Começamos o grande tempo da Quaresma com a
quarta-feira de cinzas, tempo de penitência e de renovação interior
preparando-nos para a Páscoa do Senhor. A liturgia da Igreja convida-nos com
insistência a purificar a nossa alma e a recomeçar com o coração renovado a
nossa vida cristã.
“Diz o Senhor Todo-Poderoso: Convertei-vos a
mim de todo o vosso coração, com jejum, lágrimas e gemidos de luto. Rasgai os
vossos corações, não as vossas vestes; convertei-vos ao Senhor vosso Deus,
porque ele é compassivo hoje”. Uma das opções litúrgicas no momento da
imposição das cinzas recordar-nos-á as palavras do Gênesis, depois do pecado
original: “lembra-te, ó homem, de que és pó e em pó te hás de tornar” (Gn
3,19).
O Senhor quer que nos desapeguemos das coisas
da terra para que possamos dirigir-nos a Ele, e que nos afastemos do pecado,
que envelhece e mata, e retornemos à fonte da vida e da alegria: “O próprio
Jesus Cristo é a graça mais sublime de toda a Quaresma. É Ele quem se apresenta
diante de nós na simplicidade admirável do Evangelho”.
Dirigir o coração a Deus, converter-se,
significa estarmos dispostos a empregar todos os meios para viver como Ele
espera que vivamos, a não tentar servir a dois senhores, a afastar da vida
qualquer pecado deliberado. Jesus procura em nós um coração contrito, conhecedor
das suas faltas e pecados disposto a eliminá-los. Então lembrar-vos-eis do
vosso proceder perverso e dos vossos dias que não foram bons. O Senhor deseja
uma dor sincera dos pecados, que se manifestará antes de mais nada na Confissão
sacramental: Converter-se quer dizer para nós procurar novamente o perdão e a
força de Deus no sacramento da reconciliação e assim recomeçar sempre, avançar
diariamente.
Nesse sentido, a outra opção para a imposição
das cinzas nos dirige para aproveitarmos esse tempo para uma sincera conversão:
“Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).
Nessa caminhada de conversão, o Senhor também
nos pede ao iniciarmos a quaresma um sacrifício especial: a abstinência e, além
dela, o jejum, pois o jejum fortifica o espírito, mortificando a carne e a sua
sensualidade; eleva a alma a Deus; abate a concupiscência, dando forças para
vencer e amortecer as suas paixões, e prepara o coração para que não procure
outra coisa senão agradar a Deus em tudo.
Com a Quarta-Feira de Cinzas, começa oficialmente
o tempo da Quaresma e a Campanha da Fraternidade. Quaresma, uma vez mais. Tempo
forte na caminhada do ano eclesiástico. Convite e apelo para o silêncio, a
prece, a conversão. A liturgia se simplifica e na sobriedade nos convida à
interiorização e conversão.
Em nossas grandes cidades nem sempre se nota
que chegamos a esse tempo. A vida continua, inclusive os festejos de carnaval
avançam quaresma adentro. Somos chamados a viver conscientemente a nossa
identidade em uma situação que não somos favorecidos mesmo sendo a maioria
cristã em nossa realidade. Eis que chegamos à Quaresma: quarenta dias antes da
Páscoa, a Igreja abre solenemente o tempo de penitência e conversão em
preparação à Páscoa.
Na quarta feira de cinzas, após a Liturgia da
Palavra, em que se proclama o trecho do Evangelho em que Cristo recomenda a
oração, o jejum e a esmola como exercícios de conversão (cf. Mt 6,1-18),
realiza-se o rito da imposição das cinzas. Elas são sinal que nós aceitamos
conscientemente de entrar neste tempo de penitência e conversão. A conversão
consiste, sobretudo, no reconhecimento de nossa condição de criaturas
limitadas, mortais e pecadoras. É um gesto há em uso no Antigo Testamento
significando essa consciência da necessidade de conversão dentro de uma realidade
de pecado e infidelidade a Deus. A conversão consiste em crer no Evangelho.
Crer é aderir a ele, viver segundo os ensinamentos do Senhor Jesus.
Prepararmo-nos para renovar na Páscoa as
nossas promessas batismais irá nos ajudar muito a viver mais intensamente o ano
do laicato que está em curso para que, vivendo o Batismo, sejamos sujeitos da
Igreja em saída anunciando o Reino e dando testemunho como sal da terra e luz
do mundo.
Que Deus nos ilumine neste tempo que se
inicia, para que possamos fazer e cumprir com os nossos propósitos para assim
termos um coração cada dia mais preparado para o Senhor e para ser fermento
neste mundo que tanto necessita do amor e da misericórdia de Deus.
Fonte: http://arqrio.org/formacao/detalhes/2060/chegou-o-tempo-de-conversao