Na nossa profissão de fé,
proclamamos a Encarnação e a Páscoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Todavia, a
vida inteira d’Ele nos comunica a própria vida de Deus, nos faz conhecedores
das realidades divinas e nos salva do poder das trevas.
Assim, do momento da concepção, no seio virginal de Maria, até o dia em que Ele subiu aos céus, derramando sobre os discípulos seu Espírito, temos a passagem de Jesus deste mundo para o Pai. A Páscoa de Jesus é toda a sua vida e encontra seu ponto culminante nos eventos da sua morte e da sua ressurreição.
Assim, do momento da concepção, no seio virginal de Maria, até o dia em que Ele subiu aos céus, derramando sobre os discípulos seu Espírito, temos a passagem de Jesus deste mundo para o Pai. A Páscoa de Jesus é toda a sua vida e encontra seu ponto culminante nos eventos da sua morte e da sua ressurreição.
A vida de Cristo é mistério
A palavra “mistério” na Sagrada
Escritura quer significar o plano de Deus revelado, realizado por Jesus e
comunicado aos homens pela efusão do Espírito Santo. São Paulo nos diz que “Ele
nos manifestou o mistério de sua vontade, conforme decisão prévia para
realizá-lo na plenitude dos tempos – o desígnio de em Cristo reunir todas as
coisas, as que estão nos céus e as que estão na Terra” (Ef 1,9). A vida de
Jesus cumpre este plano eterno do Pai de reconciliar e de fazer entrar os
homens em comunhão com Deus. Em sua própria pessoa esta vontade do Pai se
realiza, pois n’Ele estão unidas as naturezas divina e humana. Com sua morte e
ressurreição, perdoa os nossos pecados e sela uma aliança eterna e definitiva
entre nós e Deus. Com o envio do seu Espírito Santo, nos torna participantes de
sua vida divina e nos conduz para entrarmos definitivamente na sua glória.
O mistério Pascal
Apesar de sua vida inteira ser
mistério, sem dúvida, na sua paixão, morte e ressurreição, isto fica mais
visível, se tornando o núcleo do mistério pascal. O Compêndio do Catecismo, na
pergunta nº 112, nos afirma que “o mistério pascal de Cristo, que compreende a
sua morte, ressurreição e glorificação, está no centro da fé cristã, porque o
desígnio salvífico de Deus se realizou uma vez por todas com a morte redentora
do seu Filho, Jesus Cristo”. Assim, nos eventos da crucificação e da
ressurreição fica claro que Jesus venceu o sofrimento, o pecado, a morte e o
demônio e que abriu um caminho de vida plena para homens.
A memória da Páscoa
A partir da celebração da ceia
pascal judaica, Jesus institui um conteúdo e um rito pascal novo. Ele mostra
que a Páscoa é a imolação de seu corpo para a salvação dos homens. Este sentido
cristão foi ritualizado na oferta das espécies do pão e do vinho que Jesus fez
aos seus discípulos. O pão é a carne dele entregue e o vinho é o sangue
derramado para a salvação de muitos. Além disto, o Senhor pediu que se fizesse
memória daquele gesto sacramental. Assim, desde o primeiro século as
comunidades cristãs se reúnem para celebrar a Páscoa (cf. 1Cor 5,7-8).
A Páscoa como Paixão
Do século 1 ao 3 d.C., as
comunidades entendiam o mistério pascal como toda a História da Salvação, que
tem seu ápice em Jesus Cristo, em sua vinda, em sua morte e na espera feliz de
seu retorno. O termo grego pascha
(páscoa), que tinha sua origem no termo hebraico pesah (passagem), foi relacionado com outro termo grego pascho (sofrimento). Ora, a Páscoa foi
entendida, sobretudo, como a Paixão, os sofrimentos que Jesus viveu para a
nossa salvação. As comunidades faziam memória da imolação de Jesus na Cruz, ato
salvífico primordial. A crucificação do Senhor era entendida como o início de
sua glorificação.
A Páscoa como Passagem
Traduzindo corretamente o termo
hebraico pesah como “passagem”, São
Clemente de Alexandria e Orígenes entenderão a Páscoa como uma passagem da
falta de fé para a obediência da fé; do pecado para a santidade; da morte para
a vida. A Páscoa de Jesus aponta a Páscoa do cristão. Desta forma, toda a vida
de Cristo e a dos cristãos são uma Páscoa. Os últimos só podem passar por causa
do primeiro, pois Ele é a causa e o modelo de como, do porquê e do para onde
passar.
A Páscoa Cristã
Unindo estas duas maneiras de
entender a Páscoa e percebendo um elo entre elas, Santo Agostinho vai falar do
duplo aspecto da Páscoa: ela é, ao mesmo tempo, a passagem de Cristo e a
passagem do homem. Ela é o sacrifício de Jesus na Cruz, para a remissão dos
pecados, que possibilita aos homens entrarem em comunhão com Deus. Ela é a
passagem de Jesus para a casa do Pai e, por causa disto, a possibilidade de o
homem passar com Ele.
Para aprofundar
Para saber mais sobre o assunto,
conferir os parágrafos do CIC, do número 512 até 521, e 1084 e 1085; o
Compêndio do Catecismo, pergunta 101; o “Youcat”, pergunta 78; e a
“Sacrosanctum Concilium”, nº 5.
Pe. Vitor Gino Finelon
Professor das Escolas de Fé e Catequese
Mater Ecclesiae e Luz e Vida
Professor das Escolas de Fé e Catequese
Mater Ecclesiae e Luz e Vida