sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Lançado no Vaticano livro do Papa sobre a "Infância de Jesus"



Foi apresentado na terça-feira, 20 de novembro, no Vaticano, o esperado terceiro volume da trilogia de Bento XVI sobre “Jesus de Nazaré”, que aborda a infância de Jesus. O novo livro divide em quatro capítulos o arco histórico que começa na sua genealogia e termina na separação e reencontro com os pais, em Jerusalém.

O volume foi apresentado à imprensa em nove línguas, incluindo português para o Brasil, e sai simultaneamente em 50 países, com uma tiragem inicial de um milhão de cópias. Nos próximos meses, será traduzido em 20 línguas e publicado em 72 países.

Para o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, um dos responsáveis pela apresentação mundial da obra, “o livro tem um significado especial para os católicos por causa do tema da encarnação, mas também é válido para todos, já que toca temas como as crianças, a maternidade, a paternidade, o massacre dos inocentes, a fuga do Egito. São episódios que enfrentam 'temas dramáticos', que não interessam apenas aos católicos", disse.

A professora de teologia na PUC do Rio de Janeiro, Maria Clara Bingemer, esteve presente na coletiva e afirma que o estilo do livro une "rigor intelectual, profundidade e erudição com uma espiritualidade, afetividade espiritual muito grandes".  

Segundo ela, o livro traz uma vasta bibliografia e pode ser tomado como fonte de estudos, porém, é mais para ser rezado e meditado, e seu "tom de espiritualidade" servirá de preparação para o Natal. 

Maria Clara comenta a reflexão sobre a liberdade humana trazida pelo livro no episódio da anunciação do Anjo à Virgem Maria e a fé de São José. 

“Ele [o livro] faz reflexões muito importantes sobre a liberdade humana, quando comenta sobre a pessoa de Maria, como Deus se encarna, pedindo consentimento, a liberdade humana, o respeito pela sua criatura... isto é muito bonito. Ele ressalta também a fé das pessoas, quer dizer, a fé de Maria, de José... é muito bonita a reflexão sobre José que se vê diante daquela situação, em que sua noiva está grávida e não é dele. Ele acredita que o que está acontecendo com ela é do Espírito Santo, recebe o menino, lhe dá nome e tudo. É linda esta parte. Depois, vai mostrando como na encarnação do Verbo o processo de crescimento acontece, quer dizer, não é porque Jesus é Deus e filho de Deus que está tudo prontinho, ele vai crescendo, e o Papa diz isso. É muito bonito quando comenta todo o episódio do templo, aos 12 anos; ele vai crescendo em graça, em sabedoria, em estatura, e tudo....”.


Quatro capítulos 

O primeiro capítulo da obra apresentada hoje no Vaticano é dedicado à ascendência de Jesus narrada nos evangelhos de Mateus e Lucas, diferentes entre si mas com o mesmo significado teológico: o aparecimento na História e a sua origem verdadeira, que marcam um novo início na história do mundo, adianta a Rádio Vaticano.

O anúncio do nascimento de João Batista e de Jesus ocupa a segunda parte da obra, onde Bento XVI sublinha que Deus, “de certa maneira, fez-se dependente” da humanidade porque se sujeitou ao “‘sim’, não forçado, de uma pessoa humana”, Maria, que aceitou ser mãe.

O contexto histórico do nascimento de Jesus, sob o Império Romano, e o estudo dos elementos que compõem as suas narrativas nos Evangelhos, como a pobreza e o presépio, constituem temas abordados na terceira parte.

No quarto e último capítulo, Bento XVI apresenta a perspetiva sobre os sábios que viram a estrela e a seguiram até ao local do nascimento de Jesus, a que a tradição cristã dá o nome de reis magos, e a fuga de Jesus, Maria e José para o Egito por causa da perseguição da autoridade judaica.

O epílogo acompanha o relato do último episódio da infância, narrado no evangelho segundo São Lucas, quando na peregrinação pascal a Jerusalém, Jesus, então com 12 anos, se afasta de Maria e de José para entrar no templo, onde discutiu com os doutores.

O livro, de 176 páginas, tem um prólogo do Papa e se divide em quatro capítulos e um epílogo. “Espero que o pequeno livro, não obstante os seus limites, possa ajudar muitas pessoas no seu caminho rumo a e com Jesus”, sublinha Bento XVI.

O primeiro volume de ‘Jesus de Nazaré’ foi publicado em 2007 e era dedicado ao início da vida pública de Cristo (desde o batismo à transfiguração). A obra vendeu mais de dois milhões de cópias. A segunda parte foi apresentada em março de 2011, e tratava os momentos que precederam a morte de Jesus e a sua ressurreição. Bento XVI começou a escrever a obra no verão de 2003, antes de sua eleição como Papa.
Fonte: Canção Nova