terça-feira, 30 de julho de 2013

Festa da fé

            O Papa Francisco se fez o anfitrião dos participantes da Jornada Mundial da Juventude ao recepcioná-los: “Bem-vindos a esta grande festa da fé!”. Tanto os jovens quanto o Papa deram o toque da alegria no Senhor, tão divina e tão humana, nas ruas da cidade do Rio de Janeiro.
            O Papa disse e ensinou a fraternidade do pai comum que se faz irmão menor, através de atitudes, gestos, sorrisos, beijos e abraços. Indo ao encontro de todos, jovens e anciãos, fragilizados e empobrecidos, trouxe alegria a muita gente. A multidão sorria ou chorava de grata comoção. Muitos diziam: ‘eu vi o Papa!’ Consegui!
            Nossa fé católica professa que o Papa é o sucessor de Pedro. Para quem vê tais manifestações emocionadas, com o olhar sereno da fé, sabe que ela se expressa também na meditação interior e muito pessoal do mistério do divino no humano. Aliás, o Papa só se entende plenamente na sua relação com Jesus Cristo de quem foi constituído vigário: “Apascenta meus cordeiros” (Jo 21,15); “Apascenta minhas ovelhas” (v.16). Hoje, Pedro é Francisco.
            Junto às autoridades, disse a que vinha, parafraseando as palavras de Pedro ao suplicante: “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo” (cf. At. 3,6). Introduziu de cheio o motivo da realização de uma Jornada para jovens: “A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo”. Palavras ricas de sentido e de empenho.
            A metáfora da janela é substanciosa. É uma pequena porta de possibilidades. Não de saída, mas de entrada. Entrada do futuro que já se faz presente. Indica que a juventude entra, quer queiramos ou não. Impossível impedi-la, pois o novo sempre vem. Supõe que facilitemos e promovamos seu ingresso para que o mundo tenha futuro. Não há amanhã sem juventude.
            A metáfora simples e verdadeira diz de qualquer sociedade que queira continuar com número e qualidade. Diz da Igreja. Perita de humanidade, ela sabe o valor da juventude. Conhece o valor e a nobreza da sua juventude comprometida. Expressivamente, esta  grita o refrão de sua identidade: “Esta é a juventude do Papa!” A afirmação feita a Bento XVI em Madri, é repetida a Francisco no Rio de Janeiro. É um sinal dos tempos. Tempos atuais. De sorte que Bento XVI repetira seus sentimentos que a Igreja é viva e é jovem. Na sua fina perspicácia, não usou o verbo estar mas o verbo ser. Quanto ao Papa Francisco, expressarão sentimento da Igreja rejuvenescida, com a presença alegre e festiva dos jovens quando botam fé, esperança e amor.
            Os jovens e o Papa lavaram e iluminaram nossa alma. Tanto as chuvas quanto o sol, a presença da natureza real e simbólica, serviram de sinalização para nossa purificação e iluminação em Cristo, ocorridas pela palavra e pelos sacramentos. Haja vista que as catequeses feitas pelos bispos aos jovens e a celebração da penitência ou confissão e da Eucaristia estiveram no centro da Jornada. São sinais de pureza e de luz. Eis o segredo da espiritualidade irradiante da Jornada, a expressão mais jovial e rejuvenescedora da Igreja Católica.
            Os imprevistos e as dificuldades ajudaram a afirmar o melhor da Jornada: a espiritualidade, fundada na graça gratuita de Deus. Deu certo não devido à organização e ao planejamento, mas às orações de muitos, às doações e aos sacrifícios de quem foi generoso e abriu as portas do coração, da casa e do bolso, e, especialmente, aos voluntários. Por tantas janelas abertas, entrou a juventude, o futuro do mundo e da Igreja. Louvado seja o Senhor da História!
Editorial do Jornal Testemunho de Fé