segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Auto de São Sebastião torna visível o exemplo do Padroeiro



As 200 mil pessoas que foram se unindo ao longo de todo o trajeto da procissão em honra ao Padroeiro da Cidade chegaram à Avenida Chile, em frente à Catedral Metropolitana, no Centro do Rio, para conhecerem melhor a vida do Santo Mártir, reproduzida no Auto de São Sebastião.

“Através de uma vida de santidade, um homem soube como fazer o mundo melhor” — anunciou São Sebastião o texto de Walcyr Carrasco, representado pelos 22 atores da Companhia Julieta de Serpa, sob a direção de Márcio Fonseca.

Para o Presidente da Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Serpa, o espetáculo apontou as semelhanças entre o Padroeiro e os cariocas, deixando aos que o assistiram uma mensagem de incentivo à caminhada cristã e à boa vivência cidadã:
— O Auto de São Sebastião mostrou uma relação das coisas que aconteceram naquela época com as coisas que acontecem no Rio de Janeiro, com suas mazelas, seus problemas; e a gente pode modificar essa sociedade, assim como São Sebastião pôde fazer. A gente mostrou as flechas que podem desfigurar a nossa Cidade, como as que desfiguraram São Sebastião, mas que não o levaram à morte graças a sua obstinação pelo Cristo. A mensagem mostra a esperança que o povo do Rio de Janeiro deve ter em Cristo para que a população ajude a melhorar ainda mais a cidade do Rio de Janeiro. (...) A vida de São Sebastião é um exemplo para mostrar que é preciso acreditar, ter fé para que as mudanças se realizem. Daí a importância da obra de arte, da peça, do teatro como uma forma viva, lúdica de evangelização, contou.

A arte cênica
A encenação retratou a tortura que os cristãos do ano II viveram, sob o jugo do Imperador Diocleciano (ator Bruno Torquato), que acreditava que ele mesmo era um deus e desprezava e condenava à morte aqueles que criam diferente. Sebastião (ator Roberto Padula), soldado da guarda do Imperador, num primeiro momento foi nomeado Comandante da Guarda, se tornando o homem de confiança do Imperador, por tê-lo livrado de um assassinato. Embora o jovem soldado exercesse bem o seu ofício, sendo valente nas frentes de combate, não deixava de lado sua fé e nem seus irmãos cristãos. Ele ia, inclusive, visitá-los nas prisões para consolá-los e animá-los na fé. Só que a promoção de Sebastião causou inveja e ele, então, foi denunciado como cristão para o Imperador. Esse, ao averiguar com o próprio Sebastião a veracidade da informação, ao pedir que ele adorasse a outros deuses, teve a afirmação sobre a fé cristã do jovem e ainda, ao acusá-lo de traição, ouviu a seguinte indagação: “Minhas atitudes não refletem a beleza dos mais puros princípios cristãos?” O Imperador, então, mandou que Sebastião, sob a acusação de infidelidade, fosse amarrado a uma árvore e morto a flechadas. Tal sentença seria, segundo a autoridade em vigor, “impossível à sobrevivência”, mas o jovem militar resistiu. Foi achado, no meio da floresta, por Irene, uma cristã, que, ao ver que ele estava vivo, o levou para casa e cuidou das suas feridas. Ao se recuperar, Sebastião voltou ao Imperador para dar testemunho de sua fé e oferecer a ele a possibilidade de conversão à crença em Jesus, mas ele se recusou. E deu nova ordem: que o jovem fosse espancado com pauladas e bolas de chumbo até a morte. Para evitar que o corpo de Sebastião fosse venerado pelos cristãos, foi jogado em esgoto público. Mas Luciana, mais tarde também canonizada, o encontrou e sepultou numa catacumba.

A encenação também relatou a importância do exemplo de São Sebastião para os cariocas, recordando a primeira Imagem trazida por Estácio de Sá para o Rio de Janeiro, em 1565, e a invocação da intercessão do Santo na expulsão dos franceses, em 1567. As flechas da violência, do tráfico, da não assistência aos enfermos, da miséria e da falta de caridade que atualmente, como as que feriram São Sebastião, machucam o Rio de Janeiro, foram destacadas e apresentadas ao Padroeiro, durante a bela oração que encerrou o Auto deste ano.

— Que as flechas que se abatem sobre a nossa Cidade e nosso povo não nos desanimem. (...) Que aqui saibamos construir a paz e a fraternidade. (...) Os cariocas têm sempre a possibilidade de transformar esta Cidade porque eles têm um coração religioso e bom, capaz de fazer o bem, disse o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.
Encerrando as atividades, Dom Orani celebrou Missa Solene, com a Catedral Metropolitana repleta de gente. 

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