Por Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Estamos,
os bispos brasileiros, reunidos em nossa 51ª Assembleia Geral Ordinária, na
cidade de Aparecida (SP), aos pés de Nossa Senhora da Conceição Aparecida,
rainha e padroeira do Brasil. Nestes dias temos oportunidade de rezar o ofício
divino juntos, de concelebrarmos a Santa Eucaristia, com a confortante e orante
presença dos romeiros de Nossa Senhora Aparecida, e de partilhar as alegrias e
esperanças, as tristezas e os desafios dos bispos que compõem as 273
circunscrições eclesiásticas brasileiras, entre dioceses, arquidioceses,
prelazias e administrações pessoais. Nós somos 361 bispos de todo o Brasil,
sendo que 43 destes são eméritos. Já o número total de participantes chega a
451, entre assessores, secretários de regionais, organismos, colaboradores e
convidados. As sessões e outras atividades estão sendo realizadas no Centro de
Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida e algumas no subsolo da Basílica.
A
Assembleia desenvolve-se com a participação de bispos dos 17 regionais da CNBB:
Centro-Oeste, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste e Sul. De acordo com o
regulamento geral, “a assembleia, órgão supremo da CNBB, é nesta a expressão e
a realização maiores do afeto colegial, da comunhão e corresponsabilidade dos
Pastores da Igreja no Brasil”.
Durante a
assembleia, trataremos de assuntos de ordem espiritual e de ordem pastoral,
administrativa, temporal e os problemas emergentes da vida das pessoas e da
sociedade, sempre na perspectiva da evangelização. São convidados para as
assembleias gerais, com voto consultivo, os bispos eméritos e outros bispos de
qualquer rito, em comunhão com a Santa Sé, e que tenham domicílio no País, e
aqueles nomeados ou eleitos que ainda não forem membros da CNBB.
Para as
sessões, é convidado, também, o Núncio Apostólico no Brasil, em razão de seu
múnus. Os membros da Assembleia Geral têm toda a autoridade e competência para
aprovação de documentos, instruções pastorais e diretrizes, inclusive as declarações
doutrinais de magistério. De acordo com o regulamento, têm direito a “voto
consultivo e deliberado apenas os membros presentes”.
O tema
central da nossa assembleia deste ano é a questão paroquial. A assembleia geral
se insere na dinâmica do Ano da Fé e no espírito dos 50 anos do Concílio
Vaticano II.
Como vai o
nosso trabalho paroquial? Será que o nosso modelo atual de paróquia está
atingindo, com eficácia, o anúncio do Evangelho? Estamos cientes de que a sede
paroquial, a conhecida Igreja Matriz, deve ser a fonte irradiadora de redes de
comunidades em todos os setores, urbanos, rurais e periféricos de nossas
comunidades paroquiais. E sabemos que também teremos outros tipos de
comunidades não geográficas nas paróquias que também farão parte da comunhão
eclesial?
Bem disse
o Papa Francisco, no discurso da missa crismal, na Quinta feira Santa, dia 28
de março: pediu aos padres que deem um novo dinamismo à Igreja. Naquela
ocasião, o Santo Padre defendeu uma mudança "na maneira de ser do Papa e
dos padres", que deveriam "ousar ir às periferias perigosas do
mundo" e levar o Evangelho para "aqueles que não têm nada".
Assim, devemos
estudar uma maneira da paróquia ser fiel à sua missão evangelizadora,
favorecendo a experiência de comunhão, essencial para a vida cristã. É na
paróquia que buscamos a Eucaristia, a catequese, a reconciliação, a celebração
da vida, o conforto na hora das perdas e a oração nas horas difíceis da vida.
Esse é o
grande desafio de nossa assembleia, na busca de caminhos a iluminar a renovação
paroquial no Brasil. É claro que toda a pastoral supõe pessoas que tenham se
encontrado com Cristo Ressuscitado e vivem a fé em comunidade.
Quando
aqui mesmo em Aparecida, participávamos como delegados da 5ª Conferência Geral
do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, em maio de 2007, ficou patente que
"as paróquias são chamadas a ser comunidades de comunidades, como as denomina
o Documento de Aparecida. São chamadas a uma conversão pastoral, que destaque
ainda mais seu dinamismo missionário e seu espírito de acolhimento".
Por isso, nestes
dias, queremos pedir aos párocos de nossas paróquias que intensifiquem, junto
aos seus rebanhos, incessantes orações para que as luzes do Divino Espírito
Santo, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, iluminem o nosso episcopado
para encontrar um novo caminho paroquial para o Brasil, que ajude a evangelizar
a todos para que possamos sair da pastoral da manutenção.
Trago
todos os meus arquidiocesanos, os jovens que de todos os cantos do mundo se
preparam para peregrinar ao Rio de Janeiro, de 23 a 28 de julho próximos, no
meu coração e deposito, junto com os nossos trabalhos, o empenho de todos aos
pés da Senhora Aparecida. Que a Virgem Aparecida a todos nos ilumine e nos ajude
a renovar nossa praxis paroquial, Amém!