Disponibilizamos para nossos internautas o resumo da palestra de DOM PEDRO CUNHA CRUZ, bispo animador da Iniciação Cristã, no 14o Curso para Catequistas de Perseverança. Em breve já colocaremos também para download os slides da palestra "Adolescência e Sexualidade" de Dra Mannoun Chimelli, atendendo a pedidos. Aguardem!
Nas duas fases mais importantes da vida de Cristo – encarnação e morte e ressurreição – o corpo é central. A partir do momento em que assume um corpo, Jesus Cristo tem identidade para nós. Deus não quis encontrar outra maneira de revelar seu Filho que não fosse através do corpo.
VISÃO BÍBLICA ARCAICA
Deus não somente mentaliza o homem, mas lhe dá uma identidade pelo seu corpo. O termo humano vem de húmus, argila. Na tradição javista aprendemos que o homem veio do barro. Esta é a composição material do corpo, mas logo ele sopra sua vida e revela a dimensão espiritual, com suas três dimensões: corpo, alma (parte psicológica) e espírito. Adão, olhando os corpos dos animais viu que ninguém o satisfazia. Assim, Deus tira do próprio corpo de Adão a mulher para realização plena de ambos. Isso mostra que sozinho o homem não pode plenificar a sua vida, é sempre preciso o outro. É a beleza da unidade na diferença, cada qual com sua identidade.
Aprendemos com isso a assumirmos a nossa natureza masculina ou feminina Outra imagem é o episódio em que José é vendido pelos irmãos como escravo. Seu corpo é visto numa visão puramente material por seus irmãos, é tratado como um objeto a ser negociado. Lembremos hoje, por exemplo, de pessoas que são menosprezadas por seu perfil corpóreo. Isso nos ensina a aceitação e valorização do nosso corpo.
VISÃO DO CORPO NA FILOSOFIA ANTIGA
Havia um menosprezo ao corpo, visto como o cárcere da alma. Por se matéria e, portanto, passível de corrupção, ele seria instrumento para corromper as coisas espirituais que seriam anteriores ao corpo e teriam sobre ele primazia, mais valor. Nunca poderia haver, pois, uma unidade perfeita entre corpo e alma. Platão, por exemplo, diria que isto só seria possível se o espírito voltasse assumindo vários corpos diferentes. É um embrião da teoria da reencarnação.
Uma outra doutrina pagã foi, por exemplo, a que cativou Santo Agostinho. É o Maniqueísmo, de Mani, filósofo do terceiro século. Para esta doutrina o corpo hospeda duas almas e duas inteligências, pois no início dos tempos havia dois deuses, um do bem e um do mal. Fazer obras boas significaria que o espírito bom venceu o mau, e o mesmo valeria para o inverso. O homem não seria livre, portanto, para escolher. O ser humano seria apenas um joguete nas mãos dos deuses. Ao fazer o mal, não há culpa ou moral, pois tais obras seriam fruto do deus do mal que habitaria nas pessoas.
VISÃO CRISTÃ DO CORPO
A visão do corpo que Jesus encontrou no seu tempo era a seguinte: o corpo sadio era sinal de um homem agraciado para seus contemporâneos; uma mulher que não podia conceber era considerada desgraçada, sem a graça de Deus; os enfermos eram visto como pecadores: sua doença seria conseqüência de pecado próprio ou hereditário. Privado do corpo, ou da saúde era igual a ser privado do espírito e, portanto, sem a graça de Deus. Havia profunda relação do corpo com o espírito. Lembremos dos leprosos: ao serem curados por Jesus ele mesmo recomenda que se apresentassem ao sacerdote, o homem de Deus que teria a autoridade de ver se a graça de Deus agora habitava nele, examinando a cura corporal.
Aproveitemos a Liturgia da Quaresma que passou. Ao ressuscitar (ou melhor colocando, ao reanimar) Lázaro, Jesus mostra a autoridade de Deus sobre o corpo e prefigura sua ressurreição gloriosa. No episódio do cego de nascença, perguntaram a Jesus quem havia pecado, ele ou seus pais. E Jesus responde que aquele defeito físico é para que a graça de Deus se manifestasse. Jesus faz a lama (húmus, argila), lembrando nossa condição perecível, mas revela que ,com a atuação de Jesus, se faz a graça! E o antigo cego chega a ensinar os fariseus... No domingo anterior, encontramos Jesus e a Samaritana. Jesus homem, sozinho diante de uma mulher e, ainda mais, samaritana (pois os judeus e os samaritanos não se davam). Jesus toca no mais profundo da sua alma ao falar da sua vida afetiva e sexual. Sua catequese rompe a barreira da água física para a água espiritual.
UNIDADE CORPO, ALMA, ESPIRITO
O ser humano é corpo, alma e espírito. São três termos que sempre designam o homem inteiro, não são simplesmente três componentes isolados, mas constituem a experiência humana completa e indivisível. Não somos um corpo só instinto e nem só pensante. Santa Teresa nos comparava a um castelo. Há muros, tropas, e no lugar mais inacessível e protegido estava o rei e sua família. Essa parte mais intima é o espírito. Onde posso encontrar Deus? É exatamente aí que ele nos toca e faz aliança conosco.
A RESSURREIÇÃO DA CARNE
Hoje temos um certo medo de perdermos nosso corpo pela morte. É a tanatofobia, a aversão à morte ou sua não aceitação. O que significa para nós dizer: Creio na ressurreição da carne? A carne expressa visivelmente a identidade e a unidade da pessoa. O nosso corpo ressuscitado não será como esse que temos agora, mas sim glorioso como o corpo de Cristo, para o qual não há mais barreiras de tempo e espaço. Não é um corpo como os outros corpos. Ao ressuscitarmos teremos nossa consciência de quem somos, mas ressuscitaremos na totalidade do ser: corpo e alma.
O CORPO E A VIDA ESPIRITUAL
Tanto a oração quanto a meditação corpórea mostram-na como um instrumento para a cura dos enfermos. Os carismáticos, por exemplo, usam muito gestos e outras expressões corpóreas. O corpo também tem a dimensão do envelhecimento, do condicionamento que tem se modificado muito com os avanços da medicina e da qualidade de vida. Ainda mais se condicionamos a alma. Muitos são anciãos pela idade, mas não são velhos em espírito. Isso é uma forma de interação sadia entre corpo, alma e espírito. Não podemos ser pessimistas com o que a nossa sociedade fisiculturista quer nos impor. Um corpo não se realiza sozinho, mas sempre com outro corpo. O matrimônio só se realiza na cópula sexual. Isso é uma prova indelével da valorização que a Igreja dá para o corpo. No matrimônio, é o amor de Deus que é revelado pela nossa corporiedade. Importância de estabelecermos uma relação de autoconhecimento, a abertura ao outro e a transcendência, só cultivando isso encontraremos nossa verdadeira realização.
Nas duas fases mais importantes da vida de Cristo – encarnação e morte e ressurreição – o corpo é central. A partir do momento em que assume um corpo, Jesus Cristo tem identidade para nós. Deus não quis encontrar outra maneira de revelar seu Filho que não fosse através do corpo.
VISÃO BÍBLICA ARCAICA
Deus não somente mentaliza o homem, mas lhe dá uma identidade pelo seu corpo. O termo humano vem de húmus, argila. Na tradição javista aprendemos que o homem veio do barro. Esta é a composição material do corpo, mas logo ele sopra sua vida e revela a dimensão espiritual, com suas três dimensões: corpo, alma (parte psicológica) e espírito. Adão, olhando os corpos dos animais viu que ninguém o satisfazia. Assim, Deus tira do próprio corpo de Adão a mulher para realização plena de ambos. Isso mostra que sozinho o homem não pode plenificar a sua vida, é sempre preciso o outro. É a beleza da unidade na diferença, cada qual com sua identidade.
Aprendemos com isso a assumirmos a nossa natureza masculina ou feminina Outra imagem é o episódio em que José é vendido pelos irmãos como escravo. Seu corpo é visto numa visão puramente material por seus irmãos, é tratado como um objeto a ser negociado. Lembremos hoje, por exemplo, de pessoas que são menosprezadas por seu perfil corpóreo. Isso nos ensina a aceitação e valorização do nosso corpo.
VISÃO DO CORPO NA FILOSOFIA ANTIGA
Havia um menosprezo ao corpo, visto como o cárcere da alma. Por se matéria e, portanto, passível de corrupção, ele seria instrumento para corromper as coisas espirituais que seriam anteriores ao corpo e teriam sobre ele primazia, mais valor. Nunca poderia haver, pois, uma unidade perfeita entre corpo e alma. Platão, por exemplo, diria que isto só seria possível se o espírito voltasse assumindo vários corpos diferentes. É um embrião da teoria da reencarnação.
Uma outra doutrina pagã foi, por exemplo, a que cativou Santo Agostinho. É o Maniqueísmo, de Mani, filósofo do terceiro século. Para esta doutrina o corpo hospeda duas almas e duas inteligências, pois no início dos tempos havia dois deuses, um do bem e um do mal. Fazer obras boas significaria que o espírito bom venceu o mau, e o mesmo valeria para o inverso. O homem não seria livre, portanto, para escolher. O ser humano seria apenas um joguete nas mãos dos deuses. Ao fazer o mal, não há culpa ou moral, pois tais obras seriam fruto do deus do mal que habitaria nas pessoas.
VISÃO CRISTÃ DO CORPO
A visão do corpo que Jesus encontrou no seu tempo era a seguinte: o corpo sadio era sinal de um homem agraciado para seus contemporâneos; uma mulher que não podia conceber era considerada desgraçada, sem a graça de Deus; os enfermos eram visto como pecadores: sua doença seria conseqüência de pecado próprio ou hereditário. Privado do corpo, ou da saúde era igual a ser privado do espírito e, portanto, sem a graça de Deus. Havia profunda relação do corpo com o espírito. Lembremos dos leprosos: ao serem curados por Jesus ele mesmo recomenda que se apresentassem ao sacerdote, o homem de Deus que teria a autoridade de ver se a graça de Deus agora habitava nele, examinando a cura corporal.
Aproveitemos a Liturgia da Quaresma que passou. Ao ressuscitar (ou melhor colocando, ao reanimar) Lázaro, Jesus mostra a autoridade de Deus sobre o corpo e prefigura sua ressurreição gloriosa. No episódio do cego de nascença, perguntaram a Jesus quem havia pecado, ele ou seus pais. E Jesus responde que aquele defeito físico é para que a graça de Deus se manifestasse. Jesus faz a lama (húmus, argila), lembrando nossa condição perecível, mas revela que ,com a atuação de Jesus, se faz a graça! E o antigo cego chega a ensinar os fariseus... No domingo anterior, encontramos Jesus e a Samaritana. Jesus homem, sozinho diante de uma mulher e, ainda mais, samaritana (pois os judeus e os samaritanos não se davam). Jesus toca no mais profundo da sua alma ao falar da sua vida afetiva e sexual. Sua catequese rompe a barreira da água física para a água espiritual.
UNIDADE CORPO, ALMA, ESPIRITO
O ser humano é corpo, alma e espírito. São três termos que sempre designam o homem inteiro, não são simplesmente três componentes isolados, mas constituem a experiência humana completa e indivisível. Não somos um corpo só instinto e nem só pensante. Santa Teresa nos comparava a um castelo. Há muros, tropas, e no lugar mais inacessível e protegido estava o rei e sua família. Essa parte mais intima é o espírito. Onde posso encontrar Deus? É exatamente aí que ele nos toca e faz aliança conosco.
A RESSURREIÇÃO DA CARNE
Hoje temos um certo medo de perdermos nosso corpo pela morte. É a tanatofobia, a aversão à morte ou sua não aceitação. O que significa para nós dizer: Creio na ressurreição da carne? A carne expressa visivelmente a identidade e a unidade da pessoa. O nosso corpo ressuscitado não será como esse que temos agora, mas sim glorioso como o corpo de Cristo, para o qual não há mais barreiras de tempo e espaço. Não é um corpo como os outros corpos. Ao ressuscitarmos teremos nossa consciência de quem somos, mas ressuscitaremos na totalidade do ser: corpo e alma.
O CORPO E A VIDA ESPIRITUAL
Tanto a oração quanto a meditação corpórea mostram-na como um instrumento para a cura dos enfermos. Os carismáticos, por exemplo, usam muito gestos e outras expressões corpóreas. O corpo também tem a dimensão do envelhecimento, do condicionamento que tem se modificado muito com os avanços da medicina e da qualidade de vida. Ainda mais se condicionamos a alma. Muitos são anciãos pela idade, mas não são velhos em espírito. Isso é uma forma de interação sadia entre corpo, alma e espírito. Não podemos ser pessimistas com o que a nossa sociedade fisiculturista quer nos impor. Um corpo não se realiza sozinho, mas sempre com outro corpo. O matrimônio só se realiza na cópula sexual. Isso é uma prova indelével da valorização que a Igreja dá para o corpo. No matrimônio, é o amor de Deus que é revelado pela nossa corporiedade. Importância de estabelecermos uma relação de autoconhecimento, a abertura ao outro e a transcendência, só cultivando isso encontraremos nossa verdadeira realização.