As
festas juninas resistem nos colégios, nos bairros e nas paróquias. O termo
resistência é conveniente diante de dois pólos de oposição: de um lado a
secularização, que as afasta do seu ambiente devocional originário, e de outro
o aumento de denominações ditas evangélicas, que lhes são contrárias ou hostis.
As
festas juninas se originam da rica herança portuguesa, que nos deixou, além da
língua e de vários costumes, um catolicismo popular devocional e festivo,
adaptado às várias realidades nacionais.
Santo Antônio nasceu em Lisboa. Entende-se
porque se tornaria o mais popular e o mais querido dentre os santos no Brasil. É
o santo da casa; do amor no namoro, no casamento e na família; do pão na mesa,
da fartura do alimento, fruto do trabalho; do achado das coisas perdidas pelo
lapso da memória. O frade franciscano nos recorda o amor para com os pobres e
desvalidos. Ensina-nos a caridade solidária. Há mais alegria em dar do que
receber. As alegrias, pequenas e grandes, dão satisfação à vida. Portanto, a
alegria domina sua festa.
São João dispensa apresentações.
Conforme o Evangelho de Lucas, seu nascimento haveria de trazer grande alegria
para o mundo inteiro. Trouxe-a, primeiramente, para Zacarias e Isabel. Não
imaginavam que pudessem ter um filho na velhice. Trouxe-a também para os
vizinhos, amigos casal. Ele próprio pulou de alegria no ventre da mãe, quando
visitado por Maria que em si trazia Jesus. Assim aprendemos que Maria é causa
de nossa alegria: ela nos traz o Salvador. Acende-se a fogueira, símbolo da luz
verdadeira, que dissipa as trevas. Em muitos lugares, se abençoa a fogueira
como rito próprio. Convém manter ou restaurar este rito quando a festa está
ligada à paróquia. Significa que João não é a luz, mas veio para dar-lhe
testemunho, como nos ensina o evangelista do mesmo nome. Veio para anunciar
Jesus e preparar-lhe os caminhos. Por isso, também a alegria domina sua festa.
Alegria mais espiritual.
São Pedro é um santo simpático. Jesus o
escolheu para ser o primeiro entre os demais Deixa de ser pescador para se
tornar pastor e timoneiro da Igreja. Muitas vezes, seria repreendido pelo
Mestre. Parece que não se emendava. Aprendia com dificuldade a usar as chaves
que recebera. Reassume seu amor para com o Mestre após as negações e caminha à
frente do rebanho, desde Pentecostes até o martírio. A alegria toma conta de
sua festa, pois nos ensinou: “na medida em que participais dos sofrimentos de
Cristo, alegrai-vos, para que também na revelação da sua glória possais ter uma
alegria transbordante” (1 Pd 4,13).
Os
santos são amigos de Deus. Estão próximos de Jesus. São reconhecidos como
padroeiros e protetores. Sua devoção cria cultura. Mantém nosso substrato
cultural católico. Por isso, as festas juninas criaram ou adaptaram as
quadrilhas, as músicas, as roupas, os cenários, as decorações e a culinária. Há
elementos comuns e diferenciados nos estados e regiões.
Surpreende
que na cidade do Rio de Janeiro as festas juninas persistam e se multipliquem
nos bairros, em ruas, em quadras de colégios e clubes e até em condomínios. Nas
igrejas são promovidos os tríduos, novenas e trezenas a estes santos titulares.
Enfeitam-se seus andores para as procissões. As pessoas se unem no trabalho e
na oração com visível contentamento. Assim, Deus, nosso Pai, é louvado e é
admirado em seus santos. Eis a mensagem dos festejos.