Neste
domingo, dia 29 de setembro, foi realizada a Jornada do Catequista, no
Vaticano. O Papa Francisco presidiu a missa na Praça de São de São Pedro
para cerca de dois mil catequistas vindos de várias partes do mundo em
peregrinação à Sé de Pedro e para tomar parte no Congresso Internacional da
Catequese, realizado nos últimos três dias em Roma, no âmbito do ano da Fé. Com
o Santo Padre concelebraram numerosos bispos e padres de várias nacionalidades,
entre os quais D. Salvatore Fisichella, Presidente do Conselho Pontifício para
a Promoção da Nova Evangelização, que lhe dirigiu a palavra no final da missa.
Na sua
homilia o Papa deixou-se inspirar pelas palavras do Profeta Amós que diz: “Ai
dos que vivem comodamente (…) e não se preocupam dos outros”. Palavras duras –
disse o Papa - mas que nos chamam a atenção para o perigo que todos corremos. O
perigo de termos como centro de tudo apenas o nosso bem-estar, sem nos
preocuparmos com os outros, com os pobres; o perigo de - tal como o rico citado
no Evangelho - perdermos a nossa identidade de pessoa, o nosso rosto humano, e
de termos como rosto e como identidade apenas os nossos haveres.
Mas porque
é que acontece isto, perguntou o Papa, respondendo que isto acontece quando
perdemos a memória de Deus:
“Se falta a memória de Deus, tudo se
nivela pelo eu, pelo meu bem-estar. A vida, o mundo, os outros perdem consistência,
já não contam para nada, tudo se reduz a uma única dimensão: o ter. Se perdemos
a memória de Deus, também nós mesmos perdemos consistência, também nós nos
esvaziamos, perdemos o nosso rosto, como o rico do Evangelho! Quem corre atrás
do nada, torna-se ele próprio nulidade – diz outro grande profeta, Jeremias.
Estamos feitos à imagem e semelhança de Deus, não das coisas, nem dos ídolos!”
E lançando
o olhar à extensa Praça de São Pedro, repleta de catequistas (entre os outros
fiéis) o Papa perguntou-se:
“Quem é o catequista”? É aquele que
guarda a alimenta a memória de Deus; guarda-a em si mesmo e sabe despertá-lo
nos outros. É belo isto!”
É belo
isto, prosseguiu o Papa, referindo-se a Nossa Senhora que, depois de ter
recebido o anuncio do Anjo de que ia ser a mãe de Jesus, soube, de forma
humilde e cheia de fé, fazer memória de Deus.
A fé
contém a memória de Deus, da história de Deus conosco, do Deus que toma a
iniciativa de salvar o homem - continuou o Papa, afirmando que “o catequista é precisamente um cristão que
põe esta memória ao serviço do anúncio: não para dar nas vistas, nem para falar
de si, mas para falar de Deus, do seu amor, da sua fidelidade. Falar e
transmitir tudo o que Deus revelou, isto é a Doutrina, isto é a doutrina na sua
totalidade, sem cortar, nem acrescentar”.
Uma tarefa
não fácil, a de guardar memória de Deus e despertá-lo na no coração dos outros,
pois que isto compromete a vida toda –continuou o Papa, recordando que o
próprio Catecismo não é senão memória de Deus, memória da sua ação na História,
presença de Cristo na sua Palavra… e aqui o Papa dirigiu-se diretamente aos
catequistas:
“Amados catequistas pergunto-vos:
Somos memória de Deus? Procedemos verdadeiramente como sentinelas que despertam
nos outros a memória de Deus, que inflama o coração (…)? Que estrada seguir
para não sermos pessoas “que vivem comodamente”, que põem a sua segurança em si
mesmos e nas coisas, mas homens e mulheres da memória de Deus?”
Como
resposta o Papa sugeriu as indicações dadas por São Paulo na sua carta a
Timóteo e que podem caracterizar também o caminho do catequista, isto é:
procurar a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. E
rematou:
“O catequista é pessoa da memória de
Deus, se tem uma relação constante, vital com Ele e com o próximo; se é pessoa
de fé, que confia verdadeiramente em Deus e põe n’Ele a sua segurança; se é
pessoa de caridade, de amor, que vê a todos como irmãos; se é “hypomoné”,
pessoa de paciência e perseverança, que sabe enfrentar as dificuldades, as
provas, os insucessos, com serenidade e esperança no Senhor; se é pessoa
gentil, capaz de compreensão e de misericórdia”.
Fonte: arqrio.org