Uma das verdades de
nossa fé professa que Jesus Cristo é o Filho de Deus que assumiu nossa natureza
humana em sua Pessoa Divina, a fim de redimi-la e de elevá-la. Após a
Encarnação, a Pessoa do Verbo de Deus possui duas naturezas: a divina e a
humana, de tal maneira que Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ao longo
dos primeiros séculos, a Igreja foi afirmando paulatinamente a sua fé. Através
das heresias que se apresentavam, ela ia discernindo e rechaçando aquilo que não
era de acordo com a sua maneira de crer.
As heresias Cristológicas
A primeira heresia cristológica que
assolou a Igreja era a tentação de salientar mais a natureza divina de Jesus.
Os gnósticos chegaram a afirmar que o corpo de Jesus era um corpo aparente e
não real. A Igreja apresentou a realidade da Encarnação na qual Deus se fez
carne. Depois, outro grupo vai afirmar que Jesus era um homem que foi adotado
por Deus como Filho (adopcionismo) ou, ainda, que Jesus foi criado e estava
subordinado ao Pai (arianismo). O Concílio de Nicéia, em 325, vai afirmar que
Jesus e o Pai são consubstanciais, ou seja, ambos possuem a mesma e única
substância divina e que o Pai gera Jesus. No século 5, o Nestorianismo defende
que em Jesus existem duas pessoas (a humana e a divina). O Concílio de Éfeso,
em 431, vai afirmar que existe uma única Pessoa divina em Jesus que vai assumir
a natureza humana. O Apolinarismo acredita que a natureza divina fez o lugar da
alma humana. Assim, Jesus não teria nem um conhecimento humano, nem uma vontade
humana. O Concílio de Calcedônia, em 451, definiu que em Jesus as duas
naturezas estão completas e possui todas as suas propriedades.
Jesus verdadeiro Deus
O Mistério da Santíssima Trindade
afirma que existe uma única substância divina pertencente as três Pessoas
divinas. Cada uma delas é Deus por inteiro, não existindo uma hierarquia ou uma
subordinação entre elas. Todavia, em função da origem de cada uma destas,
podemos afirmar uma distinção real pessoal: o Pai gera eternamente o Filho, o Filho
é eternamente gerado pelo Pai e o Espírito procede do Pai e do Filho. Assim, o
único Deus em três Pessoas vive sua unidade substancial e sua
diferença pessoal e relacional.
Em Deus só existe uma única natureza
e uma única operação. Todavia, cada Pessoa cumpre sua função salvífica segundo
sua propriedade pessoal. Assim, é o Filho quem se Encarna, em sua Pessoae
natureza divina, com a missão de salvar os homens. Por natureza divina,
queremos dizer que Ele é Deus plenamente: Ele possui a inteligência e a vontade
divina. O Pai, o Filho e o Espírito possuem a mesma vontade, a mesma
inteligência, a mesma potência e os mesmos atributos divinos.
Jesus verdadeiro homem
A Pessoa do Verbo com sua natureza
divina assume a natureza humana. Com a natureza humana, entendemos que o Filho
de Deus passa a ter uma alma humana, com seus atributos (paixões, inteligência,
vontade e liberdade humana), e um corpo humano com suas propriedades.
O conhecimento humano de Jesus
Assim como todos os homens, Jesus
tinha um conhecimento experimental das coisas e das pessoas dado no tempo e no
espaço, de acordo com as vicissitudes de sua cultura. Ele crescia em
sabedoria. Além disto, pela sua vida santíssima, Ele tinha uma penetração
mística, pois sua inteligência humana estava em profunda comunhão com sua
inteligência divina. Jesus manifestava o conhecimento das coisas divinas que
veio revelar através de sua natureza humana para que os homens pudessem
compreender estas verdades tão sublimes. As coisas que Jesus desconhecia em sua
inteligência humana eram realidades que não lhe cabiam revelar. Em sua
inteligência divina, Ele é a Verdade.
A vontade humana de Jesus
Jesus possui também duas vontades: a
divina e a humana. Em sua vontade humana Jesus quis e obedeceu em tudo a sua
vontade divina. Entre estas duas vontades existiam cooperação e subordinação da
humana sob a divina. Elas não eram opostas nem contraditórias. Em sua natureza
humana, Jesus foi fiel aos planos da vontade divina e aqui se revela, também, a
sua santidade.
O corpo de Jesus
Jesus assumiu não só uma alma
humana, mas também um corpo. Assim, a divindade se expressou dentro das
limitações corpóreas de tempo e lugar, dentro das possibilidades comunicativas
e dentro das dimensões da humanidade. Por Jesus pode ser contemplado como um
“Mistério”. Ele é uma realidade visível que nos deixa entrar em contato com uma
realidade invisível. Através da humanidade de Cristo (sua expressões, seus
sentimentos, suas palavras, seu silêncio e seus gestos), conhecemos e somos
admitidos na amizade com Deus.
Para aprofundar...
Para saber mais sobre o assunto,
indicamos o CIC do número 470 até 478; o Compêndio do Catecismo, perguntas
90, 91, 92 e 93; e, o Youcat, perguntas 77 e 78.
Pe. Vitor Gino Finelon
Vice-Diretor das
Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida