As 200 mil pessoas que foram se
unindo ao longo de todo o trajeto da procissão em honra ao Padroeiro da Cidade
chegaram à Avenida Chile, em frente à Catedral Metropolitana, no Centro do Rio,
para conhecerem melhor a vida do Santo Mártir, reproduzida no Auto de São
Sebastião.
“Através de uma vida de
santidade, um homem soube como fazer o mundo melhor” — anunciou São Sebastião o
texto de Walcyr Carrasco, representado pelos 22 atores da Companhia Julieta de
Serpa, sob a direção de Márcio Fonseca.
Para o Presidente da Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro,
Carlos Alberto Serpa, o espetáculo apontou as semelhanças entre o Padroeiro e
os cariocas, deixando aos que o assistiram uma mensagem de incentivo à
caminhada cristã e à boa vivência cidadã:
— O Auto de São Sebastião mostrou
uma relação das coisas que aconteceram naquela época com as coisas que
acontecem no Rio de Janeiro, com suas mazelas, seus problemas; e a gente pode
modificar essa sociedade, assim como São Sebastião pôde fazer. A gente mostrou
as flechas que podem desfigurar a nossa Cidade, como as que desfiguraram São
Sebastião, mas que não o levaram à morte graças a sua obstinação pelo Cristo. A
mensagem mostra a esperança que o povo do Rio de Janeiro deve ter em Cristo
para que a população ajude a melhorar ainda mais a cidade do Rio de Janeiro.
(...) A vida de São Sebastião é um exemplo para mostrar que é preciso
acreditar, ter fé para que as mudanças se realizem. Daí a importância da obra
de arte, da peça, do teatro como uma forma viva, lúdica de evangelização,
contou.
A arte cênica
A encenação retratou a tortura
que os cristãos do ano II viveram, sob o jugo do Imperador Diocleciano (ator
Bruno Torquato), que acreditava que ele mesmo era um deus e desprezava e
condenava à morte aqueles que criam diferente. Sebastião (ator Roberto Padula),
soldado da guarda do Imperador, num primeiro momento foi nomeado Comandante da
Guarda, se tornando o homem de confiança do Imperador, por tê-lo livrado de um
assassinato. Embora o jovem soldado exercesse bem o seu ofício, sendo valente
nas frentes de combate, não deixava de lado sua fé e nem seus irmãos cristãos.
Ele ia, inclusive, visitá-los nas prisões para consolá-los e animá-los na fé.
Só que a promoção de Sebastião causou inveja e ele, então, foi denunciado como
cristão para o Imperador. Esse, ao averiguar com o próprio Sebastião a
veracidade da informação, ao pedir que ele adorasse a outros deuses, teve a
afirmação sobre a fé cristã do jovem e ainda, ao acusá-lo de traição, ouviu a
seguinte indagação: “Minhas atitudes não refletem a beleza dos mais puros
princípios cristãos?” O Imperador, então, mandou que Sebastião, sob a acusação
de infidelidade, fosse amarrado a uma árvore e morto a flechadas. Tal sentença
seria, segundo a autoridade em vigor, “impossível à sobrevivência”, mas o jovem
militar resistiu. Foi achado, no meio da floresta, por Irene, uma cristã, que,
ao ver que ele estava vivo, o levou para casa e cuidou das suas feridas.
Ao se recuperar, Sebastião voltou ao Imperador para dar testemunho de sua fé e
oferecer a ele a possibilidade de conversão à crença em Jesus, mas ele se
recusou. E deu nova ordem: que o jovem fosse espancado com pauladas e bolas de
chumbo até a morte. Para evitar que o corpo de Sebastião fosse venerado pelos
cristãos, foi jogado em esgoto público. Mas Luciana, mais tarde também
canonizada, o encontrou e sepultou numa catacumba.
A encenação também relatou a importância do exemplo de São Sebastião para os
cariocas, recordando a primeira Imagem trazida por Estácio de Sá para o Rio de
Janeiro, em 1565, e a invocação da intercessão do Santo na expulsão dos
franceses, em 1567. As flechas da violência, do tráfico, da não assistência aos
enfermos, da miséria e da falta de caridade que atualmente, como as que feriram
São Sebastião, machucam o Rio de Janeiro, foram destacadas e apresentadas ao
Padroeiro, durante a bela oração que encerrou o Auto deste ano.
— Que as flechas que se abatem
sobre a nossa Cidade e nosso povo não nos desanimem. (...) Que aqui saibamos
construir a paz e a fraternidade. (...) Os cariocas têm sempre a possibilidade
de transformar esta Cidade porque eles têm um coração religioso e bom, capaz de
fazer o bem, disse o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.
Encerrando as atividades, Dom
Orani celebrou Missa Solene, com a Catedral Metropolitana repleta de
gente.
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