Por Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
A paróquia
é a casa, por excelência, de todos os fiéis, onde eles devem encontrar o Cristo
Ressuscitado. A paróquia é lugar de acolhida, de orientação, de ajuda
espiritual e material. É a partir da paróquia que se podem descobrir os espaços
não evangelizados de um território ou as situações que demandam atenção
especial: escolas, hospitais, prisões, invasões, migrantes, favelas. A paróquia
deve atingir o meio cultural e proporcionar ação pastoral que alcance o mundo
da cultura e das artes.
A partir
das paróquias pode acontecer uma renovada evangelização. Assim sendo, nossas
paróquias devem ser acolhedoras, missionárias, fomentando redes de comunidades
vivas e atuantes, que sejam irradiadoras de vida e, portanto, evangelizadoras.
Acolhimento e missão formando discípulos de Cristo Ressuscitado, que vivam na
unidade.
Devemos
apostar na presença da Igreja, em forma de pequenas comunidades, em todos os
cantos e recantos do território paroquial, naquilo que se chama capilaridade.
As pequenas comunidades bem orientadas e unidas na caminhada de Igreja podem
ser um bom caminho de renovação da paróquia, porque possibilitam responder à
vocação cristã que se realiza sempre em comum.
A
renovação da paróquia é fundamental para a Igreja enfrentar os desafios
pastorais, a missão, enfim, evangelizar, levar a boa-nova de Jesus Cristo a
todas as pessoas, formando pequenos núcleos pastorais, como células vivas da
grande mãe, chamada de paróquia. As migrações arrancaram as pessoas de suas
raízes e trouxeram-nas para as cidades. Hoje a nossa vida em geral é urbana.
Na
paróquia temos três compromissos fundamentais, que provêm da essência da Igreja
e do ministério sacerdotal. O primeiro é o serviço sacramental. Entre os
sacramentos, o que se destaca, é claro, é a Eucaristia, que é centro e fonte de
nossa vida cristã. Porém, temos dois sacramentos que merecem uma atenção
especial devido às atuais circunstâncias. Um deles é o Sacramento do Batismo, a
sua preparação e o compromisso de dar continuidade às recomendações batismais,
e que já nos colocam também em contato com quantos não são muito crentes. Temos
nesse trabalho a importante iniciação cristã. O compromisso de preparar o
Batismo, de abrir as almas dos pais, dos parentes, dos padrinhos e das
madrinhas à realidade do mesmo, já pode e deveria ser um compromisso
missionário, que vai muito além dos confins das pessoas já "fiéis".
Ao preparar o Batismo, procuramos fazer compreender que este Sacramento é
inserção na família de Deus, que Deus vive, que Ele se preocupa por nós. Esse
sacramento nos faz aprofundar toda a vida cristã.
Outra
preocupação paroquial a ser considerada diz respeito ao Sacramento do
Matrimônio: também ele se apresenta como uma grande ocasião missionária, porque
hoje, graças a Deus, temos muitos que desejam se casar na Igreja, inclusive tantos
que, mesmo batizados, não frequentam muito a igreja. É uma ocasião para levar
estes jovens a confrontar-se com a realidade que é o matrimônio cristão, o
matrimônio sacramental. A preparação para o matrimônio é uma ocasião de
grandíssima importância, de missionariedade, para anunciar de novo no
Sacramento do Matrimônio, o Sacramento de Cristo. Aqui se insere toda a questão
da vida e família.
O segundo
compromisso fundamental da Paróquia é o anúncio da Palavra, com os dois
elementos essenciais: a homilia e a catequese. Urge redescobrirmos que a
homilia deve ser a ‘ponte’ entre a Palavra de Deus, que é atual e deve chegar
ao coração das pessoas. Devo dizer que a exegese histórico-crítica com
frequência não é suficiente para nos ajudar na preparação da homilia.
Observemos que o próprio Papa Francisco, na sua celebração cotidiana na Capela
da Casa Santa Marta, onde está residindo, de maneira muito atual para a vida da
Igreja e de todos os batizados, está atualizando a Palavra de Deus para
vivermos a nossa vocação batismal.
O terceiro
compromisso fundamental da Paróquia é a questão social: a cáritas, e a diaconia.
Somos sempre responsáveis pelos que sofrem, pelos doentes, pelos marginalizados
e pelos pobres. Pelo retrato da vossa diocese, vejo que são numerosos os que
têm necessidade da nossa diaconia e esta também é uma ocasião sempre
missionária. Assim, tenho a impressão de que a ‘clássica’ pastoral paroquial se
autotranscenda nos três setores e se torne pastoral missionária.
Por isso,
não podemos nos descurar do respeito que devemos dar aos nossos agentes de
pastoral. O pároco não tem como fazer tudo! É impossível! Hoje, quer nos
movimentos, quer nas pastorais, nas associações, nas novas comunidades que
existem, temos agentes que podem ser colaboradores na paróquia para a
constituição de uma verdadeira rede de comunidades, para que a paróquia atinja
a todos os que não são tocados pela nossa pastoral clássica.