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sábado, 12 de setembro de 2020

Setembro, mês da Bíblia

 

D. Orani João Tempesta
Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro


O mês de setembro, para nós cristãos católicos, é um dos meses temáticos. Neste mês, em nosso caminho de encontro com Deus, somos convidados a dar mais atenção a um importantíssimo instrumento de comunhão com Deus colocado à nossa disposição: estamos falando da Palavra de Deus, no mês que é conhecido como mês da Bíblia. Este mês recebe este título pela celebração da memória de S. Jerônimo, Bispo e Doutor da Igreja do século IV e que dedicou grande parte da sua vida a traduzir a Bíblia para o Latim e comentar os textos das Escrituras. Vale lembrar que neste ano de 2020 celebraremos os 1.600 anos de seu descanso eterno. 

Somos então convidados a renovar nosso fervor ao entrarmos em contato com a Palavra de Deus e lê-la com mais frequência, não como livros meramente humanos, mas movidos pelo mesmo Espírito pela qual elas foram escritas. Para auxiliar nossa vivência deste mês temático, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) todos os anos indica um livro específico da Bíblia para que possa ser aprofundado e meditado de forma especial, juntamente com um lema que direcione a aproximação a este livro. Neste ano de 2020, o livro indicado é o Livro do Deuteronômio, livro que pertence ao Pentateuco (os 5 primeiros livros da Bíblia), trazendo como lema: “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11).

O Livro do Deuteronômio pode parecer um livro de certa forma difícil e complexo quando olhamos para ele pela primeira vez. Temos neste mês da Bíblia uma grande oportunidade de vencermos esta barreira. Vale lembrar que enquanto cristãos, lemos o Antigo Testamento à luz de Cristo, Plenitude da Revelação e que todo o antigo Testamento deve ser visto como manifestação da Pedagogia Divina, de Deus que ia aos poucos formando e conduzindo seu povo no caminho de fidelidade à aliança e de reconhecimento ao Senhor como único Deus até a vinda e Cristo, que veio para levar a Lei à sua plenitude. A palavra Deuteronômio vem do grego e significa literalmente segunda lei. Este nome vem do fato de que o livro recolhe os discursos de Moisés que trarão normas e preceitos de sum importância para a constituição de Israel como um povo. O Deuteronômio quer mostrar as características principais do povo de Israel: um povo, um Deus, uma terra, uma lei e um Templo. Deus escolheu o seu povo; essa escolha faz de Israel o povo de Deus, com quem Deus estabelece uma aliança de amor. Este povo escolhido é uma comunidade estruturada que vive em uma terra e é uma assembleia convocada por Deus no Horeb (5,22; 9,10; 10,4). Esta comunidade tenta viver a fraternidade, tendo no seu meio o juiz, o rei, o sacerdote-levita, o profeta (16,18-18,22). A Lei se torna o princípio desta vida em comunidade: a Torah deve estar no coração, o Nome de Deus nos lábios e um só santuário nacional constituem o ideal do Deuteronômio. A temática da unidade e da comunidade estão muitas vezes presentes no Livro e é exatamente baseado nisto que temos o lema específico para este mês da Bíblia, que serve como que uma chave de leitura para nos aproximarmos do Livro.

O Lema escolhido para este mês da Bíblia - “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11) - remete à questão da solidariedade e do cuidado com os mais necessitados no meio do povo, em especial do estrangeiro, do órfão e da viúva, citados pelo menos 11 vezes ao longo do livro. A Aliança com Deus e a identidade de povo de Deus tem como característica o cuidado com o outro, a dimensão da solidariedade, do cuidado do bem comum, da justa distribuição dos bens e na vivência fraterna em todas as dimensões da vida. Se Israel tinha vindo de uma situação e opressão, penúrias e escravidão ao estar no Egito, a nova realidade de povo de Deus traz a característica da fraternidade e do cuidado de todos para com todos. 

Sobre a importância de deixar-se interpelar pela Palavra de Deus, assim nos recorda o Papa Francisco: “A Palavra divina examina os pensamentos e os sentimentos. A Palavra da vida também é a verdade e sua palavra faz a verdade em nós, dissipando falsidades e duplicidades. As Escrituras nos desafiam constantemente para redirecionar nosso caminho para Deus. Deixar-se ‘ler’ pela Palavra de Deus nos permite tornar-nos ‘livros abertos’, reflexões vivas da Palavra que salva, testemunhas de Jesus e anunciadores de sua novidade” . Neste contexto especial de pandemia que estamos vivenciando, quantas oportunidades novas surgem para que possamos estender a mão, abrir a mão a tantas novas necessidades corporais e espirituais que se apresentam. Que o mês da Bíblia renove a sensibilidade em nossos corações para com as necessidades que urgentemente se apresentam.

Não deixemos de lado este grande tesouro espiritual que nos foi confiado! Bebamos continuamente desta fonte da Revelação como caminho seguro e eficaz para nos encontrarmos com Deus e para renovar nossa vida de fé. Assim como Maria, que guardava todas as coisas meditando-as em seu coração, que Ela no eduque neste caminho de interiorização da Palavra de Deus. E que pela intercessão de S. Jerônimo, deixemos que a Palavra de Deus possa tornar-se Vida da nossa vida. 

Fonte: https://www.facebook.com/484799578234590/posts/3166358926745295/?sfnsn=wiwspmo&extid=2doJM1uqEuh5rOER

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Curso Cartas de Paulo a Timóteo e Tito

As comunidades são como um rebanho frágil e sem defesas. Cabe, portanto, aos pastores defender as suas ovelhas e conduzi-las com muita sabedoria e firmeza. Muitos são os desafios pastorais, eclesiais e missionários nos dias de hoje; por isso, Paulinas convida você a refletir e se aprofundar no conteúdo das cartas que Paulo escreveu a Timóteo e a Tito.

Assessoria: Frei Isidoro Mazzarolo, mestre e doutor em Teologia. É biblista, escritor e professor de Exegese Bíblica na PUC, no Instituto Paulo VI e no Instituto Franciscano.
Local: Paulinas Livraria
Rua 7 de Setembro, 81 A – Centro – Rio de Janeiro-RJ

Gratuito

Informações e inscrições: (21) 2232-5486 | rjpromov@paulinas.com.br


Não perca esta oportunidade!


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Palavra eterna do Deus vivo

Padre André Sampaio de Oliveira
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Misericórdia
(Fiéis da língua inglesa)
           

            Estamos em setembro, e no Brasil já é uma tradição que este mês seja lembrado como o Mês da Bíblia.  Setembro foi escolhido em 1971 pelos bispos do Brasil como o Mês da Bíblia, em razão da Festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30.  São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do Papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura. Essa versão latina feita por São Jerônimo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa popular, e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.

Conhecer e amar
            Ao celebrar o Mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la, cada vez mais, e a fazer dela, cada dia, uma leitura meditada e rezada. É essencial ao discípulo missionário o contato com a Palavra de Deus para ficar solidamente firmado em Cristo e poder testemunhá-Lo no mundo presente, tão necessitado de sua presença. “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-Lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (Documento de Aparecida, 247).

Revelação de Deus
            A Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis nos comunicar em relação a nossa salvação. Jesus é o centro e o coração da Bíblia. Em Jesus se cumprem todas as promessas feitas no Antigo Testamento para o povo de Deus.
            Ao lê-la, como cristãos católicos, não devemos nos esquecer que Cristo é o ápice da revelação de Deus. Ele é a palavra viva de Deus. Todas as palavras da Sagrada Escritura tem seu sentido definitivo Nele, porque é no mistério de sua morte e ressurreição que o plano de Deus para a nossa salvação se cumpre plenamente.
            Nas Sagradas Escrituras, Deus se nos revela através de palavras e de acontecimentos intimamente entrelaçados, de tal sorte que as obras ajudam a manifestar e confirmar os ensinamentos e realidades significadas pelas palavras; e estas, por sua vez, proclamam as obras e elucidam o mistério nelas contido (“Dei Verbum”, 2/162). Deus se serve de autores humanos, por Ele inspirados e de linguagem humana, e até dos gêneros literários usados em cada época, para nos manifestar a sua verdade. É o que São João Crisóstomo chamou de “Divina Condescendência”. Deus desce até nós e fica perto de nós. 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Curso Bíblico: Caridade e Família



No sábado dia 5 de abril pela manhã, aconteceu o segundo encontro do Curso Bíblico, unindo os temas "Caridade e Família". O professor é o biblista Pe. Leonardo Agostini, da Igreja do Divino Espírito Santo, no Estácio, onde o curso está acontecendo.
A propaganda com as datas e horários do curso estão divulgadas no nosso blog. Ele é promovido já há alguns anos por iniciativa da Iniciação Cristã, mas o tema deste ano diz muito, sem dúvida, aos agentes de Pastoral Familiar também. Por isso, todos estamos convocados.
A Igreja estava lotada e todos, catequistas e agentes da PF, ficaram maravilhados com a profundidade da análise dos textos bíblicos feita de forma irretocável por Pe. Leonardo. Os trechos bíblicos são interpretados a partir das seguintes visões: (1) histórica, (2) literária, (3) teológica e (4) pastoral. Vale muito a pena participar.
Mesmo se você perdeu os dois primeiros encontros, não faz mal. Compareça nos próximos que serão nos dias 26 de julho e 25 de outubro. Devido à riqueza do conteúdo e ao pouco tempo disponível, é bem provável que Pe. Leonardo ainda marque um outro sábado extra para que todas as passagens bíblicas propostas na sua ementa sejam tratadas. Caso isso aconteça (e todos os participantes gritaram unânimes um sonoro "sim!") avisaremos de pronto em nosso blog.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Evangelho

No início da Igreja, se encontra um mandato de Jesus aos seus discípulos, no qual Ele ordena que o Evangelho seja pregado a toda a criatura (cf. Mc 16,15). O Concílio Vaticano II, na Constituição “Dei Verbum”, no nº 18, afirma que os Livros do Evangelho “são o coração de toda a Escritura”, pois são “o principal testemunho da vida e da doutrina do Verbo Encarnado, nosso Salvador”. Assim, o Evangelho, a Boa-Nova trazida por Jesus, está consignado por escrito, sobretudo, no relato dos quatro evangelistas, sendo estes, para nós, “como o fundamento da fé”.

O termo Evangelho
A palavra ‘evangelho’ é de origem grega e no seu uso profano significa uma “boa notícia”, geralmente um anúncio de uma vitória militar. Esta palavra é usada na Bíblia quando o Antigo Testamento ganha sua versão grega. No livro do profeta Isaías, entre os capítulos 40 – 66, o ‘evangelho’ vai se tornar a promessa da vinda do Reino de Deus, com uma mensagem de consolo, perdão dos pecados e salvação que atingirá, não só Israel, mas que se estenderá a todas as nações (Is 40,9; 52,7; 62,6; 61,1). No contexto para o qual o profeta escreve, o Reino se identifica com o fim do exílio e a reconstrução de Jerusalém. Todavia, no sentido pleno, era um anúncio da vinda dele em Cristo.

O Evangelho
Jesus se apresenta como o mensageiro da Boa Nova e, ao mesmo tempo, como a própria Boa Nova. Ele – sua pessoa, sua palavra, seus gestos – é o Evangelho de Deus. Ele tem a unção do Espírito para evangelizar os pobres (cf. Mt 3,16s; Lc 4,16-21; At 10,38). Ele é a própria mensagem a ser anunciada, pois nele o tempo de paz, de perdão, de consolo, de misericórdia e de amor se inaugura (cf. Mt 12,28; Mc 1,1). O Reino de Deus iniciado por Jesus se dirige a todos os homens, em especial, aqueles que são pobres em espírito, aos pecadores, aos pequenos e aos pagãos. Ele espera uma atitude de conversão dos homens como movimento de entrada neste Reino (cf. Mt 9,36; 14,14; Mc 1,15; 8,35; Lc 7,47-50; 19,1-10).

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A interpretação da Bíblia na Igreja

Uma das importantes questões propostas pelo Concílio Vaticano II foi sobre o método da Igreja de interpretar as Sagradas Escrituras. Podemos encontrar no nº 12 da Constituição Dogmática “Dei Verbum” as indicações dos padres conciliares para que se possa ler e interpretar o texto bíblico, buscando seu sentido – aquilo que Deus quer falar para nós.

Deus é o autor das Escrituras
            Acreditamos que Deus, querendo transmitir uma palavra para seu povo, escolheu homens que escreveram livros sob a ação do seu Espírito. Estes autores humanos, chamados de hagiógrafos, usaram de suas próprias faculdades e capacidades e colocaram por escrito tudo aquilo e só aquilo que Deus quis. Todavia, não podemos conceber a inspiração bíblica aos moldes de uma espécie de “possessão”. Os hagiógrafos escreveram os livros com uma mensagem para o seu tempo. Assim, dois níveis devem ser buscados por quem interpreta as Escrituras: o que o hagiógrafo quis dizer para aqueles seus primeiros leitores e o que Deus quis dizer. O objetivo final é responder a segunda pergunta, mas isso não é possível sem se responder a primeira.

A verdade bíblica
            Como a Bíblia tem como autor principal Deus e como coautores homens inspirados pelo Espírito Santo, nos é lícito afirmar que ela está isenta de erros. Todavia, quando comparamos certas afirmações da Escritura com os conhecimentos da ciência percebemos certas discrepâncias. Como podemos explicar isto? A Bíblia é um livro religioso que quer nos comunicar as verdades sobre Deus. Por isso, ela está isenta de erro no tocante “à verdade que Deus em vista de nossa salvação quis que fosse consignada nas Sagradas Escrituras”. A inerrância bíblica se aplica a questões de fé (Quem é Deus) e não de ciência.

Como saber o que o hagiógrafo quis dizer?
            Para interpretar um texto bíblico, a primeira coisa que devemos nos perguntar é o que o hagiógrafo quis dizer com aquele texto para os seus primeiros leitores, sentido literal. Este trabalho requer um estudo profundo, realizado pelos exegetas. Tal estudo se debruça sobre as condições histórico-culturais da produção daquele texto. O trabalho destes exegetas gera uma série de recursos que nos auxiliam na compreensão destas condições históricas, culturais e literárias: comentários aos livros bíblicos e aos textos, mapas das áreas citadas e boas traduções dos textos.

Como saber o que Deus quer nos dizer?
            O sentido mais importante é o sentido espiritual: o que Deus quer dizer através daquele texto. Para responder tal questão, o leitor da Sagrada Escritura deve procurar ajuda do Espírito Santo, o verdadeiro intérprete dela. Apenas iluminado pela graça de Deus, o homem pode acessar os três sentidos espirituais da Escritura: o sentido tipológico, o sentido moral e o sentido anagógico. O sentido alegórico é aquela compreensão mais profunda dos acontecimentos, reconhecendo a significação deles em Cristo: o cordeiro sacrificado na celebração da Páscoa judaica é um tipo de Jesus, o cordeiro pascal que tira o pecado do mundo. O sentido moral é aquele que ilumina as ações do homem, mostrando qual o caminho que se deve seguir: o mandamento da caridade é imperativo na vida do cristão. O sentido anagógico é aquele que nos faz conhecer as coisas dentro da sua significação eterna: o sentido da criação do homem é fazê-lo participar da vida eterna de Deus.