Papa reza diante chama eterna na Armênia |
“Possa a não-violência tornar-se o estilo
caraterístico das nossas decisões, dos nossos relacionamentos, das nossas
ações, da política em todas as suas formas”: estes são os votos expressos pelo
Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º
de janeiro.
O texto foi divulgado na
segunda-feira (12/12) pela Sala de Imprensa da Santa Sé, já traduzido para o
português com o título “A não-violência: o estilo da política para a paz”.
Violência em pedaços
Na Mensagem, o Pontífice recorda que esta
tradição foi inaugurada pelo Beato Paulo VI 50 anos atrás, dirigindo-se a todos
os povos e não só aos católicos. Para Francisco, não é fácil saber se o mundo
de hoje seja mais ou menos violento que o de ontem. “Seja como for, esta
violência que se exerce 'aos pedaços', de maneiras diferentes e a variados
níveis, provoca enormes sofrimentos de que estamos bem cientes: guerras em
diferentes países e continentes; terrorismo, criminalidade e ataques armados
imprevisíveis; os abusos sofridos pelos migrantes e as vítimas de tráfico humano;
a devastação ambiental.”
Na melhor das hipóteses – escreve o Papa –,
responder à violência com a violência leva a migrações forçadas e a atrozes
sofrimentos. No pior dos casos, pode levar à morte física e espiritual. “Hoje,
ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de
não-violência”, defende o Pontífice. Isso não significa rendição, negligência e
passividade. Pelo contrário, quando sabem resistir à tentação da vingança, as
vítimas da violência podem ser os protagonistas mais críveis de processos
não-violentos de construção da paz.
Jesus e o manual das
bem-aventuranças
Quem oferece o manual desta estratégia de
ação é o próprio Jesus, com as bem-aventuranças: felizes os mansos, os
misericordiosos, os pacificadores, os puros de coração, os que têm fome e sede
de justiça. Para o Papa, este “manual” não é útil só para católicos, mas também
a líderes políticos e religiosos, para os responsáveis das instituições
internacionais e os dirigentes das empresas e dos meios de comunicação social
de todo o mundo.
Como exemplos de pessoas que souberam
praticar a não-violência, Francisco citou os Santos João Paulo II e Madre
Teresa de Calcutá, Mahatma Gandhi, Martin Luther King e, de modo particular, as
mulheres, como Leymah Gbowee e grupo por ela liderado durante a guerra civil na
Libéria.
Hoje, a não-violência pode ser a melhor
tática contra os traficantes de armas, de pessoas, contra as armas nucleares e
o terrorismo. Mas para praticá-la em larga escala, esta deve ser o estilo
de vida manifestado primeiramente na família. “A partir da família, a alegria
do amor propaga-se pelo mundo, irradiando para toda a sociedade”, escreve o
Papa, lançando um apelo contra a violência doméstica e os abusos sobre mulheres
e crianças.
Novo Dicastério
“Asseguro que a Igreja Católica acompanhará
toda a tentativa de construir a paz inclusive através da não-violência ativa e
criativa”, finaliza Francisco, anunciando que em 1º de janeiro de 2017, Dia
Mundial da Paz, nasce o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento
Humano Integral. Este organismo ajudará a Igreja a promover a justiça, a paz e
a salvaguarda da criação através da solicitude para com os migrantes, os
necessitados, os doentes, os excluídos, as vítimas dos conflitos armados e das
catástrofes naturais, os reclusos, os desempregados e as vítimas de toda e
qualquer forma de escravidão e de tortura.
“No ano de 2017, comprometamo-nos, através da
oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações, palavras
e gestos a violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da
casa comum. 'Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem
ser artesãos de paz': são os votos finais de Francisco.
Fonte:
http://br.radiovaticana.va/news/2016/12/12/francisco_em_2017,_comprometer-se_com_a_n%C3%A3o-viol%C3%AAncia/1278402