“A alegria do Evangelho para uma Igreja em
saída”, este é o tema escolhido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) para
a Campanha Missionária de 2017 que será trabalhada durante todo o mês de
outubro. A inspiração vem do convite do papa Francisco na Evangelii
Gaudium para uma “nova etapa evangelizadora marcada pela alegria” (EG,1).
O
Mês das Missões é um período de intensificação das iniciativas de animação e
cooperação missionária em todo o mundo. O objetivo é sensibilizar, despertar
vocações missionárias. A coleta no Dia Mundial das Missões – instituído pelo
papa Pio XI em 1926, que ocorre sempre penúltimo final de semana de outubro,
este ano será nos dias 21 e 22.
Todos
os recursos arrecadados são utilizados para a animação e cooperação missionária
em todo o mundo, pois e uma coleta universal.
Tudo está em sintonia como os ensinamentos do
papa Francisco quando afirma: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida
inteira daqueles que se encontraram com Jesus” (EG 1). Essa alegria precisa ser
anunciada pela Igreja que caminha unida, em todos os tempos e lugares, e em
perspectiva ad gentes. Por isso, o lema: “Juntos na missão permanente”.
Para o bispo auxiliar de São Luís (MA) e
presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação
Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Esmeraldo
Barreto de Farias, a campanha não deve ser restrita aos conselhos missionários
paroquiais ou diocesanos.
“Todos nós somos convidados a participar,
pastorais, movimentos e as pessoas de boa vontade. A igreja é por natureza
missionária e, cada um e nós, a partir do nosso batismo somos chamados a ser um
missionário”, destaca o bispo.
Para facilitar o acesso ao conteúdo de
divulgação que está disponível no site das POM, foi lançado também no final do
4º Congresso Missionário Nacional, que aconteceu de 7 a 10 de setembro, em
Recife (PE), o aplicativo para celular, o ‘Zappar’, explica o diretor
nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Maurício da Silva
Jardim.
“A novidade é que este ano temos um
aplicativo, e com este aplicativo, apontamos para a arte, tanto da Novena
Missionária como a Oração Missionária, o cartaz, e o celular o lê e abre um
vídeo de apresentação da Campanha e as pessoas podem acessar todo o material,
inclusive os nove testemunhos: tudo aí dentro do aplicativo”.
A Campanha Missionária, na qual colaboram a
CNBB por meio da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a
Comissão para a Amazônia e outros organismos que compõem o Conselho Missionário
Nacional (Comina) é organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) que
preparou um amplo material de divulgação e estudos. Entre eles, subsídios,
DVD´s e orações.
Todos os itens da Campanha foram enviados às
Arqui/dioceses e prelazias do Brasil para serem distribuídos entre as paróquias
e comunidades. Clique
aqui e baixe todo o material da campanha
Mensagem
do papa para o Dia Mundial das Missões
A
missão no coração da fé cristã
Queridos
irmãos e irmãs!
O Dia Mundial das Missões concentra-nos,
também este ano, na pessoa de Jesus, «o primeiro e maior evangelizador» (Paulo
VI, Exort. ap. Evangelii
nuntiandi, 7), que incessantemente nos envia a anunciar o Evangelho do amor
de Deus Pai, com a força do Espírito Santo. Este Dia convida-nos a refletir
novamente sobre a missão no coração da fé cristã. De facto a Igreja
é, por sua natureza, missionária; se assim não for, deixa de ser a Igreja de
Cristo, não passando duma associação entre muitas outras, que rapidamente veria
exaurir-se a sua finalidade e desapareceria. Por isso, somos convidados a
interrogar-nos sobre algumas questões que tocam a própria identidade cristã e
as nossas responsabilidades de crentes, num mundo baralhado com tantas
quimeras, ferido por grandes frustrações e dilacerado por numerosas guerras
fratricidas, que injustamente atingem sobretudo os inocentes. Qual é o fundamento da
missão? Qual é o coração da missão? Quais são as atitudes
vitais da missão?
A missão e o poder
transformador do Evangelho de Cristo, Caminho, Verdade e Vida
1. A
missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o
poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora duma alegria
contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo
ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós
Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6). É Caminho que nos
convida a segui-Lo com confiança e coragem. E, seguindo Jesus como nosso Caminho, fazemos
experiência da sua Verdade e recebemos a sua Vida, que é plena
comunhão com Deus Pai na força do Espírito Santo, liberta-nos de toda a forma
de egoísmo e torna-se fonte de criatividade no amor.
2.
Deus Pai quer esta transformação existencial dos seus filhos e filhas; uma
transformação que se expressa como culto em espírito e verdade (cf. Jo 4,
23-24), ou seja, numa vida animada pelo Espírito Santo à imitação do Filho
Jesus para glória de Deus Pai. «A glória de Deus é o homem vivo» (Ireneu, Adversus
haereses IV, 20, 7). Assim, o anúncio do Evangelho torna-se palavra viva e
eficaz que realiza o que proclama (cf. Is 55, 10-11), isto é, Jesus
Cristo, que incessantemente Se faz carne em cada situação humana (cf. Jo 1,
14).
A missão e o kairós de
Cristo
3. Por
conseguinte, a missão da Igreja não é a propagação duma ideologia religiosa,
nem mesmo a proposta duma ética sublime. No mundo, há muitos movimentos capazes
de apresentar ideais elevados ou expressões éticas notáveis. Diversamente,
através da missão da Igreja, é Jesus Cristo que continua a evangelizar e agir;
e, por isso, aquela representa o kairós, o tempo propício da salvação na
história. Por meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nosso
contemporâneo, consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor experimentar a
força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e
a criação, como faz a chuva com a terra. «A sua ressurreição não é algo do
passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo
morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma
força sem igual» (Exort. ap. Evangelii
gaudium, 276).
4.
Lembremo-nos sempre de que, «ao início do ser cristão, não há uma decisão ética
ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá
à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (Bento XVI, Carta.
enc. Deus
caritas est, 1). O Evangelho é uma Pessoa, que continuamente Se oferece e,
a quem A acolhe com fé humilde e operosa, continuamente convida a partilhar a
sua vida através duma participação efetiva no seu mistério pascal de morte e
ressurreição. Assim, por meio do Batismo, o Evangelho torna-se fonte de
vida nova, liberta do domínio do pecado, iluminada e transformada pelo Espírito
Santo; através da Confirmação, torna-se unção fortalecedora que, graças ao
mesmo Espírito, indica caminhos e estratégias novas de testemunho e
proximidade; e, mediante a Eucaristia, torna-se alimento do homem
novo, «remédio de imortalidade» (Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios,
20, 2).
5. O
mundo tem uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através
da Igreja, continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas
sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem
descanso quem se extraviou por veredas enviesadas e sem saída. E, graças a
Deus, não faltam experiências significativas que testemunham a força
transformadora do Evangelho. Penso no gesto daquele estudante «dinka» que, à
custa da própria vida, protege um estudante da tribo «nuer» que ia ser
assassinado. Penso naquela Celebração Eucarística em Kitgum, no norte do Uganda
– então ensanguentado pelas atrocidades dum grupo de rebeldes –, quando um
missionário levou as pessoas a repetirem as palavras de Jesus na cruz: «Meu
Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Mc 15, 34), expressando o grito
desesperado dos irmãos e irmãs do Senhor crucificado. Aquela Celebração foi
fonte de grande consolação e de muita coragem para as pessoas. E podemos pensar
em tantos testemunhos – testemunhos sem conta – de como o Evangelho ajuda a
superar os fechamentos, os conflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por
todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha entre todos.
A missão inspira uma
espiritualidade de êxodo, peregrinação e exílio contínuos
6. A
missão da Igreja é animada por uma espiritualidade de êxodo
contínuo. Trata-se de «sair da própria comodidade e ter a coragem de
alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (Francisco, Exort.
ap. Evangelii
gaudium, 20). A missão da Igreja encoraja a uma atitude de peregrinação
contínua através dos vários desertos da vida, através das várias
experiências de fome e sede de verdade e justiça. A missão da Igreja inspira
uma experiência de exílio contínuo, para fazer sentir ao homem
sedento de infinito a sua condição de exilado a caminho da pátria definitiva,
pendente entre o «já» e o «ainda não» do Reino dos Céus.
7. A
missão adverte a Igreja de que não é fim em si mesma, mas instrumento e
mediação do Reino. Uma Igreja autorreferencial, que se compraza dos sucessos terrenos,
não é a Igreja de Cristo, seu corpo crucificado e glorioso. Por isso mesmo, é
preferível «uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas
estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às
próprias seguranças» (Ibid.,
49).
Os jovens, esperança da
missão
8. Os
jovens são a esperança da missão. A pessoa de Jesus e a Boa Nova proclamada por
Ele continuam a fascinar muitos jovens. Estes buscam percursos onde possam
concretizar a coragem e os ímpetos do coração ao serviço da humanidade. «São
muitos os jovens que se solidarizam contra os males do mundo, aderindo a várias
formas de militância e voluntariado. (...) Como é bom que os jovens sejam
“caminheiros da fé”, felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada
praça, a cada canto da terra!» (Ibid., 106). A próxima Assembleia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema «Os jovens,
a fé e o discernimento vocacional», revela-se uma ocasião providencial para
envolver os jovens na responsabilidade missionária comum, que precisa da sua
rica imaginação e criatividade.
O serviço das Obras
Missionárias Pontifícias
9. As
Obras Missionárias Pontifícias são um instrumento precioso para suscitar em
cada comunidade cristã o desejo de sair das próprias fronteiras e das próprias
seguranças, fazendo-se ao largo a fim de anunciar o Evangelho a todos. Através
duma espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço
constante de formação e animação missionária, envolvem-se adolescentes, jovens,
adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos para que, em
cada um, cresça um coração missionário. Promovido pela Obra da Propagação da
Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário
das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e
com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da
evangelização.
Fazer missão com Maria, Mãe
da evangelização
10.
Queridos irmãos e irmãs, façamos missão inspirando-nos em Maria, Mãe da
evangelização. Movida pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na
profundidade da sua fé humilde. Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à
urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um
novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence
a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar
novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação.
Vaticano,
4 de junho – Solenidade de Pentecostes – de 2017.
FRANCISCO
Fonte:
http://cnbb.net.br/igreja-no-brasil-da-inicio-ao-mes-das-missoes-com-tematica-que-atualiza-o-convite-do-papa-francisco-para-uma-igreja-em-saida/