sexta-feira, 10 de maio de 2013

O culto da Bem-Aventurada Virgem Maria

            De acordo com a Constituição dogmática “Lumen Gentium”, nº 66, “Maria foi exaltada pela graça de Deus acima de todos os anjos e de todos os homens, logo abaixo de seu Filho, por ser a Mãe Santíssima de Deus e, como tal, haver participado nos mistérios de Cristo. Por isso, a Igreja a honra com culto especial”. Vejamos que culto é este prestado pela Igreja em honra a Virgem.

Desde Sempre
            A exortação apostólica “Marialis Cultus” afirma no nº 15 que “o culto que a Igreja universal tributa a Santíssima Virgem é derivação, prolongamento e acréscimo incessante daquele mesmo culto que a Igreja de todos os tempos lhe rendeu, com escrupuloso estudo da verdade e com uma sempre vigilante nobreza de formas”.
            Na verdade, a presença de Maria na Liturgia se dá desde as primeiras homilias que utilizavam os textos bíblicos que dela falavam, destacando-se, indubitavelmente, o cântico do Magnificat (Lc 1,46-55). Já no segundo século, encontramos numa homilia, de Melitão de Sardes, sobre a Páscoa, o título de “ovelha sem mancha” aplicado a Maria. No terceiro século, temos na Tradição Apostólica, de Hipólito de Roma, menções a Virgem em textos de cunho batismal (profissão de fé na encarnação) e eucarístico. As solenidades do Natal e da Epifania no seu desenvolvimento deram espaço para a reflexão sobre o papel de Maria na história da salvação. A partir do Concílio de Éfeso (431) se desenvolveu mais o culto em honra a Virgem, Mãe de Deus.
            Do terceiro século é ainda uma das orações marianas mais antigas e que hoje a rezamos assim: “À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezais as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos; ó Virgem gloriosa e bendita”.

Participação de Maria nos mistérios de Cristo
            Sem dúvida a base de todo culto mariano é a íntima relação de Maria com seu filho Jesus. A liturgia apresenta as festas marianas no decorrer da memória que o Ano Litúrgico faz da vida de Cristo, revelando, assim, o conteúdo salvífico presente nos eventos ocorridos com Maria. Desta forma, podemos dividir em três grupos as celebrações marianas: as solenidades dogmáticas; as festas de conteúdo bíblico-teológico e as memórias de acordo com as devoções.
            As quatro solenidades são: Imaculada Conceição de Maria (8 de dezembro); Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro); Anunciação o Senhor (25 de março); e Assunção de Maria (15 de agosto). A festas são: Apresentação do Senhor (2 de fevereiro); Visitação de Nossa Senhora (31 de maio); e Nascimento da Virgem (8 de setembro). As memórias são: Nossa Senhora de Lourdes (11 de fevereiro); Imaculado Coração de Maria (sábado após o segundo domingo de Pentecostes); Nossa Senhora do Monte Carmelo (16 de julho); Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior (5 de agosto); Maria, Rainha do Ce (oito dias após a Solenidade da Assunção); Nossa Senhora das Dores (15 de setembro); e Nossa Senhora do Rosário (7 de outubro). No Brasil, ganha caráter de solenidade a celebração de Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro).

A Virgem Maria como modelo para a Igreja
            A Virgem Maria é apresentada como modelo de atitude de culto porque sua vida está marcada pela escuta da Palavra de Deus, pelo diálogo, pela oferta de sua vida e pela geração de Jesus. Desta maneira, ela é apresentada como mestra de espiritualidade. De fato, a vida de Maria é marcada pela inspiração e moção do Espírito Santo de Deus. Assim, todo crente e toda a Igreja tem em Maria um ícone de uma pessoa obediente ao Pai, geradora de Cristo no mundo e repleta do Espírito.
           
Os exercícios de Piedade
            Devendo estar em profunda consonância com a liturgia, os exercícios de piedade, que foram sendo cunhados ao longo dos séculos e que chegaram até nós são uma demonstração da piedade mariana. Os dois exercícios mais comuns são a oração do ângelus e o rosário. A oração do ângelus tem como motivação contemplar o mistério da encarnação, no qual Maria teve participação pelo seu “sim”. Muitos guardam o costume de rezá-lo pela manhã, ao meio dia e às 18h. O rosário, nascido dentro das experiências da Ordem dos Pregadores, procura contemplar os mistérios da encarnação (gozosos), do ministério público (luminosos); da paixão e morte (dolorosos) e da ressurreição e glorificação (gloriosos) de Cristo e a participação de Maria Santíssima neles. Estas duas orações podem se beneficiar bastante de sua base bíblica e, também, encaminhar os fiéis para a celebração da liturgia.

Que tipo de culto é este dado a Maria?
            O próprio compêndio do Catecismo nos responde de forma sucinta e completa: “é um culto singular, mas difere essencialmente do culto de adoração prestado somente a Santíssima Trindade. Esse culto de especial veneração encontra particular expressão nas festas litúrgicas dedicadas a Mãe de Deus e na oração mariana, como o Santo Rosário, resumo de todo o Evangelho”.

Para aprofundar
            Para saber mais sobre o assunto, conferir o parágrafo 971 do Catecismo da Igreja Ctólica; o Compêndio do Catecismo, pergunta 198; o Youcat, pergunta 149; e, a “Lúmen Gentium”, números 66 e 67.

Pe. Vitor Gino Finelon
Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida