terça-feira, 11 de dezembro de 2012

“A fim de que Deus seja tudo em todos” (‘Cor 15,28)



A nossa fé católica acredita que, no final dos tempos, o Cristo retornará glorioso, os mortos ressuscitarão, haverá o juízo final e a renovação de todo o universo. Estas realidades de fé causam muito assombro sobre a maioria das pessoas. Contudo, se nos aproximarmos delas procurando conhecê-las e haurindo o significado que cada uma tem para nossa vida, podemos viver dentro da alegre esperança que o Cristo nos deixou.

A fé na segunda vinda de Cristo
O Catecismo da Igreja Católica (CIC), no nº 681, afirma que “no dia do juízo, por ocasião do fim do mundo, Cristo virá na glória para realizar o triunfo definitivo do bem sobre o mal, os quais, como o trigo e o joio, terão crescidos juntos ao longo da história”. Assim, o Cristo retornará no fim dos tempos, sua parusia (presença, chegada de alguém esperado). Ninguém sabe quando isto acontecerá, só Deus. Seu retorno marca o triunfo final e definitivo sobre o mal, plenificando o germe do Reino de Deus que já está no meio de nós – a Igreja. Esta plenificação se dá como cumprimento da vontade do Pai, que desde o início da criação planejou elevar os homens à comunhão de vida com a Trindade Santa. Uma coisa importante é que, antes da vinda de Jesus, os cristãos passarão por muitas tribulações, e, nelas, os corações serão provados e conhecidos no tocante a sua fé e a sua adesão ao Ressuscitado. A mensagem final da vinda de Jesus é de esperança nas tribulações, pois o mal, que nos assola, será definitivamente destruído no fim.

A fé na Ressurreição dos mortos
O CIC nº 1038 afirma que “a ressurreição de todos os mortos antecederá o juízo final”. Antes do juízo final, os corpos de todos os mortos se reunirão com suas respectivas almas. Estas já tinham passado pelo juízo particular e, agora, passarão pelo juízo final, unidas aos seus respectivos corpos. Não haverá diferença entre o resultado de um e outro juízo. O próprio deste é que não só a alma, mas o homem todo (corpo e alma), vai vivenciar o seu destino final. A mensagem da ressurreição dos mortos é da conversão e da esperança em relação ao nosso corpo e a nossa unidade pessoal. O corpo também está predestinado à glorificação e não só a alma. 

O que é o Juízo Final
De acordo com o CIC nº 1040, “por meio de seu Filho, Jesus Cristo, o Pai, pronunciará então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos o sentido último de toda a criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para o seu fim último”. No fim dos tempos, saberemos o sentido final de todas as coisas e nossa participação nelas, revelando o alcance de nossas ações e opções nesta vida. Diante do juízo final, a Igreja faz um apelo para que os homens se deixem guiar pela providência divina, seguindo os mandamentos de Cristo, a fim de que tudo seja restaurado n’Ele. No juízo final, a direção dada à alma no juízo particular e partilhada pelo corpo. Neste momento, a obra da redenção estará concluída e os bem-aventurados entrarão, em corpo e alma, nos novos céus e na nova terra.

Novos céus e na terra
Após o juízo final, os santos entrarão no que a Bíblia chama de Jerusalém Celeste. Esta é a renovação misteriosa do mundo material, que não mais estará subjugado pelo pecado e suas estruturas. Nesta nova realidade, reinará a justiça, e todos os desejos de paz que estão no coração do homem serão satisfeitos e excedidos (cf. CIC 1048). Assim, tudo o que vemos está destinado a sofrer a sua Páscoa e se libertar do pecado, servindo, ainda mais, para a comunicação da glória de Deus. 
Para os homens, a vivência nos novos céus e nova terra consiste na visão beatífica, na qual Deus se revelará de maneira inesgotável, sendo fonte constante de felicidade, de paz e de comunhão (cf.CIC 1045). Tudo aquilo que almejamos nesta vida esconde nosso desejo de entramos em comunhão com Deus. Os movimentos do homem tendem a tentar satisfazer sua carência de Deus nas criaturas. Todavia, nada nos satisfaz, pois quando conseguimos uma coisa, logo queremos outra. Só Deus pode dar conta das necessidades de nosso coração de maneira plena e eterna. É isto que nos está reservado na comunhão final com Ele.

Para aprofundar
Indicamos a leitura do CIC Nº 668-679 e 1038-1050; do Compêndio do Catecismo, perguntas 134, 135, 214, 215 e 216; do Youcat, perguntas 111, 112, 163 e 164; da “Lumen Gentium”, parágrafos 48 ao 51, e da “Gaudim et Spes”, parágrafo 22 e 39.

Pe. Vitor Gino Finelon
Vice-diretor das Escolas Mater Ecclesiae e Luz e Vida