Por D. Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro
O Beato
João Paulo II promulgou no dia 11 de outubro de 1992 o Catecismo da Igreja
Católica. Estamos comemorando os 20 anos desta promulgação junto com os 50 anos
do Concílio Vaticano II dentro do Ano da Fé, que está para findar. Em nossa
Arquidiocese, no próximo dia 23 de novembro, sábado, a partir das 14hs, na
Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Avenida Chile, iremos celebrar a
conclusão do Ano da Fé e comemorar estes eventos, iniciando assim a Festa da
Unidade Arquidiocesana do Rio de Janeiro. Você é nosso convidado especial para
participar deste momento de oração, adoração, reflexão, louvor, testemunhos,
bandas católicas, reflexões, pregações e com a Santa Missa da Unidade.
Em 25 de
janeiro de 1985, o Papa João Paulo II convocou uma assembleia especial do
Sínodo dos Bispos para tratar dos frutos do Concílio Vaticano II na vida da
Igreja. Muitos bispos manifestaram o desejo da promulgação de um novo
Catecismo. Lembra o Papa João Paulo II que: "O 'Catecismo da Igreja
Católica' é fruto de uma vastíssima colaboração: foi elaborado em seis anos de
intenso trabalho, conduzido num espírito de atenta abertura e com apaixonado
ardor. Em 1986, confiei a uma comissão de doze cardeais e bispos, presidida
pelo senhor Cardeal Joseph Ratzinger, o encargo de preparar um projeto para o
Catecismo requerido pelos padres do Sínodo. Uma comissão de redação, composta
por sete bispos diocesanos, peritos em teologia e em catequese, coadjuvou a
Comissão no seu trabalho".
O
Catecismo da Igreja Católica foi dividido em quatro partes que estão ligadas
entre si: na primeira parte é tratado o mistério cristão, que é o objeto da fé,
com A Profissão da Fé. Na
segunda parte é celebrado e comunicado nos atos litúrgicos o que professamos
com a Celebração do Mistério Cristão.
Na terceira parte está presente, para iluminar e amparar os filhos de Deus no
seu agir cristão, com A Vida em
Cristo. Por último, na quarta parte, fundada a nossa oração, cuja expressão
privilegiada é o "Pai-Nosso", e constitui o objeto da nossa súplica,
do nosso louvor e da nossa intercessão, ou seja, o que de mais precisamos para
o seguimento do Senhor: A Oração
Cristã, que deve ser o alimento da nossa vida espiritual.
Ensina o
Papa João Paulo II que: "a Liturgia é ela própria oração; a confissão da
fé encontra o seu justo lugar na celebração do culto. A graça, fruto dos
sacramentos, é a condição insubstituível do agir cristão, tal como a
participação na liturgia da Igreja requer a fé”. Se a fé não se desenvolve nas
obras, essa está morta (cf. Tg 2,14-16) e não pode dar frutos de vida
eterna.
Por isso,
em 11 de outubro de 1992, o Papa João Paulo II, na Constituição Apostólica “Fidei Depositum” promulgou e
publicou o Catecismo da Igreja Católica,
redigido depois do Concílio Vaticano II. Este Catecismo, transcorridos trinta
anos do encerramento do Concílio Vaticano II, é apresentado como o coroamento
das deliberações do Concílio.
Todos nós,
por ocasião do Ano da Fé, agora sendo encerrado pelo Papa Francisco, sabemos da
importância de reler, estudar e aprofundar o Catecismo da Igreja Católica. O
Catecismo contém o compêndio das verdades da fé católica, e, segundo o Papa
João Paulo II: "A catequese encontrará nesta genuína e sistemática apresentação
da fé e da doutrina católica uma via plenamente segura para apresentar, com
renovado impulso, ao homem de hoje, a mensagem cristã em todas e em cada uma
das suas partes. Deste texto, cada agente de catequese poderá receber uma
válida ajuda para mediar, a nível local, o único e perene depósito da fé,
procurando conjugar contemporaneamente, com a ajuda do Espírito Santo, a
maravilhosa unidade do mistério cristão com a multiplicidade das exigências e
das situações dos destinatários do seu anúncio. A inteira atividade catequética
poderá conhecer um novo e difundido impulso junto do Povo de Deus, se souber
usar e valorizar de maneira adequada este Catecismo pós-conciliar".
Em 28 de
junho de 2005, o Papa Bento XVI, transcorridos os vinte anos da elaboração do
Catecismo da Igreja Católica, pedido pela já aludida Assembleia Extraordinária
do Sínodo dos Bispos, promulga o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. O
Papa Bento XVI ensina, com a clarividência de quem foi o principal redator do
Catecismo, que: "O Compêndio, que agora apresento à Igreja universal,
é uma síntese fiel e segura do Catecismo da Igreja Católica. Ele contém,
de maneira concisa, todos os elementos essenciais e fundamentais da fé da
Igreja, de forma a constituir, como desejara o meu predecessor, uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos
crentes e não crentes, abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé
católica. Ele espelha fielmente na estrutura, nos conteúdos e na linguagem o Catecismo
da Igreja Católica, que encontrará nesta síntese uma ajuda e um estímulo para
ser mais conhecido e aprofundado". O Papa Bento XVI aludia,
particularmente, que o compêndio, como o Catecismo, é um instrumento
fundamental na nova Evangelização: "Em primeiro lugar, confio esperançoso
este Compêndio a toda a Igreja e a cada cristão para que, graças a ele, se
encontre, neste terceiro milênio, novo impulso no renovado empenhamento de
evangelização e de educação na fé, que deve caracterizar cada comunidade
eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação. Mas este Compêndio,
pela sua brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as pessoas, que,
num mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens, desejam
conhecer o Caminho da Vida, a Verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu Filho."
O
Catecismo é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas
ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição Apostólica e pelo
Magistério da Igreja. O Catecismo é, sobretudo, um instrumento válido e
legítimo da comunhão eclesial e serve como uma norma segura para o ensino da
fé, do qual todos os batizados são convocados a transmitir às novas gerações. A
divulgação do Catecismo da Igreja Católica foi um trabalho importante do meu
venerado predecessor Cardeal Eugênio de Araújo Salles que, durante anos,
comentou-o pelas ondas da Rádio Catedral, além das atualizações através de seus
artigos semanais. Vamos continuar a aprofundar o texto do nosso Catecismo ou o
seu Compêndio e, em nossas comunidades, paróquias e grupos eclesiais estudá-lo
e transmiti-lo aos irmãos e irmãs. O Catecismo é o texto de referência, seguro
e autêntico, para o ensino da doutrina católica. Por isso, é oferecido a todos
os fiéis que desejam aprofundar o conhecimento das riquezas inexauríveis da
salvação (cf. Jo 8,32).
Convido a
todos, portanto, enquanto Igreja Arquidiocesana, para, no dia 23 de novembro,
celebrar e agradecer a Deus pelo Ano da Fé, comprometendo-nos a continuar a
aprofundar o Catecismo da Igreja Católica dentro das comemorações dos 50 anos
do Concílio Vaticano II neste tempo de mudança de época e de nova evangelização
dos discípulos missionários.