A tradicional procissão de Corpus Christi
pelas ruas do Rio de Janeiro, no dia 26 de maio, foi formada pelo clero,
seminaristas, religiosos, e milhares de fiéis, juntamente às associações
religiosas Filhas de Maria, Legião de Maria, Congregados Marianos, Apostolado
da Oração, irmandades, movimentos de juventude e de apostolado leigo, ligas
católicas, ordens terceiras, representações de colégios, do
Exército, Marinha e Aeronáutica.
O carro andor que levou o ostensório com
Jesus Sacramentado foi o mesmo utilizado no 36º Congresso Eucarístico
Internacional, realizado na cidade, em 1955. O arcebispo do Rio, Cardeal Orani
João Tempesta, levou o Santíssimo Sacramento por um novo itinerário até chegar
na Catedral de São Sebastião.
Vésperas
Na tarde do dia de Corpus Christi, com a
presença de Jesus Sacramentado consagrado pela manhã na Paróquia de Sant’Ana,
Dom Orani celebrou a Oração das Vésperas na Igreja de Nossa Senhora da
Candelária, no Centro. As Vésperas, assim como as Laudes, são os polos da
oração diária. Quando celebradas no fim do dia, como feito em Corpus Christi,
são uma forma de agradecer a Deus por tudo o que Ele oferece.
“A arquidiocese celebra as Vésperas na
Candelária há vários anos antes da procissão de Corpus Christi. É um momento
privilegiado de oração de toda a família arquidiocesana reunida com seu
pastor”, explicou o pároco da Candelária, monsenhor Helio Pacheco. Após a
oração, teve início a procissão até a Catedral.
Procissão
Devido a obras na Avenida Rio Branco onde
foram instalados trilhos para a passagem do VLT (Veículos Leve sobre Trilhos),
por onde a procissão costuma passar, o itinerário da procissão foi alterada.
Desta vez, Jesus Sacramentado saiu da Praça Pio X, onde fica a Candelária,
acompanhado pelos fiéis, e seguiu para a Rua Primeiro de Março, Rua da
Assembleia, passou por um pequeno trecho da Avenida Rio Branco até entrar na
Avenida Nilo Peçanha, depois seguiu pela Rua México, Avenida Almirante Barroso,
Avenida República do Chile e chegou à Catedral.
O carro andor foi puxado por uma
guarnição de marinheiros e acompanhado por uma guarda de honra formada
pelos Adoradores Noturnos, por lanceiros do Regimento de Polícia Montada da
Polícia Militar e da Companhia Independente do Palácio Guanabara, em uniforme
do Império, além de escoteiros e pela Guarda de São Sebastião.
Bênção eucarística e missa
de encerramento
Ao final da procissão de Corpus Christi, na
Catedral Metropolitana de São Sebastião, o arcebispo do Rio, Cardeal Orani João
Tempesta, concedeu a bênção eucarística aos presentes. Em seguida, o cardeal
celebrou a missa de encerramento.
“Hoje é um dia Santo em que a Igreja,
terminada as celebrações do tempo pascal, quer retomar algumas festividades e
alguns sinais nessa caminhada pelo mundo. Retomamos todo esse mistério encontrado
nas Escrituras e na história: a Eucaristia. E assim, renovamos a nossa abertura
a esse mistério. Um Deus presente no meio de nós, alimento da misericórdia, e
que ao nos alimentarmos também nós nos tornamos n’Ele sinais dessa misericórdia
a para a sociedade e para o mundo de hoje”, disse Dom Orani em sua homilia.
“Não há dúvidas que a cada época – continuou
o arcebispo -, essa festa tem o seu viés e nós sabemos que celebrar Corpus
Christi hoje além de retomar e retornar às origens, também significa para nós
uma necessidade de celebrarmos a Eucaristia e estar unidos no mesmo corpo e no
mesmo sangue de Jesus Cristo. Nós sabemos como é grande esse mistério, ápice da
nossa vida e centro da caminhada cristã”.
“Celebrar Corpus Christi é também um momento
em que todos nós podemos enxergar Jesus Cristo como sinal de unidade, desejosos
que a Eucaristia seja essa nossa unidade e assim vivermos em torno do Cristo
que é nosso alimento, nossa vida, e por isso mesmo amarmos uns aos outros”,
concluiu Dom Orani.
Gesto concreto
Neste Ano Santo da Misericórdia, o gesto
concreto da celebração de Corpus Christi foi a coleta de alimentos não
perecíveis durante a procissão. “É um costume que se tem, e que fica ainda mais
importante nesse Ano da Misericórdia”, afirmou o coordenador arquidiocesano de
pastoral, monsenhor Joel Portella Amado.
Os alimentos arrecadados serão doados, sob a
responsabilidade da Cáritas e do Vicariato para a Caridade Social, para
instituições de caridade por ordem prioritária de urgência.
Histórico
O coordenador da Comissão Arquidiocesana de
Pastoral de Liturgia, cônego Antônio José de Moraes, explicou como surgiu a
celebração de Corpus Christi. Segundo ele, a hóstia significa a vítima imolada,
o Cristo. O que sobra da comunhão, a chamada reserva, fica no sacrário. O
principal destino dessa “reserva” são pessoas que não puderam ir à missa
participar da celebração eucarística devido a enfermidades ou a idade avançada.
A partir do nono século, começou-se a tirar o
foco da celebração do acontecimento Pascal (salvador) e ver a celebração
eucarística como forma de fundar a presença real de Jesus. As pessoas passaram
então a rezar diante do Santíssimo até chegarem a tocar Jesus. A elevação da
hóstia durante a consagração começou a surgir por causa do desejo afetivo e
sentimental de ver Jesus na hóstia.
O Concílio Vaticano II retomou então a
tradição da Igreja, e reconduziu o olhar cristão ao centro, que é a celebração
da Eucaristia. Mas atualmente há todo um ritual chamado de culto da Sagrada
Eucaristia fora da missa. Nesse ritual estão incluídas as Horas Santas e a
celebração de Corpus Christi.
“Esse é um momento para aprofundar a
celebração em termos de meditação e de oração, para se viver o que foi exaltado
na celebração eucarística”, explicou cônego Antônio. A procissão de Corpus
Christi teve início, então, por volta do ano de 1200, no século 13.
Fotos:
Gustavo de Oliveira
Fonte:
http://arqrio.org/noticias/detalhes/4428/procissao-de-corpus-christi-reune-milhares-de-fieis-no-centro