Por Dom Orani João Tempesta, O.
Cist.
Iniciamos o mês de maio, dedicado à
Bem Aventurada Virgem Maria. Tivemos a alegria de ter aqui no Rio de Janeiro o
primeiro seminário para refletir sobre trabalho e trabalhador: a Agenda Social
do Trabalho. As conclusões serão levadas às nossas autoridades. Porém, neste
mês, muitas alegrias se descortinam em nosso coração: a celebração das mães, no
segundo domingo; a festa de Nossa Senhora de Fátima, que neste ano para mim tem
um especial significado, porque estarei em Fátima a convite do Senhor Bispo de
Leiria-Fátima, para presidir as solenidades do dia 13 de maio. Na ocasião, a
pedido do próprio Papa Francisco, iremos consagrar o seu Pontificado à materna
proteção da Virgem, que, através dos pastorinhos, convoca a todos para a
conversão do seguimento de Jesus Cristo. Como não lembrar, neste Mês Mariano,
das coroações de Nossa Senhora e dos apelos do Santo Padre para a oração do
rosário em família? Ainda teremos as solenidades da Ascensão e Pentecostes, a
Novena de Pentecostes, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e o Dia
Mundial das Comunicações Sociais.
O tempo urge e a Jornada Mundial da
Juventude já está a semanas de acontecer aqui no Rio de Janeiro. Também
colocamos a intenção de consagrar toda a JMJ, seus jovens, colaboradores,
organizadores a Maria, para que interceda por todos e nos ensine a dizer “sim”
ao Senhor para que o seu plano de amor e salvação se cumpra em nossas vidas.
Toda a vida de Maria, de cujo seio
se desprendeu e brilhou “a luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo”
(Jo 1, 9), se desenrola em comunhão íntima com Jesus: “Levando, na terra, uma
vida semelhante à do comum dos homens, cheia de cuidados domésticos e de
trabalhos, Ela a todo o momento se mantinha unida a Seu Filho” (cf.
“Apostolicam Actuositatem”, nº 4), permanecendo na intimidade com o mistério do
Redentor. Ao longo desse caminho de colaboração na obra redentora, a sua
própria maternidade “veio a conhecer uma transformação singular, sendo cada vez
mais cumulada de "caridade ardente" para com todos aqueles a quem se
destinava a missão de Cristo”(Redemptoris Mater, nº 39) e para os quais e no qual
se vê consagrada Mãe, aos pés da cruz: “Eis o teu filho”! Deste modo, tendo Ela
gerado Cristo, Cabeça do Corpo Místico, deveria também gerar os membros do
mesmo Corpo. Por isso “Maria abraça, com a sua nova maternidade no Espírito,
todos e cada um dos homens na Igreja; e abraça também todos e cada um mediante
a Igreja” (“Redemptoris Mater”, nº 47). A Igreja, por sua vez, não cessa de
lhos consagrar.
A mensagem de Fátima é cheia de
esperança, exigente e ao mesmo tempo confortadora, anunciada a todos os homens
e mulheres de boa vontade, particularmente num mundo violento que clama por paz
e por justiça. É centrada na oração, na penitência e na conversão, que se
projeta para além das ameaças, perigos e horrores da história, para convidar o
homem a ter confiança na ação de Deus, a cultivar a grande boa Esperança, a
fazer experiência da graça do Senhor para se enamorar d'Ele, fonte do amor e da
paz.
Vivemos dias de grande violência
urbana: assistimos atônitos ao desrespeito para com as pessoas. Casas são
invadidas por criminosos que não respeitam mais a vida humana. Crianças e
idosos não são mais respeitados. Mata-se pelo simples gosto de
"vingar", quando não há produto lucrativo dos roubos nas residências,
e também no comércio, ou seja, em nossos trabalhos. Maria Santíssima nos traz
uma mensagem de paz, de confiança inabalável em Deus, em primeiro lugar, para
que possamos abrir nossos corações para uma conversão muito profunda. Uma
conversão de mudança de mentalidade: o povo brasileiro sempre respeitou a
família. O povo brasileiro sempre amou, como Jesus, as crianças. Nossa gente
sempre respeitou a terceira e melhor idade. O grande problema da violência
reside não na diminuição da maioridade penal, mas na revalorização da família.
Nossos casais não devem ter medo da maternidade, de constituírem famílias
numerosas. Somente dentro de um lar, alicerçado sob os valores do Evangelho, é
que educaremos a juventude para os valores de Deus, para a cidadania, para a
solidariedade, para a justiça e para o respeito à vida, como primado principal
do Filho de Deus e do cidadão.
Nesse sentido, Maria nos ensina,
pela sua verdadeira devoção à imitação das suas virtudes, que Ela nos
conduz sempre a Jesus. Por isso, o saudoso Papa Paulo VI nos ensinou que: “porém,
nem a graça do Redentor divino, nem a intercessão poderosa da Sua Mãe e nossa
Mãe espiritual, nem a sua excelsa santidade poderiam conduzir-nos ao porto da
salvação, se a tudo isso não correspondesse a nossa perseverante vontade de
honrar Jesus Cristo e a Virgem Santa com a devota imitação das suas sublimes
virtudes. É, pois, dever de todos os cristãos imitar com espírito reverente os
exemplos de bondade que lhes foram deixados pela Mãe do Céu. É esta, veneráveis
irmãos, a outra verdade sobre a qual nos agrada chamar a vossa atenção e a dos
filhos confiados aos vossos cuidados pastorais, para que eles aceitem
favoravelmente a exortação dos Padres do Concílio Vaticano II: “Recordem-se os
fiéis de que a devoção autêntica não consiste em sentimentalismo estéril e
passageiro ou em vã credulidade, mas procede da fé verdadeira que nos leva a
reconhecer a excelência da Mãe de Deus e nos incita a um amor filial para com a
nossa Mãe, e à imitação das suas virtudes”. É a imitação de Jesus Cristo,
indubitavelmente, o régio caminho a percorrer para chegar à santidade absoluta
do Pai celeste. Mas, se a Igreja Católica sempre proclamou esta verdade tão
sacrossanta, também afirmou que a imitação da Virgem Maria, longe de afastar as
almas do fiel seguimento de Cristo, O torna mais amável, mais fácil; na
verdade, havendo Ela cumprido sempre a vontade de Deus, mereceu em primeiro
lugar o elogio que Jesus Cristo dirige aos discípulos: “Todo aquele que fizer a
vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é que é meu irmão, minha irmã e
minha mãe” (Mt 12,50) (cf. Signum Magnum, nº 8).
A devoção mariana, particularmente
pela recitação do rosário em nossas famílias, em nossas comunidades, em nossas
paróquias e em nossos trabalhos nos ajudará, neste mês abençoado, a nos
colocarmos na escola de Maria, que nos ensina a fazer sempre a vontade de Jesus.
Os mistérios contemplados no rosário são de Jesus. A repetição das Ave-Marias é
um modo contemplativo de estar com Maria a meditar nos mistérios de nossa
salvação, porque o Rosário Mariano é completamente cristológico.
Maria Santíssima nos ensina a sempre
fazer a vontade de Jesus. Por isso, neste mês vamos valorizar a recitação do Terço
em família e nas nossas comunidades. Convido todos a fazerem peregrinação
paroquial, de grupos, familiares, ou pessoais aos nossos Santuários marianos de
Nossa Senhora da Penha e de Nossa Senhora de Fátima, ganhando as graças
necessárias adjuntas ao Ano da Fé.
Ser filho devoto de Maria nos educa
a fazer a vontade de Deus e a rezar nas necessidades da Igreja, pelo êxito da
JMJ, da qual a Virgem Aparecida é nossa padroeira, e rezar para todos os que
procuram a paz para testemunhar Jesus no mundo.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
para que sejamos dignos das promessas de Cristo! Amém, Aleluia! Bom mês de
maio, rosários nas mãos, pés no chão e olhos para o céu!