Por D. Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo
do Rio de Janeiro
Com a festa de Santa Teresinha do
Menino Jesus e da Sagrada Face, Doutora da Igreja, iniciamos o mês de outubro,
que é dedicado às missões e ao rosário.
Para nós, é também o mês da festa de
Nossa Senhora da Penha que, do seu Santuário arquidiocesano, intercede por esta
Cidade Maravilhosa. Este mês está repleto de comemorações litúrgicas que nos
inundam no mistério do Cristo Redentor, cuja imagem do Corcovado foi inaugurada
há 82 anos.
Mas recordamos com muito carinho da
festa de São Francisco de Assis, a 4 de outubro, o santo que tem inspirado o
querido e amado Papa Francisco a dar uma nova face à nossa amada Igreja, e que,
inclusive, contará com uma sua visita especial à bela Assis, na região da
Úmbria, na Itália.
Celebraremos no dia 12, a Solenidade de Nossa
Senhora da Conceição Aparecida, rainha e padroeira do Brasil; e, no segundo
domingo de outubro, neste ano no dia 13, a festa de Nossa Senhora de Nazaré,
padroeira da Amazônia, com o famoso Círio de Nazaré em Belém do Pará, quando
mais de dois milhões de pessoas acompanham a berlinda levando o pequenino ícone
do povo paraense.
No dia 7 é a memória de Nossa
Senhora do Rosário, que marca também este mês e nos convida a contemplar os
mistérios de nossa fé na oração do Terço. Na Arquidiocese do Rio já é
tradicional o encontro dos grupos de oração do terço, Senhora do Rosário,
promovido pela Rádio Catedral.
Aliás, este mês, com os dois temas: missões e rosário, demonstra
bem a mística da Igreja que se move entre a ação e contemplação, oração e
trabalho. Embora tenhamos grupos especiais para cada situação de oração e
missão, essa espiritualidade deve estar em nossas vidas. Só seremos bons e
animados missionários se vivermos uma vida de intensa oração. E quem reza com o
coração aberto como Santa Teresinha, amando a Igreja, é missionário pela
intercessão, pois realiza a missão essencial para que o anúncio do Evangelho
permeie a vida e o coração das pessoas. Por isso, temos dois patronos das
missões: Santa Teresinha e São Francisco Xavier, significando essas duas faces
do trabalho evangelizador da Igreja.
Para o
dia Mundial das Missões, quando faremos a coleta nacional nessa intenção, o
Papa Francisco enviou a mensagem sobre o tema da alegria em ser missionário.
Será uma bela meditação ler e refletir as palavras do Santo Padre. Aqui no Brasil,
este mês é um dos meses temáticos. Em consonância com os ecos da JMJ Rio2013 e
a Campanha da Fraternidade deste ano, o mês missionário de outubro de 2013 tem
como tema: “Juventude em Missão” e como lema: “A quem eu te enviar,
irás” (Jr. 1, 7b). Alegra o nosso coração contemplar a Igreja toda
continuando a refletir sobre a importância da juventude. Por isso, uma
primavera missionária nos leva a considerar como fundamental na Igreja uma
juventude que é a principal protagonista da missão por todos os recantos do mundo.
Os jovens
são convocados pela Igreja para serem missionários, a levar adiante a caminhada
missionária no mundo como um todo e não apenas em nossas estruturas paroquiais
e diocesanas. Aliás, essa tem sido a insistência do Papa Francisco na questão
da missionariedade.
A
Campanha da Fraternidade deste ano nos levou a ver em Isaías, jovem profeta que
se colocou à disposição de Deus para uma missão: mesmo que Isaías se sentisse
pequeno, ele não titubeou, mas deu o seu ‘sim’ incondicional: “Eis-me aqui, envia-me”
(Is. 6, 8).
Por isso,
nossa juventude é chamada a responder com entusiasmo, como pediu o Papa
Francisco aqui no Rio de Janeiro: “A quem eu te enviar, irás” (Jr 1, 7b), a
todo o mundo não só ao meu grupo, minha comunidade. “Ide e fazei discípulos a
todos os povos” (Mt. 12, 8).
O Papa
Francisco, em sua mensagem para o Mês Missionário, assinada no dia 19 de maio
deste ano, assim nos advertiu acerca da necessidade de sair das estruturas
paroquiais e manifestar a nossa vocação missionária, particularmente contando
com o entusiasmo dos jovens em idade e dos jovens de espírito, levando a Boa
Nova de Jesus aos que vivem indiferentes à nossa fé, a este grande tesouro que
não podemos guardar somente para nós: "Além disso, em áreas sempre mais
amplas das regiões tradicionalmente cristãs, cresce o número daqueles que vivem
alheios à fé, indiferentes à dimensão religiosa ou animados por outras crenças.
Não raro, alguns batizados fazem opções de vida que os afastam da fé,
tornando-os assim carecidos de uma 'nova evangelização'. A tudo isso se junta o
fato de que larga parte da humanidade ainda não foi atingida pela Boa Nova de
Jesus Cristo. Ademais, vivemos num momento de crise que atinge vários setores
da existência, e não apenas os da economia, das finanças, da segurança
alimentar, do meio ambiente, mas também os do sentido profundo da vida e dos
valores fundamentais que a animam. A própria convivência humana está marcada
por tensões e conflitos, que provocam insegurança e dificultam o caminho para
uma paz estável".
Tenho
relembrado sempre “da mudança de época” em que vivemos e da necessidade de uma
adaptação missionária, como nos pede o Papa Francisco: "Nesta complexa
situação, onde o horizonte do presente e do futuro parecem atravessados por
nuvens ameaçadoras, torna-se ainda mais urgente levar corajosamente a todas as
realidades o Evangelho de Cristo, que é anúncio de esperança, de reconciliação,
de comunhão, anúncio da proximidade de Deus, da sua misericórdia, da sua
salvação, anúncio de que a força do amor de Deus é capaz de vencer as trevas do
mal e guiar pelo caminho do bem. O homem do nosso tempo necessita de uma luz
segura que ilumine a sua estrada e que só o encontro com Cristo lhe pode dar.
Com o nosso testemunho de amor, levemos a este mundo a esperança que nos dá a
fé! A missionariedade da Igreja não é proselitismo, mas testemunho de vida que
ilumina o caminho, que traz esperança e amor. A Igreja – repito mais uma vez –
não é uma organização assistencial, uma empresa, uma ONG, mas uma comunidade de
pessoas, animadas pela ação do Espírito Santo, que viveram e vivem a maravilha
do encontro com Jesus Cristo e desejam partilhar esta experiência de profunda
alegria, partilhar a mensagem de salvação que o Senhor nos trouxe. É justamente
o Espírito Santo que guia a Igreja neste caminho".
As
Pontifícias Obras Missionárias do Brasil organizaram os vários subsídios da
Campanha Missionária: o cartaz, a novena, o DVD com testemunhos, principalmente
de jovens missionários, folhetos com as orações pelas missões, e envelopes para
as ofertas no Dia das Missões em favor das obras missionárias. Lembro a todos
que a missão nunca olha somente ao nosso redor, mas ela se abre para o mundo, à
universalidade. Jesus nos envia como discipúlos-missionários para todos os
povos, nações, línguas e realidades. Que sejam despertadas em nossos corações
nossa consciência missionária e a nossa vocação de informar, promover, animar a
Igreja para que seja discípula e verdadeiramente missionária. Mãos missionárias
a levar o Ressuscitado a todos os recantos do mundo!
