Especialmente no mês vocacional, celebrado em
agosto, a edição nº 24 da revista “Bote Fé” – publicação da Edições CNBB que
conta com a colaboração da assessoria de imprensa da entidade – traz um artigo
do arcebispo de Curitiba e presidente da Comissão para a Animação
Bíblico-Catequética da CNBB, dom José Antônio Peruzzo sobre “Catequese e
Bíblia”.
Ao abordar o assunto, o arcebispo não
pretende enunciar caminhos pedagógicos e/ou metodológicos. Ele acentua,
especialmente, que se os pastores e catequistas falarem de Jesus Cristo com
fascínio e afeto por Ele, podem acender às belas experiências evangelizadoras
de Paulo. E assim, segundo dom Peruzzo, a Leitura Orante da Palavra enlaça
fortemente a Bíblia e a Catequese.
Confira
com exclusividade o artigo na íntegra:
Bíblia
e Catequese
Já
se vão muitas décadas que apontam para grande crescimento do interesse pela
Palavra de Deus nos ambientes de evangelização. A necessidade e o cuidado pela
atenção doutrinal não eram suficientes para promover e salvaguardar profundas
experiências de fé e de encontros pessoais com Jesus Cristo. O processo de
secularização ainda não havia mostrado toda a sua agressividade. Sua potência
disruptiva ainda não era conhecido em toda a sua força.
Mas
agora vivemos outros tempos. Muito já se falou da “mudança de época” e de seus
efeitos multiplicadores. Por longo tempo ainda comentará sobre os “novos
paradigmas”. As verdades seguras, também chamadas de perenes, parecem escorrer
como água entre os dedos. As conquistas científicas e tecnológicas surpreendem
a cada dia. Por muitos motivos poderíamos pensar que, com tantos avanços, tudo
seria mais sereno e mais feliz. Mas as contradições e contrastes também se
acentuam. E nossas sociedades parecem se deparar, por um lado com mais recursos
e, por outro, com mais marginalidades. É em contextos assim que os cristãos são
chamados e enviados a evangelizar.
Também
as tradições culturais, religiosas e familiares são golpeadas. Falar de Deus,
de Jesus Cristo, de amor, de perdão, de fraternidade, de família, etc, tudo
está a pedir novas experiências porque quase tudo está a receber novas
significações. Em quadros assim, para onde irá a Catequese? Como ser eco da voz
do Senhor? Perguntas assim assemelham-se àquelas de muitos pais que estão
quase todos os dias a se perguntar acerca dos melhores caminhos para a educação
dos seus filhos.
Não
é a primeira vez que a mensagem do Evangelho se vê confrontada com realidades
tão adversas. O diálogo escrito de Paulo com os Coríntios aponta para situação
semelhante, ao mesmo tempo que sugere um caminho: “Pois tanto os judeus pedem
sinais, como os gregos buscam sabedoria. Nós, porém, proclamamos Cristo
crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1Cor 1,22-23).
A semelhança está no caráter contrastante da mensagem. O caminho está no que
Paulo proclama. Ele simplesmente proclamava a pessoa de Jesus Cristo. Mas… o
evangelizador de hoje poderia perguntar: “Qual a novidade?”
Realmente,
no tempo do apóstolo havia uma novidade de conteúdo, o crucificado e
ressuscitado. Mas também havia uma outra. Era a afeição e paixão de Paulo pela
pessoa de Jesus Cristo. Ele convencia não pelo caráter persuasivo dos seus
argumentos. Ele falava com alegria da pessoa que ele conhecera. A sua palavra
resultava de um encontro pessoal com o Senhor. Não tenho dúvidas de que seria
esta a recomendação que ele, Paulo, nos deixaria.
Daí
que falar de Catequese e Bíblia, não pretendo enunciar caminhos pedagógicos
e/ou metodológicos. Gostaria, especialmente, de acentuar que, se nós pastores e
catequistas falarmos de Jesus Cristo com fascínio e afeto por Ele, poderemos
aceder às belas experiências evangelizadoras de Paulo. E a Leitura Orante da
Palavra enlaça fortemente a Bíblia e a Catequese.
Fonte:
http://www.cnbb.org.br/bote-fe-traz-artigo-sobre-biblia-e-catequese/