domingo de maio, celebramos o Dia das Mães. Será um Dia das Mães bem diferente que, por causa do coronavírus, estaremos privados de abraçar as nossas mães vivas. Deveremos nos contentar em sentir a sua presença e proximidade física, e cuidar para não transmitir para elas esse vírus invisível, em relação ao qual pedimos a Mãe Maria Santíssima que ilumine os cientistas na cura do mesmo.

É claro que o Dia das Mães não deve ser somente neste dia, mas em todos os dias do ano. Esta data é uma tradição nossa muito ligada ao comércio, porém a Mãe Igreja propõe a reflexão dos fiéis à grandeza e à dignidade do dom e da graça da maternidade.

No Dia das Mães, elevemos a Deus a nossa prece de ação de graças pela mãe que Deus nos concedeu, e agradeçamos pela transmissão do dom da vida que vem de Deus e pelo cuidado da nossa educação, da nossa evangelização, dando-nos o tesouro da fé católica, por nos ter ensinado tantas coisas, sobretudo como enfrentar as dificuldades do dia a dia e passar a vida fazendo o bem, como ensinou o Redentor da Humanidade.

Agradecidos, lembremos que as nossas mães foram as nossas primeiras catequistas, ensinando-nos a rezar, nos dando colo, ensinando-nos a caminhar, ajudando a fazer a lição da escola, acordando em meio a madrugada quando temos um pesadelo ou ficamos doentes.

Enfim, a mãe é aquela que sempre esteve junto conosco desde a concepção, e nos carregou nove meses no ventre e nos acompanhou em diversos momentos da vida. Por isso, nada mais justo que dediquemos esse dia a ela, agradecendo o muito que ela fez por nós e, por muitas vezes, o pouco que acabamos retribuindo.

A mãe é aquela que sempre está pronta para acolher; se o filho não deu certo no casamento, volta para a casa da mãe; se o filho resolveu ir embora de casa para viver sua vida, mas depois não deu certo e se arrepende, volta para a casa da mãe. Se o filho foi preso por algum motivo, a única visita que terá, via de regra, é a da mãe, e quando sai vai para a casa da mãe. A mãe sempre dá um teto, um carinho para o filho, nunca se nega. Aconteça o que acontecer, a mãe sempre vai defender e proteger o seu filho.

Este ano, o Dia das Mães será um pouco diferente. Não poderemos estar juntos reunidos em família, por conta do coronavírus. Por isso, não poderemos sair juntos para jantar em algum restaurante ou nos reunir para fazer uma refeição em casa. Mas estamos na 'onda' das lives virtuais, então, quem sabe fazer uma live com a nossa mãe para lhe desejar parabéns neste dia ou agradecê-la pelo dom da vida, ou mesmo uma ligação como forma de lembrança e agradecimento. O que vale mesmo neste dia é a oração que fazemos e a recordação da importância da família dentro da qual vemos a importância de nossa mãe para nós. É claro que devemos ligar todos os dias e agradecê-la todos os dias por estar conosco, mas é claro que o faremos ainda mais neste dia especial. O melhor e mais precioso presente para as nossas mães é a oração.

Podemos comparar a figura da mãe com Maria, cujo mês estamos comemorando, até porque o Dia das Mães está situado no Mês Mariano e, neste ano, alguns dias antes de comemorarmos Nossa Senhora de Fátima. Pois assim como Nossa Senhora, a nossa Mãe nos deu a vida, nos gerou nove meses em seu ventre, nos educou, catequizou, se alegrou e, muitas vezes, chorou a nossa dor junto conosco, assim como fez Maria.

Muitas mães sofrem dores terríveis ao verem seus filhos serem mortos, seja no mundo do crime, para as drogas ou bebidas, ou de morte natural. É claro que o natural da vida é os filhos enterrarem seus pais, mas muitas vezes é ao contrário que acontece: a Mãe acaba enterrando os seus filhos.

Muitas mães não terão motivo para comemorar este Dia das Mães. Mas, nesse momento, cabe a lembrança e, assim, como Nossa Senhora que sofria em silêncio, neste momento de dor o que nos cabe fazer é rezar e lembrar por aquele filho que foi gerado e, agora, independentemente do que ele tenha feito, está junto de Deus.

Alguns já não têm mais suas mães aqui na Terra, pois elas já morreram e estão juntas de Deus, na comunhão dos santos. Este dia não será de tristeza, mas sim um dia de agradecimento e lembrança da figura materna que tiveram aqui na Terra. Vamos poder ter o momento de todos nos reencontrarmos na vida eterna.

Cabe a nós que estamos aqui e temos as nossas mães por perto pôr em pratica o quarto mandamento da lei de Deus que é honrar pai e mãe. Estar com eles até na velhice, cuidar deles em todos os momentos, até na hora de suas mortes. Por isso, aproveitemos todos os momentos enquanto eles estão aqui, ligando, estando junto, dando atenção. Aproveitar todas as datas comemorativas para estar junto com elas.

Lembremos de uma advertência do Papa Francisco de que as nossas mães nos ensinam a “dividir”: “As mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. ‘Indivíduo’ quer dizer ‘que não se pode dividir’. As mães, em vez disso, se ‘dividem’ a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer”. (cf. https://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-destaca-a-importancia-das-maes-para-a-sociedade-e-para-a-igreja-68588, último acesso em 5 de maio de 2020).

Colocarei na missa que irei presidir no dia 10 de maio, às 11h, na Capela do Palácio São Joaquim, a intenção de todas as mães, particularmente as que passam por diversos sofrimentos em tempos de pandemias. Também aplicarei a missa em sufrágio das almas de todas as mães que já se encontram na glória de Deus. Rezar pelos fiéis defuntos é uma obra de misericórdia. Rezar pelo eterno descanso de nossas mães e avós é uma obrigação e uma gratidão, por nos ter legado a fé católica. Deus abençoe a todas as mães porque elas nos ensinaram a rezar e a dividir as dores e as angústias, as alegrias e as esperanças. A noite desse domingo rezarei o terço com cinco mães de sacerdotes através do nosso sistema de comunicação.

Este ano, de modo um pouco diferente, celebremos o Dia das Mães “junto delas”, seja por meio de um telefonema, uma live, troca de mensagens, seja de qual maneira for, mas estejamos “presentes”, não somente dando presentes, mas estejamos de fato presencialmente de alguma maneira. Uma sugestão que fazemos é que coloquemos nas portas de nossas casas uma flor simbolizando a ternura desse dia.

Ao comemorar o Dia das Mães valorize a sua família, pois cada um deve ter vivência familiar, de modo especial, neste tempo de afastamento social. Esteja junto com ela. Faça com que esta data para ela seja alegre e feliz, e que ela se orgulhe de ter você como filho, e você tenha orgulho de tê-la como mãe.

Peçamos que Nossa Senhora do Rosário de Fátima, cuja festividade iremos celebrar no próximo dia 13, abençoe, ilumine e guarde todas as mães. Que Deus abençoe todas as mães e famílias do Brasil inteiro, para que sempre possam estar unidas pelo amor, se amando e se respeitando a cada dia.


segunda-feira, 13 de maio de 2019

Dia das Mães

D. Orani João Tempesta
Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro

O segundo domingo de maio é um dia dedicado a homenagear as mulheres que acolheram em sua vida a missão sublime de gerar ou acolher um filho para educar. Ser mãe é dom gratuito da bondade de Deus para cada mulher, e também a possibilidade de aceitar trabalhar pelo futuro da humanidade. Uma significativa expressão da fidelidade de Deus no sacramento do matrimônio, que torna o amor de um casal fecundo e multiplicador de vida.
Esse dia nascido por motivações afetivas, mas muito explorado comercialmente nos dias atuais pode ser agora uma oportunidade de valorizar a vida e a família. Principalmente se refletimos sobre a missão importante da mãe (junto com o esposo) de educar seus filhos.
Além de acolher ou procriar fisicamente, gerar um filho para a fé é um compromisso que sinaliza a relação de Deus com seu povo, que é sempre fecunda, capaz de multiplicar a vida, e se dá na plena confiança e entrega à providência divina.
No contexto de um capitalismo selvagem que cada vez mais tenta destruir os valores verdadeiros da humanidade, ser mãe, para além de uma responsabilidade e de um dom, significa manifestar um compromisso com a vida em todas as suas dimensões. Com as pressões atuais contra a dignidade da vida e a propaganda contra a geração de filhos, constatamos que isso é ferir em uma mulher o direito de ser mãe, ferindo também sua mais profunda dignidade e violando aquilo que de mais belo Deus concedeu a uma mulher: o direito de ser mãe e de contribuir assim com a criação, que continua a ser criada e recriada. "Cada criança que nasce é Deus que volta a sorrir para o mundo" diz a tradição popular.
Homenagear as mães nesse dia nos faz recordar da importância da família humana e também da figura de Maria, exemplo de mãe e educadora. Mulher forte e doce, mulher do silêncio, da presença e da esperança que não decepciona. Maria traz consigo as virtudes mais profundas, capazes de fazer de todas as mulheres verdadeiramente mães e mestras, como ela o foi. A humildade, a plena confiança em Deus, seu sim à acolhida do projeto divino em sua vida, conformando-se plenamente a ele, as lutas para proteger o filho, a coragem de lançá-lo no projeto do Pai antes mesmo de "chegar a sua hora", a força para acompanhar o filho no sofrimento e aos pés da cruz, acolher o filho morto ao ser retirado da cruz e contemplar, em seus braços, seu corpo sofrido por amor, a esperança de fazer continuar o projeto de construção do Reino junto com os discípulos amedrontados no cenáculo, a alegria de ver o filho ressuscitado e Senhor para sempre.