segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Papa inaugura o Sínodo: trabalhar com liberdade e criatividade em prol da família

O Papa Francisco inaugurou oficialmente neste domingo, 5 de outubro, a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos com a missa celebrada esta manhã na Basílica Vaticana.
Concelebraram com o Pontífice os cerca de 190 padres sinodais que a partir desta segunda-feira, no Vaticano, debaterão o tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”.
Comentando as leituras do dia, a imagem da vinha do Senhor inspirou a homilia do Santo Padre, por representar o projeto de Deus para a humanidade.
O “sonho” do Senhor é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça.
Mas tanto na antiga profecia como na parábola de Jesus, o sonho de Deus fica frustrado, pois a ganância e a soberba dos agricultores, aos quais a vinha foi confiada, impediram-lhes de cultivá-la.
“A tentação da ganância está sempre presente”, constatou o Papa. "A ganância de poder e de dinheiro." E os agricultores arruínam o projeto do Senhor pois não trabalham para Ele, mas só para os seus interesses, "carregando sobre os ombros do povo pesos insuportáveis". Quando, na verdade, a tarefa dos líderes do povo é cultivar a vinha com liberdade, criatividade e diligência.
“Também nós somos chamados a trabalhar para a vinha do Senhor, no Sínodo dos Bispos”, disse Francisco, recordando que as assembleias sinodais não servem para discutir “ideias bonitas e originais, nem para ver quem é mais inteligente… Servem para cultivar e guardar melhor a vinha do Senhor, para cooperar no seu sonho, no seu projeto de amor a respeito do seu povo. Neste caso, o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade”.
Todavia, advertiu o Papa, há sempre um risco à espreita, ou seja, de que a ganância e a hipocrisia deixem que alguns servidores de Deus caiam na tentação de se apoderar de sua vinha. Para não frustrar o sonho do Senhor, é preciso se deixar guiar pelo Espírito Santo, que dá a sabedoria e a capacidade de trabalhar com liberdade e criatividade.
“Irmãos sinodais, para cultivar e guardar bem a vinha, é preciso que os nossos corações e as nossas mentes sejam guardados em Cristo Jesus pela «paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência», como diz São Paulo. Assim, os nossos pensamentos e os nossos projetos estarão de acordo com o sonho de Deus: formar para Si um povo santo que Lhe pertença e produza os frutos do Reino de Deus”, concluiu o Pontífice.
Na segunda-feira, dia 6, os trabalhos terão início às 9h. O primeiro tema em debate será "matrimônio e família". O Sínodo encerra-se no domingo, dia 19.

Ângelus: a família cresce com a luz e a força da Palavra de Deus
O Sínodo sobre a família foi o tema da alocução do Papa Francisco que precedeu a oração mariana do Ângelus, este domingo.
Da janela do Palácio Apostólico, o Pontífice saudou os inúmeros fiéis e peregrinos presentes na Praça S. Pedro, recordando a celebração eucarística desta manhã, na Basílica Vaticana, para a inauguração da Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos.
Comentando o Evangelho do dia, que apresenta a imagem da vinha, Francisco afirmou que cuidar da família é um modo de trabalhar na vinha do Senhor, para que produza os frutos de Deus.
“Mas para que a família possa caminhar bem, com confiança e esperança, é preciso que seja nutrida pela Palavras de Deus”, recordou o Papa, congratulando-se com a família paulina, que celebra cem anos de fundação.
Para festejar a data, os filhos espirituais do Beato Tiago Alberione distribuíram aos fiéis na Praça milhares de Bíblias.
“Então, hoje, enquanto se abre o Sínodo para a família, com a ajuda dos paulinos podemos dizer: uma Bíblia em cada família! Não para depositá-la na prateleira, mas tê-la sempre à mão, para ler com frequência, todos os dias, seja individualmente, seja em companhia, marido e mulher, pais e filhos, talvez à noite, especialmente no domingo. Assim, a família cresce, caminha, com a luz e a força da Palavra de Deus”, disse Francisco, mostrando a Bíblia distribuída e pedindo que os fiéis não fossem "espertalhões", e pegassem somente uma cópia para cada família.
O Pontífice conclui pedindo com insistência a oração de todos pelas "duas intensas semanas" de diálogo e confronto que caracterizarão os trabalhos do Sínodo.
Na rede social "Twitter", o Papa também pediu orações pelo evento com a seguinte mensagem, seguida da hashtag #prayforsynod
"No momento em que começamos o Sínodo sobre a Família, peçamos ao Senhor que nos indique o caminho."

Escuta e diálogo para renovar a Igreja, pede Francisco na vigília pelo Sínodo
O Papa Francisco participou na tarde de sábado, dia 4, da vigília de oração pelo Sínodo da família. A vigília teve lugar na Praça de S. Pedro e foi promovida pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), com o tema “Acende uma luz na família".
Foram apresentados testemunhos de três casais italianos em diferentes fases da vida: o noivado, a prole e a reconciliação depois de seis anos de separação. No final desta vigília, o Papa Francisco dirigiu-se aos cerca de 40 mil fiéis para ressaltar que “a família continua a ser escola incomparável de humanidade”:
“A comunhão de vida assumida pelos esposos, a sua abertura ao dom da vida, a atenção recíproca, o encontro e a memória das gerações, o acompanhamento educativo, a transmissão da fé cristã aos filhos… com tudo isto a família continua a ser escola incomparável de humanidade, contributo indispensável para uma sociedade justa e solidária.”
A família é uma escola que encontra no Evangelho a força e a ternura para enfrentar os momentos de infelicidade e de violência, observou o Santo Padre: “No Evangelho está a salvação que preenche os desejos mais profundos do homem! Desta salvação – obra da misericórdia de Deus e Sua graça – como Igreja somos sinal e instrumento, sacramento vivo e eficaz.”
O Pontífice identificou três atitudes importantes com as quais se poderá renovar a Igreja e a sociedade, para assumir com responsabilidade pastoral as interrogações que esta mudança de época nos traz: a escuta e o confronto sobre a família, com o olhar de Cristo.
Para Francisco, para buscar aquilo que o Senhor pede à sua Igreja, é preciso ouvir o pulsar desse tempo e sentir o ‘odor’ dos homens, até se impregnar de suas alegrias e esperanças, de suas tristezas e angústias. “A este ponto saberemos propor com credibilidade a boa notícia sobre a família.”
No final, o Pontífice fez votos de que o “vento de Pentecostes” sopre nos trabalhos sinodais, na Igreja e sobre a humanidade. “E desate os nós que impedem às pessoas de se encontrarem, cure as feridas que sangram, tanto, e reascenda a esperança. Nos conceda aquela caridade criativa que permite amar como Jesus amou. E o nosso anúncio reencontrará a vivacidade e o dinamismo dos primeiros missionários do Evangelho.”
Fonte: arqrio.org