Foi apresentado na terça-feira, 20
de novembro, no Vaticano, o esperado terceiro volume da trilogia de Bento XVI
sobre “Jesus de Nazaré”, que aborda a infância de Jesus. O novo livro divide em
quatro capítulos o arco histórico que começa na sua genealogia e termina na
separação e reencontro com os pais, em Jerusalém.
O volume foi apresentado à imprensa
em nove línguas, incluindo português para o Brasil, e sai simultaneamente em 50
países, com uma tiragem inicial de um milhão de cópias. Nos próximos meses,
será traduzido em 20 línguas e publicado em 72 países.
Para o presidente do Pontifício
Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, um dos responsáveis pela
apresentação mundial da obra, “o livro tem um significado especial para os
católicos por causa do tema da encarnação, mas também é válido para todos, já
que toca temas como as crianças, a maternidade, a paternidade, o massacre dos
inocentes, a fuga do Egito. São episódios que enfrentam 'temas dramáticos', que
não interessam apenas aos católicos", disse.
A professora de teologia na PUC do
Rio de Janeiro, Maria Clara Bingemer, esteve presente na coletiva e afirma que
o estilo do livro une "rigor intelectual, profundidade e erudição com uma
espiritualidade, afetividade espiritual muito grandes".
Segundo ela, o livro traz uma vasta
bibliografia e pode ser tomado como fonte de estudos, porém, é mais para ser
rezado e meditado, e seu "tom de espiritualidade" servirá de
preparação para o Natal.
Maria Clara comenta a reflexão sobre
a liberdade humana trazida pelo livro no episódio da anunciação do Anjo à
Virgem Maria e a fé de São José.
“Ele [o livro] faz reflexões muito
importantes sobre a liberdade humana, quando comenta sobre a pessoa de Maria,
como Deus se encarna, pedindo consentimento, a liberdade humana, o respeito
pela sua criatura... isto é muito bonito. Ele ressalta também a fé das pessoas,
quer dizer, a fé de Maria, de José... é muito bonita a reflexão sobre José que
se vê diante daquela situação, em que sua noiva está grávida e não é dele. Ele
acredita que o que está acontecendo com ela é do Espírito Santo, recebe o
menino, lhe dá nome e tudo. É linda esta parte. Depois, vai mostrando como na
encarnação do Verbo o processo de crescimento acontece, quer dizer, não é
porque Jesus é Deus e filho de Deus que está tudo prontinho, ele vai crescendo,
e o Papa diz isso. É muito bonito quando comenta todo o episódio do templo, aos
12 anos; ele vai crescendo em graça, em sabedoria, em estatura, e tudo....”.
Quatro capítulos
O primeiro capítulo da obra apresentada hoje no Vaticano é dedicado à ascendência de Jesus narrada nos evangelhos de Mateus e Lucas, diferentes entre si mas com o mesmo significado teológico: o aparecimento na História e a sua origem verdadeira, que marcam um novo início na história do mundo, adianta a Rádio Vaticano.
O anúncio do nascimento de João Batista e de Jesus ocupa a segunda parte da obra, onde Bento XVI sublinha que Deus, “de certa maneira, fez-se dependente” da humanidade porque se sujeitou ao “‘sim’, não forçado, de uma pessoa humana”, Maria, que aceitou ser mãe.
O contexto histórico do nascimento de Jesus, sob o Império Romano, e o estudo dos elementos que compõem as suas narrativas nos Evangelhos, como a pobreza e o presépio, constituem temas abordados na terceira parte.
No quarto e último capítulo, Bento XVI apresenta a perspetiva sobre os sábios que viram a estrela e a seguiram até ao local do nascimento de Jesus, a que a tradição cristã dá o nome de reis magos, e a fuga de Jesus, Maria e José para o Egito por causa da perseguição da autoridade judaica.
O epílogo acompanha o relato do último episódio da infância, narrado no evangelho segundo São Lucas, quando na peregrinação pascal a Jerusalém, Jesus, então com 12 anos, se afasta de Maria e de José para entrar no templo, onde discutiu com os doutores.
O livro, de 176 páginas, tem um prólogo do Papa e se divide em quatro capítulos e um epílogo. “Espero que o pequeno livro, não obstante os seus limites, possa ajudar muitas pessoas no seu caminho rumo a e com Jesus”, sublinha Bento XVI.
O primeiro volume de ‘Jesus de Nazaré’ foi publicado em 2007 e era dedicado ao início da vida pública de Cristo (desde o batismo à transfiguração). A obra vendeu mais de dois milhões de cópias. A segunda parte foi apresentada em março de 2011, e tratava os momentos que precederam a morte de Jesus e a sua ressurreição. Bento XVI começou a escrever a obra no verão de 2003, antes de sua eleição como Papa.
Fonte: Canção Nova