Meus queridos irmãos e irmãs, vamos à
escola dos Santos, grandes intérpretes da verdadeira piedade eucarística.
Neles, a teologia da Eucaristia adquire todo o brilho duma vivência,
« contagia-nos » e, por assim dizer, nos « abrasa ».
Ponhamo-nos sobretudo à escuta de Maria Santíssima, porque n'Ela, como
em mais ninguém, o mistério eucarístico aparece como o mistério da luz.
Olhando-A, conhecemos a força transformadora que possui a Eucaristia.
N'Ela, vemos o mundo renovado no amor. Contemplando-A elevada ao Céu em corpo e
alma, vemos um pedaço do « novo céu » e da « nova terra »
que se hão-de abrir diante dos nossos olhos na segunda vinda de Cristo. A
Eucaristia constitui aqui na terra o seu penhor e, de algum modo, antecipação:
« Veni, Domine Iesu » (Ap 22, 20)!
Nos sinais humildes do pão e do vinho
transubstanciados no seu corpo e sangue, Cristo caminha conosco, como nossa
força e nosso viático, e torna-nos testemunhas de esperança para todos. Se a
razão experimenta os seus limites diante deste mistério, o coração iluminado
pela graça do Espírito Santo intui bem como comportar-se, entranhando-se na
adoração e num amor sem limites.
Façamos nossos os sentimentos de S. Tomás de
Aquino, máximo teólogo e ao mesmo tempo cantor apaixonado de Jesus eucarístico,
e deixemos que o nosso espírito se abra também na esperança à contemplação da
meta pela qual suspira o coração, sedento como é de alegria e de paz:
« Bone Pastor, panis vere
Iesu, notri miserere... ».
« Bom Pastor, pão da verdade,
Tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade,
Extingui nossa orfandade
E conduzi-nos ao Pai.
Aos mortais dando comida
Dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida
Seja um dia reunida
Aos convivas lá do Céu ».
(Ecclesia de Eucharistia, n. 62 – Papa
João Paulo II)