A constituição dogmática Sacrosanctum
Concilium, no número 102, afirma que o Ano Litúrgico “revela todo o
mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a Encarnação e Nascimento até a
Ascensão, ao Pentecostes, à expectativa da feliz esperança e da vinda do Senhor”.
Vamos nos deter um pouco neste ciclo anual no qual a Igreja faz memória, pela
força do Espírito Santo, da vida de seu Senhor e, com isto, glorifica ao Pai e
santifica os homens.
Páscoa, núcleo do Ano Litúrgico
O centro
da celebração da Igreja é o mistério da morte e da ressurreição de Jesus. Por
isso, uma vez por ano, celebramos a solenidade da ressurreição do Senhor, a
Páscoa anual. A data desta festa é móvel, obedecendo ao calendário lunar.
Fixou-se a Páscoa no primeiro domingo que segue a lua cheia após o equinócio da
primavera (do Hemisfério Norte). Todavia, a celebração do domingo da Páscoa
pertence ao Tríduo Pascal. Este começando nas vésperas da quinta-feira anterior
(celebração da Ceia do Senhor), passa pela sexta-feira (ato litúrgico da Paixão
do Senhor) e pelo Sábado (dia do grande silêncio), e desemboca na grande
Vigília Pascal que inicia o Domingo da Páscoa. “Partindo do Tríduo Pascal, como
de sua fonte de luz, o tempo novo da Ressurreição enche todo o Ano Litúrgico
com sua claridade” (CIC nº 1.168), pois “o Ano Litúrgico é o desdobramento dos
diversos aspectos do único mistério pascal de Cristo” (CIC nº 1.171).
O Tempo da Quaresma e da Páscoa
No tempo
da Quaresma, inspirados nos 40 dias em que Jesus esteve no deserto, temos o
período de preparação para a Páscoa. O primeiro dia da Quaresma é a
quarta-feira de cinzas. Este tempo conta com seis domingos celebrativos, sendo
que o sexto se chama Domingo de Ramos ou da Paixão do Senhor, e com ele se
inicia a Semana Santa. Possui duas características segundo a SC nº 109:
preparar tanto os catecúmenos para receber os sacramentos no Tempo Pascal,
quanto os cristãos iniciados para a celebração do mistério pascal, e ser um
tempo de penitência e conversão.
O Tempo da
Páscoa decorre do primeiro domingo da Páscoa até a solenidade de Pentecostes.
Ele tem sete domingos celebrativos nos quais se recordam as aparições do
Ressuscitado, a sua ascensão ao Céu e o envio do Espírito Santo sobre os
apóstolos no cenáculo, manifestando a Igreja. Os oito primeiros dias do tempo
da Páscoa, ou seja, do primeiro até o segundo domingo, são chamados de ‘oitava
da Páscoa’. Estes dias são celebrados com a mesma dignidade do grande domingo,
pois são comemorados como um único dia solene. Na verdade todo o Tempo da
Páscoa é visto como um grande domingo que se estende por cinquenta dias.
O Natal e o seu ciclo
Dando
início ao Ano Litúrgico e apontando o mistério da Páscoa, se encontra o ciclo
do Natal, composto pelo Tempo do Advento e do Natal. O Tempo do Advento não tem
um número fixo de dias e depende sempre da celebração do Natal. Ele começa na
tarde (I Vésperas) do primeiro domingo após a solenidade de Cristo Rei e se
desenvolve até o momento anterior à tarde (I Vésperas) do Natal. É composto por
quatro semanas e, assim, quatro domingos celebrativos. Possui uma dupla
característica: preparar os cristãos para celebrar a solenidade do Natal e, com
isso, anunciar a segunda vinda do Senhor.
O Tempo do
Natal se estende da tarde da festa do Natal até a festa do Batismo do Senhor. É
um tempo rico em solenidades e festas que marcam a manifestação de Deus aos
homens por meio da Encarnação do Verbo. Assim, temos a solenidade do Nascimento
do Senhor com sua respectiva oitava, a festa da Sagrada Família, a solenidade
da Santa Mãe de Deus, a solenidade da Epifania do Senhor, e a festa do Batismo
do Senhor.
O Tempo Comum
O restante
do ano, cerca de 33 ou 34 semanas, se chama Tempo Comum. Este se divide em duas
etapas: uma entre o Tempo do Natal e o da Quaresma e outra entre o Tempo da
Páscoa e o do Advento. Na última semana do Ano Litúrgico, celebra-se Jesus
Cristo, Rei do Universo. Neste período, o domingo é o dia principal de
celebração, é a Páscoa semanal do cristão. Pois aquilo que a Festa da Páscoa
representa para o Ano Litúrgico, o domingo representa para a semana litúrgica.
Os chamados ‘dias férias’ são dias celebrativos nos quais a assembleia se
alimenta cotidianamente da Palavra de Deus e dos sacramentos. Em alguns
domingos e dias férias deste tempo celebramos solenidades, festas e memórias do
Senhor, da Virgem Maria e dos santos.
Para aprofundar...
Para saber
mais sobre o assunto, indicamos CIC (Catecismo da Igreja Católica), números
1.168 até 1.173; no Compêndio do Catecismo, perguntas de 241 e 242; no Youcat,
perguntas de 184 até 187; e Sacrosanctum
Concilium, capítulo V.
Pe. Vitor Gino Finelon
Professor das Escolas de Fé e
Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida