D.
Orani João Tempesta
Cardeal
Arcebispo do Rio de Janeiro
No ano de 1531, Deus olhou por seus filhos da
América Latina e manifestou seu carinho com esse povo por uma revelação
particular com aquela que ouviu as boas novas do Anjo Gabriel, e foi enviada
por Deus para bem dizer as boas novas aos seus filhos do continente
latino-americano.
O escolhido foi um humilde índio chamado Juan
Diego. Sempre essas revelações primam por escolher os pobres, crianças, os
simples. Maria escolheu um pobre índio como mensageiro, para demonstrar o amor
que Deus tem para com todos pedindo que num futuro templo a ser construído
fosse um lugar de grande evangelização.
A Virgem de Guadalupe, padroeira da América
Latina, manifestou-se ao índio, na Cidade do México. Neste período, o México
sofria com árdua opressão dos espanhóis e necessitava de um bom trabalho de evangelização.
A história religiosa de Guadalupe começa há
487 anos em 1531, quando a Virgem Santíssima, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo,
apareceu várias vezes em Guadalupe, no México. Aquele a quem Nossa Senhora quis
se manifestar era um asteca e se converteu ao cristianismo. Seu nome era Juan
Diego Cuauhtlatoatzin.
A aparição da Virgem de Guadalupe a são Juan
Diego foi muito importante para a evangelização dos povos da América Latina. E
para mostrar o amor de Deus pelo seu povo. A Mãe do povo de Deus também se
tornou Mãe do povo Latino americano. Maria apareceu a Juan Diego pela primeira
vez em uma colina e pediu-lhe para erigir um santuário em sua honra ao pé dele.
Então Juan Diego foi ao bispo Monsenhor Juan de Zummarràga e contou-lhe sobre o
evento, mas o bispo infelizmente não acreditou nele.
Na segunda aparição, Maria disse ao vidente
para retornar ao bispo, que dessa vez o ouviu, mas pediu uma prova confirmando
o fato.
Juan Diego retornou ao morro e Maria lhe
prometeu um sinal para o dia seguinte, mas o vidente não pôde ir ao morro no
dia seguinte porque seu tio estava seriamente doente. Então, no dia seguinte,
Juan Diego viu Maria ao longo do caminho e assegurou-lhe dizendo que seu tio já
estava curado, pedindo-lhe para voltar para a colina.
Quando Juan Diego chegou ao morro, encontrou
algumas flores de Castela que estavam em um terreno pedregoso e era um tipo
incomum de flor para a estação. Juan Diego colocou-os em sua capa e voltou
novamente ao bispo.
O Bispo estava com outras pessoas e quando
Juan Diego abriu sua capa diante de todos para mostrar as flores, e, em seu
manto estava a imagem da Virgem Maria visível para todos. Uma imagem muito
estudada e sem explicações científicas. Juan Diego pôde mostrar o lugar onde
Maria pedira um santuário para ser construído.
No lugar das aparições de Guadalupe,
iniciou-se a construção de uma pequena capela, depois uma maior, e chegou-se à
construção de um verdadeiro santuário, que foi consagrado em 1622, para então
chegar à inauguração da Basílica de hoje em 1976 intitulado a Nossa Senhora de
Guadalupe. Hoje, passando tantos séculos, o manto é mantido dentro da Basílica
de Nossa Senhora de Guadalupe.
Numa época difícil da história da igreja, em
especial na Europa, a Virgem Maria aparece no México, para um índio chamado
Juan Diego. O número de conversões resultantes desta história, na qual o
protagonista é a Mãe de Deus marcou a história da América Latina.
A manifestação da Mãe de Guadalupe foi o
grande impulso para a conversão das Américas, mas ainda hoje é para todos nós
uma grande lição de evangelização e missão.
Para
os nativos, era uma língua de sinais muito importante e seus códigos que eram
usados para se comunicar. Santa Maria de Guadalupe vem para nos evangelizar,
ela vem para nos trazer Cristo através da linguagem universal dos sinais.
Segundo os especialistas, a imagem da Virgem de Guadalupe tem um significado
especial com sinais indígenas, mas também com situações inexplicáveis.
A imagem da Virgem de Guadalupe é a de uma
moça mexicana. Ele veste uma túnica rosa e um manto turquesa com uma borda
dourada decorada com estrelas douradas. Suas mãos estão unidas. É cercada pelo
sol e está em pé acima da lua, que é sustentada por um anjo. A Virgem de
Guadalupe é um ícone da fé católica.
“Então apareceu um grande sinal no céu: uma
mulher vestida ao sol, com a lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa de doze
estrelas. Ela estava grávida e chorava por trabalho de parto e parto.” (Ap
12,1-2) A Virgem de Guadalupe fica em frente ao sol porque ela é a mãe da Luz
do Mundo. Os mexicanos naquela época adoravam o deus Huitzilopochtli, cujo
símbolo eram os raios do sol e o deus da noite obviamente simbolizado pela lua.
Esta mulher em frente ao sol e acima da lua significava para os mexicanos quem
era mais poderoso que seus falsos deuses.
O casaco turquesa da Virgem simboliza a
realeza e a virgindade para os índios e o anjo a seus pés a nobreza, já que só
uma rainha pode ser carregada em seus ombros. O manto é decorado com uma
constelação brilhante. Em 1980, estudiosos Mario Rojas Sanchez e Juan Homero
Hernández Illescas estudou essas estrelas e descobriu que esta constelação no
manto da Virgem é o mesmo que na manhã de 12 de dezembro, 1531, ou seja, o dia
em que ele apareceu. Isso significa que Maria é a Rainha do Universo.
Muitos cientistas analisaram a imagem da
Virgem de Guadalupe e todos chegaram à mesma conclusão. Eles dizem que é uma
imagem arquetípica (que não foi feito por mãos humanas). Nem a criatividade dos
grandes artistas do Renascimento, nem o talento de restauradores seriam tão
perfeitos e detalhistas como o manto de Guadalupe. Não se tem conhecimento um
uso de cores e uma técnica tão fascinante quanto nesta imagem. É um sinal
poderoso e fascinante que leva à devoção por seus admiradores e por aqueles que
olham para ela lembrando suas palavras ao índio São Juan Diego: "Eu não
sou sua mãe?".
Em 1704 o Papa Bento XIV confirmou o
patrocínio da Virgem de Guadalupe sobre toda a Nova Espanha (do Arizona à Costa
Rica) e concedeu a primeira Missa e Ofício próprios. Porto Rico proclamou-a
padroeira em 1758. Em 12 de Outubro de 1892 houve coroação pontifícia da
imagem, concedida por Leão XIII, que no ano interior aprovara um novo Ofício
próprio.
Em 1910 São Pio X proclamou-a Padroeira da
América Latina; em 1935 Pio XI designou-a Padroeira das Ilhas Filipinas e, em
1945, Pio XII deu-lhe o título de "Imperatriz da América".
Em 31 de julho de 2002, a aparição de
Guadalupe foi reconhecida pela Igreja Católica e Juan Diego foi canonizado por
São João Paulo II, um passo muito importante para a fé de milhões de peregrinos
latino americano. Ainda sob o pontificado de São João Paulo II foi padroeira
das Américas e padroeira de todos os nascituros.
Ao falar da Virgem Guadalupana assim
expressou o Papa Bento XVI: “Nela tudo é milagroso: uma Imagem que provém de
flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer
espinheiros; uma Imagem estampada numa tela tão rala que, através dele, pode-se
enxerga o povo e a nave da Igreja tão facilmente como através de um filó; uma Imagem
em nada deteriorada, nem no seu supremo encanto, nem no brilho de suas cores,
pelas emanações do lago vizinho que, todavia, corroem a prata, o ouro e o
bronze. Deus não agiu assim com nenhuma outra nação.” (Papa Bento XIV).
No dia 12 de dezembro, em pleno advento,
comemoramos essa festa que marca esse tempo de espera e expectativa. São muitas
as necessidades de nossos povos. Agora também é tempo de nova evangelização
permanente para que os cristãos deste continente contagiem com a boa notícia
nossos povos que necessitam de tempos novos. Fixemos agora o nosso olhar sobre
a Virgem de Guadalupe e peçamos-lhe proteção especial para os povos ameríndios.
Senhora da América Latina Santa Virgem de Guadalupe, aumenta nossa fé em Jesus
Cristo e fazei-nos crescer no amor e na esperança. Viva a Senhora de
Guadalupe Mãe e Protetora da América Latina.
Fonte:
http://arqrio.org/formacao/detalhes/2430/guadalupana