Desde o dia 5 de outubro, quando começou no
Vaticano, a 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, o Cardeal Orani
João Tempesta, um dos representantes da Igreja no Brasil, tem enviado notícias
das atividades dos padres sinodais.
Junto com as informações diárias, veiculadas
nos meios de comunicação da arquidiocese, o povo de Deus no Rio de Janeiro tem
visto e ouvido sua proximidade com saudações, bênçãos e apelos pelo êxito dos
trabalhos.
“Continuem rezando nas intenções do Sínodo,
para que possamos encontrar os melhores caminhos, de como promover uma
evangelização dinâmica em beneficio da família”, pede o arcebispo.
Universalidade da Igreja
De acordo com Dom Orani, a primeira semana do
Sínodo foi marcada por debates, tendo como foco as preposições do ‘Instrumento
de Trabalho’, o que gerou muitas intervenções.
De várias formas, os participantes discutiram
“Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”.
“Nos grupos de estudos, os
bispos, padres, leigos, casais e viúvas puderam partilhar suas
experiências, angústias, preocupações e vivências no Sínodo”, explicou.
Os padres sinodais ouviram depoimentos de
casais, reflexões dos delegados fraternos, e o testemunho de representantes de
diversas Igrejas presentes no mundo.
“São momentos importantes de partilha onde se
tem uma visão geral da universalidade da Igreja. Ao mesmo tempo em que revela
os desafios enfrentados pelas famílias nas regiões do mundo, também a forte
presença da Igreja com a sua luta, com a procura de anunciar e viver o
Evangelho”.
Relatório dos debates
De acordo com Dom Orani, na segunda-feira,
dia 13 de outubro, foi apresentado aos padres sinodais o ‘Relatório
pós-congregações’, que reúne as principais reflexões debatidas no Vaticano
durante a primeira semana e servirá como base para os documentos finais do
Sínodo.
Entre os assuntos discutidos, a relação dos
divorciados recasados e casais conviventes, o ‘importante desafio educativo’
sobre as uniões homossexuais, a contracepção e os métodos naturais, e os
procedimentos de reconhecimento da nulidade matrimonial.
“Em meio a tantas discussões, a preocupação
comum é a procura de encontrar soluções para os desafios da família hoje. Com
muita clareza, a questão da formação ganhou destaque por sua importância. Não
apenas um curso rápido, um itinerário de preparação, mas uma formação no
sentido em que os envolvidos compreendam o valor do Sacramento do Matrimonio,
da constituição da família, conforme o projeto de Deus”, disse.
Acolhimento e misericórdia
A fórmula pastoral ‘misericórdia aliada à
doutrina’, que não significa decisões nem perspectivas fáceis, faz parte também
das discussões.
O Relatório, explica o arcebispo, afirma que
“é preciso acolher as pessoas com suas existências concretas, saber ajudar na
busca, encorajar os desejos de Deus e a vontade de se sentir plenamente parte
da Igreja inclusive de quem sofreu um fracasso na vida matrimonial”.
“Para as pessoas que sofreram algum tipo de
separação, que estão em crise e buscam uma resposta para a situação, os padres
sinodais são unânimes sobre a necessidade e a importância do acolhimento, para
que todos sintam a proximidade da Igreja”, pontuou.
Provisório
As noticiais transmitidas por Dom Orani
assegura a realidade e a veracidade dos trabalhos, afastando possíveis
‘polemicas’ exploradas pela mídia.
O relatório apresentado é provisório, apenas
resume as intervenções. Os círculos menores se aprofundam nos temas para dar
sugestões. No final, o relatório seguirá para o Santo Padre e por sua vez, as
conferências episcopais do mundo.
“São passos que estão sendo dados e que
muitas vezes são vinculadas como ideias definitivas, quando na realidade são
temas em discussão”, explicou.
O texto servirá de base para ajudar e
refletir sobre o Sínodo, a ser realizado de 4 a 25 de outubro de 2015, com o
tema: “A missão da família na Igreja e no mundo”.
“O mundo inteiro está voltado para o
Vaticano, vendo justamente a Igreja reunida em volta do Santo Padre para
refletir, para pensar e ver a Igreja muito próxima das pessoas, das famílias,
ao mesmo tempo preocupada em viver aquilo que o Senhor Jesus deixou para ela,
de viver intensamente a sua vocação”, acrescentou.
Juventude
Dom Orani defende que a evangelização da
juventude é fundamental para a constituição de famílias cristãs. Uma
evangelização que deve começar ainda criança, alicerçada pela família e na
Igreja, através da Iniciação cristã e de outros grupos pastorais.
De
uma certa forma, explicou o arcebispo, as crianças e os jovens são preparadas
para viverem a vocação de cristãos. Muitas pastorais e movimentos eclesiais
fazem esse trabalho, um suporte para vida, para assumir compromissos.
“Os jovens que realmente assumem a vida
cristã, que caminham em seus movimentos e pastorais, quando assumem a vida
matrimonial, assumem com muita responsabilidade. Existem belos exemplos. Tenho
visto vários exemplos na minha caminhada pastoral. Mas, sem dúvida, há muito
que fazer”, sinalizou.
Por outro lado, continuou Dom Orani, a
maioria dos jovens estão longe dessa realidade. A mudança de época é justamente
uma preocupação do Sínodo sobre a família.
“A
cultura cristã está deixando de ser plasmada na sociedade. A mudança de época
não facilita, e sim impede as pessoas de se aproximar e de se preparar para o
casamento. Se faz necessário, como lembra o Documento de Aparecida, ‘começar de
novo’. Precisamos começar de novo. Este é o desafio: como começar de novo
quando as pessoas estão longe da Igreja, longe de seus valores, do Evangelho”,
pontuou Dom Orani.
Para o arcebispo, a mudança de época leva os
jovens a não aceitar compromissos estáveis, para sempre. As questões
econômicas, de trabalho e de estudo deixam as pessoas inseguras diante do
futuro. Muitos não querem assumir responsabilidades, a constituição de família,
de ter filhos.
“Os desafios da sociedade hoje determinam a
opção por não se casar, por não ter filhos. Para quem tem fé, os problemas
econômicos são superáveis, como no passado foram também para nossos pais e
avós. Esse é um trabalho que precisa ser feito para que os cristãos superarem
essa mentalidade”, concluiu Dom Orani.
Fonte: arqrio.org