sexta-feira, 14 de junho de 2013

Festas Juninas e seus santos

            As festas juninas resistem nos colégios, nos bairros e nas paróquias. O termo resistência é conveniente diante de dois pólos de oposição: de um lado a secularização, que as afasta do seu ambiente devocional originário, e de outro o aumento de denominações ditas evangélicas, que lhes são contrárias ou hostis.
            As festas juninas se originam da rica herança portuguesa, que nos deixou, além da língua e de vários costumes, um catolicismo popular devocional e festivo, adaptado às várias realidades nacionais.
            Santo Antônio nasceu em Lisboa. Entende-se porque se tornaria o mais popular e o mais querido dentre os santos no Brasil. É o santo da casa; do amor no namoro, no casamento e na família; do pão na mesa, da fartura do alimento, fruto do trabalho; do achado das coisas perdidas pelo lapso da memória. O frade franciscano nos recorda o amor para com os pobres e desvalidos. Ensina-nos a caridade solidária. Há mais alegria em dar do que receber. As alegrias, pequenas e grandes, dão satisfação à vida. Portanto, a alegria domina sua festa.
            São João dispensa apresentações. Conforme o Evangelho de Lucas, seu nascimento haveria de trazer grande alegria para o mundo inteiro. Trouxe-a, primeiramente, para Zacarias e Isabel. Não imaginavam que pudessem ter um filho na velhice. Trouxe-a também para os vizinhos, amigos casal. Ele próprio pulou de alegria no ventre da mãe, quando visitado por Maria que em si trazia Jesus. Assim aprendemos que Maria é causa de nossa alegria: ela nos traz o Salvador. Acende-se a fogueira, símbolo da luz verdadeira, que dissipa as trevas. Em muitos lugares, se abençoa a fogueira como rito próprio. Convém manter ou restaurar este rito quando a festa está ligada à paróquia. Significa que João não é a luz, mas veio para dar-lhe testemunho, como nos ensina o evangelista do mesmo nome. Veio para anunciar Jesus e preparar-lhe os caminhos. Por isso, também a alegria domina sua festa. Alegria mais espiritual.

            São Pedro é um santo simpático. Jesus o escolheu para ser o primeiro entre os demais Deixa de ser pescador para se tornar pastor e timoneiro da Igreja. Muitas vezes, seria repreendido pelo Mestre. Parece que não se emendava. Aprendia com dificuldade a usar as chaves que recebera. Reassume seu amor para com o Mestre após as negações e caminha à frente do rebanho, desde Pentecostes até o martírio. A alegria toma conta de sua festa, pois nos ensinou: “na medida em que participais dos sofrimentos de Cristo, alegrai-vos, para que também na revelação da sua glória possais ter uma alegria transbordante” (1 Pd 4,13).
            Os santos são amigos de Deus. Estão próximos de Jesus. São reconhecidos como padroeiros e protetores. Sua devoção cria cultura. Mantém nosso substrato cultural católico. Por isso, as festas juninas criaram ou adaptaram as quadrilhas, as músicas, as roupas, os cenários, as decorações e a culinária. Há elementos comuns e diferenciados nos estados e regiões.
            Surpreende que na cidade do Rio de Janeiro as festas juninas persistam e se multipliquem nos bairros, em ruas, em quadras de colégios e clubes e até em condomínios. Nas igrejas são promovidos os tríduos, novenas e trezenas a estes santos titulares. Enfeitam-se seus andores para as procissões. As pessoas se unem no trabalho e na oração com visível contentamento. Assim, Deus, nosso Pai, é louvado e é admirado em seus santos. Eis a mensagem dos festejos.