terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ministérios e serviços na comunidade



Na última semana do Mês Vocacional, a oração e a reflexão se dirigem para a vocação do cristão leigo na Igreja. Além de comemorarmos o Dia do Catequista, a ação vocacional amplia seus horizontes para contemplar a vocação para os diversos ministérios e serviços na comunidade.

Sabemos que a grande e importante missão do cristão leigo é no mundo, na sociedade: ser sinal de Jesus Cristo nas realidades seculares. Essa vocação deve ser sempre mais incrementada e trabalhada. Em especial, essa reflexão é feita no Dia Nacional do Cristão Leigo, no Domingo de Cristo Rei.

Portanto, no Mês Vocacional, a tônica vai para o aspecto da presença do cristão leigo nas várias missões, serviços e ministérios no interior da Igreja. Esse trabalho foi incrementado nos últimos tempos pelo Concílio Vaticano II, cujos 50 anos do início iremos celebrar no próximo dia 11 de outubro. E vimos como essa presença aumentou nesses anos pós-conciliares na diversidade de ministérios e serviços confiados aos cristãos leigos na Igreja.

Todo ser humano é também um ser social. Ninguém vive sozinho ou isolado. Desde a nossa concepção precisamos de outras pessoas. Nosso dia a dia é marcado por esta dinâmica. Nossa sociedade tende atualmente a capitalizar estas relações, mas existe uma força maior, aquela que vem de Deus, que une as pessoas na gratuidade, na esperança, na solidariedade. As comunidades cristãs são os lugares, por excelência, onde se vive e se assume as consequências da fé. Ninguém pode dizer que ama a Deus que não vê, se não ama o irmão que vê e está a seu lado. Jesus, ainda hoje, nos manda ir ao encontro uns dos outros e viver a dimensão do amor: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!

Nossas comunidades são expressão da Trindade. Três pessoas distintas, um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Somos chamados a nos assemelhar ao nosso criador, que é comunidade perfeita de amor, de solidariedade, de comunhão. A Santíssima Trindade é a mais perfeita comunidade de amor. Modelo para todas as outras comunidades que a ela ligadas terão vida, vida plena, vida em abundância.

Na comunidade há diversos trabalhos e serviços que visam ao bem comum e à salvação de todos os povos. Nela não deve haver divisões que comprometam sua unidade. A palavra de Deus já nos adverte que há diversos carismas, dons e ministérios, mas um só Senhor e Mestre: Jesus Cristo, com o Pai e o Espírito Santo.

É pelo batismo que passamos a viver nessa vida eclesial, nessa vida de comunidade de fé. A fé tem sua dimensão pessoal e interior que deve ser refletida na vida social, em especial na vida da comunidade, da Igreja. Cada fiel expressa sua vida de fé como membro da comunidade Igreja. A presença da comunidade acontece desde o batismo, e a Igreja incumbe os pais e padrinhos para juntos assumirem a missão de educar, introduzir e amadurecer a criança na vida da fé. Na iniciação cristã de jovens e adultos essa vinculação é ainda mais percebida e visibilizada pelos introdutores. A missão a eles conferida é uma missão eclesial, deve ser desempenhada com o apoio de toda a comunidade eclesial.

Aqueles que estão unidos a Cristo formam a comunidade dos remidos, a cidade de Deus, onde a plenitude se dará na visão beatífica de Deus, que se revelará de maneira inesgotável a seus eleitos, e lhes será a fonte inexaurível de felicidade, paz e comunhão mútua. Esse é o destino de nossas comunidades cristãs, povo de Deus reunido na ação e na força da Trindade Santa.

Todos são responsáveis pelos diversos serviços e necessidades das comunidades cristãs, afinal, todos somos Igreja. Muitas vezes se pensava que Igreja era a construção do templo ou apenas os ministros ordenados. Sabemos com clareza e certeza que Igreja somos todos nós, templos, pedras vivas, sacrários vivos de Cristo e da Trindade. E nessa Igreja temos os diversos ministérios, serviços, missões.

A comunidade humana é subdivida em comunidades onde cada qual tem sua vocação e missão. A comunidade humana em geral, onde o compromisso é pela vida e bem de todos sem exceção; a comunidade política, que deve trabalhar e garantir os meios necessários para que a população viva melhor, com saúde, paz, justiça e dignidade; a comunidade eclesial, que ajuda as pessoas a viverem sua experiência da fé com todas as consequências pessoais e sociais; a comunidade familiar, berço das mais significativas relações humanas. Todas elas coexistem no mesmo ser humano e não agem separadamente. Elas se completam e cooperam entre si.

A Igreja reconhece o bem que os leigos fazem, como Igreja de Cristo, com respeito e responsabilidade. Eles realizam, em comunhão com os pastores, o serviço evangelizador da Igreja. O documento conciliar “Lumem Gentium”, no parágrafo 30, diz que todos “seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo em direção àquele que é a cabeça, Cristo, pelo influxo do qual o corpo inteiro, bem ajustado e unido por meio de toda junta e ligadura, com a operação harmoniosa de cada uma de suas partes, realiza o seu crescimento para a sua própria edificação no amor”.

Cabe aos fiéis leigos, por vocação própria, buscar o Reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordená-las segundo Deus. Devem viver no mundo e no meio de todas as coisas, e em cada uma das atividades e profissões, nas circunstâncias ordinárias da vida familiar e social, testemunhar a fé e a verdade divinas. Devem ser fermento e sal na massa. Devem iluminar as realidades deste mundo com as realidades celestes. Devem, diz ainda o documento no parágrafo 31: “esclarecer e ordenar todas as coisas temporais, com as quais estão intimamente comprometidos, de tal maneira que sempre se realizem segundo o espírito de Cristo e se desenvolvam e louvem o criador e o redentor”.

Na vida da Igreja fica bem claro que somos um único corpo, mas, diversos e diferentes membros. Todos somos um em Cristo, na fé, no batismo e na unicidade de nosso Deus. Todos são chamados à santidade e à fé. Pastores e fiéis devem estar vinculados entre si, seguindo o exemplo do Senhor, estando a serviço uns dos outros e colaborando entre si mutuamente.

O apostolado dos leigos em favor da causa de Cristo na Igreja é uma vocação. Estes, como membros vivos, devem contribuir com todas as suas forças para o incremento da Igreja e sua santificação perene. O apostolado laico é sua participação ativa na missão salvífica da Igreja. Devem especialmente tornar a Igreja presente e operante naqueles lugares e circunstâncias onde só eles podem ir, e lá ser sal e luz. Nesse sentido, o apostolado leigo supõe ser testemunha e, ao mesmo tempo, instrumento vivo da missão própria da Igreja segundo a graça de Cristo. Um apostolado que faça com que o plano divino da salvação alcance a todos em quaisquer tempos e lugares, abrindo-lhes todos os possíveis caminhos para que, segundo as forças e necessidades próprias, participem ardorosamente na salvação como Igreja.

Um dos ministérios necessários hoje é o do acolhimento, a Pastoral da Acolhida. Ainda necessitamos de dar muitos passos nessa direção. Por isso, o Kairós da JMJ Rio2013 é uma ótima oportunidade de exercer essa acolhida. Incentivo todos os fiéis leigos de nossa arquidiocese a abrir os seus corações para acolherem os jovens que visitarão o Brasil para a JMJ Rio2013. Será um grande ministério esta acolhida: experimentar a convivência fraterna com jovens de todo o mundo que virão se encontrar com Cristo e com o sucessor de Pedro na nossa amada arquidiocese.

Rezemos, pois, nesta semana, especialmente pelos chamados à vocação e à missão dos leigos em nossa Igreja. Instrumentos eficazes do anúncio de Cristo na Igreja e da Igreja para o mundo. Cada qual é chamado a cumprir o mandamento do Senhor: de ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura. Este será também o tema da JMJ Rio2013: fazer discípulos! Esta é a nossa missão permanente! E essa consciência deve ser despertada desde a infância. Rezemos, então, pela infância missionária, grupo que se propõe formar sempre mais nas nossas crianças a consciência missionária que é de toda a Igreja:

Oração Missionária
Senhor Jesus, dou-te graças
porque acendeste no nosso coração um grande amor,
como o dos apóstolos e dos missionários.
Peço-te que renoves
em cada menino e menina
o milagre deste amor,
que conduz a Deus e salva o mundo.
Enche a vida de cada jovem de fé viva,
de amor sincero.
Torna-nos samaritanos da esperança…
Queremos ajudar-te
a construir um mundo
onde reine a paz e o amor.
Amém!

Fonte: jornal Testemunho de Fé 
Dom Orani Jão Tempeste - Arcebispo do Rio de Janeiro