Por Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Mês de
maio, mês de Maria! Grandes são as manifestações de amor e devoção à Santíssima
Virgem Maria, mãe do povo, que está atenta a suas necessidades e vem ao socorro
dos seus. Mãe de grande veneração, que atrai multidões aos seus santuários,
tanto aqui no Brasil como pelo mundo. Terei a alegria de estar no Santuário de
Fátima, em Portugal, para consagrar os jovens da JMJ a Maria, juntamente com o
desejo do Santo Padre, o Papa Francisco, de consagrar a ela seu pontificado.
A oração
da Ave Maria, tão bíblica e eclesial ao mesmo tempo, nos situa sempre nesse
mistério. Oração de grande beleza, foi sendo proclamada pelo próprio Deus,
através do arcanjo Gabriel: “Ave, cheia de graça! O Senhor esta contigo!” (Lc
1,28), saudação inicial do mistério da encarnação, confirmada por Isabel, “Tu
és bendita entre as mulheres e é bendito o fruto do teu ventre!” (Lc 1,42)
e gerada no coração dos cristãos ao longo dos séculos:“Santa Maria, Mãe de
Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte!”.
Por esta
oração entramos na intimidade com a Trindade Santa. É a saudação que dirigimos
a Maria, pois foi a oração proferida pelo próprio Deus. Grandes são os
benefícios dos fiéis que recorrem a esta Boa Mãe. Muitos santos pregaram que tendo
a salvação do mundo começado pela Ave-Maria, a salvação de cada alma em
particular está ligada a esta oração. (São Luís Maria Grignion de
Montfort, T.V.D. n 249).
São
Bernardo de Claraval nos ensina: “clama Maria com fervor, e ela não
deixará de lado a tua necessidade, pois ela é misericordiosa ou, melhor, a mãe
da misericórdia”. Essa misericórdia foi buscada pelos fiéis leigos, pelo
século 12, que teceram o Rosário, exercício de oração composto por dezenas da
mais bela oração – a Ave-Maria – que, como orvalho do céu, embeleza um rosal,
um campo de rosas.
O Rosário
torna-se uma oração de grande estima por parte dos leigos e recomendada
constantemente por Papas, como o Papa Beato João Paulo II: “O Rosário é
minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na
profundidade”. Oração de grande valor diante da Virgem Maria, que aos
pastorinhos de Fátima, em 19 de agosto de 1917, recomenda: “Quero que
continueis a rezar o terço todos os dias. Rezai, rezai muito e fazei
sacrifícios pelos pecadores!”.
São Luís
Maria Grignion de Montfort nos ensina que o Rosário, ou o Santo Terço,
eleva-nos ao conhecimento de Jesus Cristo, purifica nossas almas do pecado,
torna-nos vitoriosos sobre todos os nossos inimigos e fáceis à prática das
virtudes. Este santo ainda nos ensina que para conhecer se uma pessoa é
de Deus, é preciso verificar se ela gostar de rezar a Ave-Maria e o Terço, pois
quem é de Deus sempre gosta e inspira os outros a rezarem.
Ao
contemplarmos os quatro mistérios do Rosário: gozosos, luminosos, dolorosos e
gloriosos, contemplamos a vida de Nosso Senhor e a presença discreta, mas atuante,
de Maria durante toda a história da salvação. De fato, sobre o fundo
das palavras da Ave-Maria passam diante dos olhos da alma os principais
episódios da vida de Jesus Cristo, como nos ensina o Beato João Paulo II.
O Rosário é profundamente cristológico, pois nos fala dos mistérios de nossa
salvação e é, ao mesmo tempo, contemplativo, junto com Maria. O Papa Francisco
esteve já duas vezes em visita a Nossa Senhora na Basílica Romana de Santa Maria
Maior, seja no primeiro momento para pedir a Maria pelo seu Pontificado, seja
para rezar àquela que “nos ajuda a crescer, a afrontar a vida, a ser livres”.
Ele também escolheu iniciar a sua visita ao Brasil com um ato devocional a
Nossa Senhora. Aparecida, como ficou claro em sua decisão de vir presidir a
Jornada Mundial da Juventude.
Também nós
podemos ver nas palavras da Ave-Maria a contemplação da vida de Cristo e a
nossa vida assim iluminada: ao longo do Rosário veremos a presença de Maria
desde nosso batismo ao sermos consagrados a Ela, passando pelas aventuras da
juventude, nas dificuldades da vida adulta, na vida familiar e como companhia
na solidão dos idosos. Ainda citando o Beato João Paulo II, a simples
oração do Rosário marca o ritmo da vida humana, marca o amor de Deus
presente na vida dos seus filhos.
Cânticos,
festas, peregrinações e orações marianas como o Rosário são fontes de graças
que o próprio Deus nos concedeu, para estarmos mais intimamente ligados a Ele,
através de Maria. Como nos diz São Bernardo: Deus vendo que somos indignos de
receber as graças diretamente das suas mãos, dá-as a Maria, a fim de que por
Ela recebamos tudo o que Ele nos quis dar, “para que a graça regresse ao
seu autor pelo mesmo canal por onde veio”.
Estamos no
Ano da Fé, ano da Graça de Deus, quando Maria se faz presente acolhendo seus
filhos dispersos na fé, acolhendo-os na Igreja de seu Filho, na qual Ela é Mãe.
Santo Irineu expressa que “o nó da desobediência de Eva foi desfeito pela
obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela incredulidade, a Virgem
Maria desligou pela fé”. Observar Maria e seguir seu exemplo é um caminho
seguro de fé e de obediência à vontade de Deus.
Que
tenhamos Maria como nossa companheira nesta estrada, santificando-nos pela vida
de Cristo, e com o exemplo de Maria. Como devotos desta boa mãe, vamos nos unir
a Ela através do Rosário, meditando a graça de Deus manifestada aos homens
pelas mãos de Maria. Contemplemos tão bela face de Maria, Nossa Senhora de
Fátima, aquela que vem aos mais simples, mas de coração puro e desapegado. Como
os pastorinhos, estejamos atentos ao seu apelo: “Quero que continueis a
rezar o terço todos os dias. Rezai, rezai muito...”.