A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço
da Caridade, da Justiça e da Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) divulgou nota por ocasião do Dia Mundial da Água, celebrado no
dia 22 de março desde 1992. No contexto das comemorações, a Comissão
enseja unir-se “a todos os que trabalham pela preservação deste bem natural”.
O texto, assinado pelo bispo de Ipameri e
presidente da Comissão, dom Guilherme Werlang, recorda que a água, como direito
humano, deve ser assegurada de forma universal e gratuita a todas as
populações. A nota também aborda os problemas de abastecimento causados pelo
desmatamento e a tragédia em Mariana (MG), que contaminou a bacia do Rio Doce.
“A Campanha da Fraternidade Ecumênica deste
ano ajuda-nos a tomar consciência desta realidade ao recordar-nos que o cuidado
com a Casa Comum é responsabilidade de todos. Para tanto, é nosso dever lutar
por políticas públicas que garantam o direito de todos ao saneamento básico que
implica o acesso à água potável com qualidade e um eficaz tratamento do
esgoto a fim de que se preservem os rios e córregos”, diz um trecho.
Leia
na íntegra:
DIA
MUNDIAL DA ÁGUA
“Quero
ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”
(Am 5,24)
Nas comemorações do Dia Mundial da Água, a
Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), une-se a todos que trabalham
pela preservação deste bem natural, fonte da vida em todas as suas expressões.
A água é um direito humano, por isso, deve ser assegurada de forma universal e
gratuita a todas as populações.
Com 12% da água potável do mundo, o Brasil é
um país privilegiado em recursos hídricos. Ainda assim, convive com o drama da
falta de água em inúmeras regiões. O desmatamento da Mata Atlântica, do Cerrado
e da Amazônia para a expansão do agronegócio; o aumento do uso de agrotóxicos;
o uso de fontes, córregos, rios, poços artesianos para irrigação com vistas à
produção e ao lucro; a ausência de ações de saneamento básico nas cidades e
comunidades rurais são alguns fatores do desequilíbrio no ciclo da geração e da
qualidade da água.
A tragédia ocorrida em Mariana, em novembro
do ano passado, com o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco,
ceifando vidas e contaminando toda a Bacia do Rio Doce, é um alerta para os
riscos de atividades que exploram o solo sem levar em conta a preservação do
meio ambiente e o respeito à vida.
É urgente estancar esses problemas que
comprometem os cursos d´água e sua qualidade, atingindo especialmente os mais
pobres. Agrava essa situação a ameaça de privatização da água como nos alerta o
papa Francisco. “Enquanto a
qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a
tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria
sujeita às leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável e segura
é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a
sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros
direitos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que
não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida,
radicado na sua dignidade inalienável” (Laudato Si, 30).
A Campanha da Fraternidade Ecumênica deste
ano ajuda-nos a tomar consciência desta realidade ao recordar-nos que o cuidado
com a Casa Comum é responsabilidade de todos. Para tanto, é nosso dever
lutar por políticas públicas que garantam o direito de todos ao saneamento
básico que implica o acesso a água potável com qualidade e um eficaz tratamento
do esgoto a fim de que se preservem os rios e córregos.
É igualmente importante que o estado
brasileiro desenvolva programas de educação que ajudem na formação de uma nova
consciência social, politica e ecológica comprometida com a preservação do
Planeta Terra, nossa Casa Comum.
Maria, Mãe e Rainha da Criação, nos ajude a
contemplar e proteger cuidadosamente este mundo que o Pai nos confiou!
Dom Guilherme Werlang, MSF
Bispo de Ipameri/GO
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz
Bispo de Ipameri/GO
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz