Por D. Orani João Tempesta, O. Cist
Arcebispo do Rio de Janeiro
Os jovens
chegaram! Essa cidade maravilhosa se enfeitou ainda mais com a presença de
todos durante esses dias! Estão chegando de todos os lados do mundo. Primeiro
foram os voluntários. Aos poucos começam a chegar os peregrinos. Na semana que
entra todos os caminhos conduzirão ao Rio de Janeiro!
Com muita
alegria, acolho todos vocês, queridos jovens, que aportaram na cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro para um encontro com Cristo. Olhando para o
Corcovado, contemplamos o Cristo Redentor que, de braços abertos para a cidade
maravilhosa, nos convida a todos para o mandamento missionário, como tema de
nossa semana de encontros, orações, celebrações, partilhas, catequeses,
confissões, vigílias, adoração, via-sacra, entretenimento espiritual, e, acima
de tudo, o encontro com o Senhor e testemunho de que Cristo Ressuscitado vive e
nos convida a "ir e fazer discípulos entre todas as nações!" (cf. Mt
28,19).
Os jovens
vêm de longe ou de perto, do Brasil e do exterior. O afastamento da cidade ou
da pátria é algo que Deus às vezes exige dos homens que escolhe; aceitá-Lo com
fé na sua promessa é sempre uma condição misteriosa e fecunda para o
desenvolvimento e o crescimento do povo de Deus na Terra. O Senhor disse a
Abraão: "Sai da tua terra, da tua pátria e da tua casa paterna e vai para
a região que eu te mostrar. E eu farei sair de ti um grande povo e te
abençoarei; engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênção" (cf. Gn
12,1).
A verdade
e a força do mandato missionário nascem das profundezas do mistério da
Redenção, e a sua obra evangelizadora entre os povos deve constituir um elo
importante na missão que o Salvador confiou à Igreja até o fim dos tempos. Ela
constituiu – numa época determinada e em circunstâncias concretas – o
cumprimento das palavras de Cristo que, com o poder da sua Cruz e da sua
Ressurreição, ordenou aos apóstolos: "Pregai o Evangelho a toda
criatura" (Mc 16, 15). "Ide, ensinai todas as gentes" (Mc
28,19). Os peregrinos da JMJ, impelidos pelo mandato apostólico, irão se deixar
orientar pelo ideal apostólico de São Paulo: "De fato, todos vós sois
filhos de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, pois quando fostes batizados em
Cristo, revestistes-vos de Cristo. Não há judeu nem gentio, não há escravo nem
livre, não há homem nem mulher: todos vós sois um só em Cristo Jesus" (cf.
Gl 3,26-28).
Além de um
grande respeito pelas pessoas e da solicitude desinteressada pelo seu
verdadeiro bem, o peregrino, que se coloca como discípulo-missionário de Jesus,
deve demonstrar ter também os adequados recursos de energia, de prudência, de
zelo e de caridade, indispensáveis para levar a luz aos fiéis cristãos e, ao
mesmo tempo, para lhes indicar o bem e para ajudá-los concretamente a
alcançá-lo. Este é o objetivo que deve nortear a todos os que, terminada a JMJ,
passarão aqui mesmo em nossa cidade e, particularmente depois desta Jornada,
para levar o Evangelho; procurando integrar-se nas realidades secularizadas e
hostis ao anúncio do Evangelho e compartilhar em tudo a sua sorte,
particularmente àqueles que vivem nas periferias.
A ingente
missão do Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno
cumprimento. Após a Sua vinda, uma visão de conjunto da humanidade mostra que
tal missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças
no seu serviço. É o Espírito Santo que impele a anunciar as grandes obras de
Deus! "Porque se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois
que me foi imposta esta obrigação: ai de mim se não evangelizar!" (1 Cor
9, 16).
Qual deve
ser a intenção dos peregrinos? O que me anima e deve animar os romeiros a
proclamar a urgência da evangelização missionária é que ela constitui o
primeiro serviço que a Igreja pode prestar ao homem e à humanidade inteira. No
mundo de hoje, que, apesar de conhecer realizações maravilhosas, parece ter
perdido o sentido último das coisas e da sua própria existência, a nova
evangelização é tarefa urgente! Nosso Senhor Jesus Cristo revela plenamente o
homem a si próprio. O homem que a si mesmo se quiser compreender profundamente
deve aproximar-se de Cristo. A Redenção, operada na Cruz, restituiu
definitivamente ao homem a dignidade e o sentido da sua existência no mundo.
Nesse sentido, urge promover e conscientizar da necessidade das vocações
missionárias; estimulando os teólogos a aprofundar e expor sistematicamente os
vários aspectos da missão; relançar a missão, em sentido específico,
comprometendo as Igrejas particulares a mandarem e a receberem missionários;
garantir aos não-cristãos, revelando a todos os homens e mulheres de boa
vontade, o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus.
O Concílio
Ecumênico Vaticano II ofereceu um grande realce ao papel da Igreja em favor da
salvação da humanidade. Enquanto reconhece que Deus ama todos os homens e lhes
dá a possibilidade de se salvarem (cf. 1 Tim 2, 4), a Igreja professa que Deus
constituiu Cristo como único mediador e que ela própria foi posta como
instrumento universal de salvação. "Todos os homens, pois, são chamados a
esta católica unidade do Povo de Deus (...) à qual, de diversos modos,
pertencem ou estão ordenados quer os fiéis católicos, quer os outros crentes em
Cristo, quer universalmente todos os homens chamados à salvação pela graça de
Deus". É necessário manter unidas estas duas verdades: a real possibilidade
de salvação em Cristo para todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa
salvação. Ambas facilitam a compreensão do único mistério salvífico, permitindo
experimentar a misericórdia de Deus e a nossa responsabilidade. A salvação, que
é sempre um dom do Espírito Santo, supõe a participação do homem para se salvar
tanto a si próprio como aos outros. Assim o quis Deus e, por isso, estabeleceu
e comprometeu a Igreja no plano da salvação. Este povo messiânico – ensina o
Concílio – estabelecido por Cristo como uma comunhão de vida, amor e verdade,
serve também, nas mãos d'Ele, de instrumento da redenção universal, sendo
enviado a todo o mundo como luz desse mundo e sal da terra.
Vivamos
nesta intensa JMJ que se aproxima a busca do rosto sereno e radioso de Jesus
Cristo! Que estes dias sejam de encontro com Cristo, ouvindo a sua voz,
caminhando com Ele e testemunhando-O a todas as pessoas de boa vontade. Que a
Cruz de Cristo, que peregrinou pelo Brasil e por alguns países da América
Latina, nos ilumine a tomar a nossa cruz diária e testemunhá-la a todos os
homens e mulheres que procuram o seu “encontro” com o Redentor! Que o povo de
nossa amada Arquidiocese continue acolhendo, com o jeito bem carioca, todos os
peregrinos com carinho e muito calor humano que só o carioca sabe fazer. Sejam
bem-vindos e vivamos esta semana no clima da fé de permanente escuta e vivência
da escola do amor, da caridade e da paz que brota do Cristo Redentor, que a
todos acolhe de braços abertos!
Que todos
nós, peregrinos e fiéis, tenhamos uma frutuosa e apostólica JMJ-Rio 2013! Feliz
Jornada para todos!