quinta-feira, 18 de abril de 2013

Comunidade de comunidades: uma nova paróquia

Por Dom Orani João Tempesta, O. Cist.

A paróquia é a casa, por excelência, de todos os fiéis, onde eles devem encontrar o Cristo Ressuscitado. A paróquia é lugar de acolhida, de orientação, de ajuda espiritual e material. É a partir da paróquia que se podem descobrir os espaços não evangelizados de um território ou as situações que demandam atenção especial: escolas, hospitais, prisões, invasões, migrantes, favelas. A paróquia deve atingir o meio cultural e proporcionar ação pastoral que alcance o mundo da cultura e das artes.
A partir das paróquias pode acontecer uma renovada evangelização. Assim sendo, nossas paróquias devem ser acolhedoras, missionárias, fomentando redes de comunidades vivas e atuantes, que sejam irradiadoras de vida e, portanto, evangelizadoras. Acolhimento e missão formando discípulos de Cristo Ressuscitado, que vivam na unidade.
Devemos apostar na presença da Igreja, em forma de pequenas comunidades, em todos os cantos e recantos do território paroquial, naquilo que se chama capilaridade. As pequenas comunidades bem orientadas e unidas na caminhada de Igreja podem ser um bom caminho de renovação da paróquia, porque possibilitam responder à vocação cristã que se realiza sempre em comum.
A renovação da paróquia é fundamental para a Igreja enfrentar os desafios pastorais, a missão, enfim, evangelizar, levar a boa-nova de Jesus Cristo a todas as pessoas, formando pequenos núcleos pastorais, como células vivas da grande mãe, chamada de paróquia. As migrações arrancaram as pessoas de suas raízes e trouxeram-nas para as cidades. Hoje a nossa vida em geral é urbana.
Na paróquia temos três compromissos fundamentais, que provêm da essência da Igreja e do ministério sacerdotal. O primeiro é o serviço sacramental. Entre os sacramentos, o que se destaca, é claro, é a Eucaristia, que é centro e fonte de nossa vida cristã. Porém, temos dois sacramentos que merecem uma atenção especial devido às atuais circunstâncias. Um deles é o Sacramento do Batismo, a sua preparação e o compromisso de dar continuidade às recomendações batismais, e que já nos colocam também em contato com quantos não são muito crentes. Temos nesse trabalho a importante iniciação cristã. O compromisso de preparar o Batismo, de abrir as almas dos pais, dos parentes, dos padrinhos e das madrinhas à realidade do mesmo, já pode e deveria ser um compromisso missionário, que vai muito além dos confins das pessoas já "fiéis". Ao preparar o Batismo, procuramos fazer compreender que este Sacramento é inserção na família de Deus, que Deus vive, que Ele se preocupa por nós. Esse sacramento nos faz aprofundar toda a vida cristã.

Outra preocupação paroquial a ser considerada diz respeito ao Sacramento do Matrimônio: também ele se apresenta como uma grande ocasião missionária, porque hoje, graças a Deus, temos muitos que desejam se casar na Igreja, inclusive tantos que, mesmo batizados, não frequentam muito a igreja. É uma ocasião para levar estes jovens a confrontar-se com a realidade que é o matrimônio cristão, o matrimônio sacramental. A preparação para o matrimônio é uma ocasião de grandíssima importância, de missionariedade, para anunciar de novo no Sacramento do Matrimônio, o Sacramento de Cristo. Aqui se insere toda a questão da vida e família.
O segundo compromisso fundamental da Paróquia é o anúncio da Palavra, com os dois elementos essenciais: a homilia e a catequese. Urge redescobrirmos que a homilia deve ser a ‘ponte’ entre a Palavra de Deus, que é atual e deve chegar ao coração das pessoas. Devo dizer que a exegese histórico-crítica com frequência não é suficiente para nos ajudar na preparação da homilia. Observemos que o próprio Papa Francisco, na sua celebração cotidiana na Capela da Casa Santa Marta, onde está residindo, de maneira muito atual para a vida da Igreja e de todos os batizados, está atualizando a Palavra de Deus para vivermos a nossa vocação batismal.
O terceiro compromisso fundamental da Paróquia é a questão social: a cáritas, e a diaconia. Somos sempre responsáveis pelos que sofrem, pelos doentes, pelos marginalizados e pelos pobres. Pelo retrato da vossa diocese, vejo que são numerosos os que têm necessidade da nossa diaconia e esta também é uma ocasião sempre missionária. Assim, tenho a impressão de que a ‘clássica’ pastoral paroquial se autotranscenda nos três setores e se torne pastoral missionária.
Por isso, não podemos nos descurar do respeito que devemos dar aos nossos agentes de pastoral. O pároco não tem como fazer tudo! É impossível! Hoje, quer nos movimentos, quer nas pastorais, nas associações, nas novas comunidades que existem, temos agentes que podem ser colaboradores na paróquia para a constituição de uma verdadeira rede de comunidades, para que a paróquia atinja a todos os que não são tocados pela nossa pastoral clássica.