segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Ano da Fé e o Catecismo da Igreja

Por D. Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro

O Beato João Paulo II promulgou no dia 11 de outubro de 1992 o Catecismo da Igreja Católica. Estamos comemorando os 20 anos desta promulgação junto com os 50 anos do Concílio Vaticano II dentro do Ano da Fé, que está para findar. Em nossa Arquidiocese, no próximo dia 23 de novembro, sábado, a partir das 14hs, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Avenida Chile, iremos celebrar a conclusão do Ano da Fé e comemorar estes eventos, iniciando assim a Festa da Unidade Arquidiocesana do Rio de Janeiro. Você é nosso convidado especial para participar deste momento de oração, adoração, reflexão, louvor, testemunhos, bandas católicas, reflexões, pregações e com a Santa Missa da Unidade.
Em 25 de janeiro de 1985, o Papa João Paulo II convocou uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos para tratar dos frutos do Concílio Vaticano II na vida da Igreja. Muitos bispos manifestaram o desejo da promulgação de um novo Catecismo. Lembra o Papa João Paulo II que: "O 'Catecismo da Igreja Católica' é fruto de uma vastíssima colaboração: foi elaborado em seis anos de intenso trabalho, conduzido num espírito de atenta abertura e com apaixonado ardor. Em 1986, confiei a uma comissão de doze cardeais e bispos, presidida pelo senhor Cardeal Joseph Ratzinger, o encargo de preparar um projeto para o Catecismo requerido pelos padres do Sínodo. Uma comissão de redação, composta por sete bispos diocesanos, peritos em teologia e em catequese, coadjuvou a Comissão no seu trabalho".
O Catecismo da Igreja Católica foi dividido em quatro partes que estão ligadas entre si: na primeira parte é tratado o mistério cristão, que é o objeto da fé, com A Profissão da Fé. Na segunda parte é celebrado e comunicado nos atos litúrgicos o que professamos com a Celebração do Mistério Cristão. Na terceira parte está presente, para iluminar e amparar os filhos de Deus no seu agir cristão, com A Vida em Cristo. Por último, na quarta parte, fundada a nossa oração, cuja expressão privilegiada é o "Pai-Nosso", e constitui o objeto da nossa súplica, do nosso louvor e da nossa intercessão, ou seja, o que de mais precisamos para o seguimento do Senhor: A Oração Cristã, que deve ser o alimento da nossa vida espiritual.

Ensina o Papa João Paulo II que: "a Liturgia é ela própria oração; a confissão da fé encontra o seu justo lugar na celebração do culto. A graça, fruto dos sacramentos, é a condição insubstituível do agir cristão, tal como a participação na liturgia da Igreja requer a fé”. Se a fé não se desenvolve nas obras, essa está morta (cf. Tg 2,14-16) e não pode dar frutos de vida eterna.
Por isso, em 11 de outubro de 1992, o Papa João Paulo II, na Constituição Apostólica “Fidei Depositum” promulgou e publicou o Catecismo da Igreja Católica, redigido depois do Concílio Vaticano II. Este Catecismo, transcorridos trinta anos do encerramento do Concílio Vaticano II, é apresentado como o coroamento das deliberações do Concílio.
Todos nós, por ocasião do Ano da Fé, agora sendo encerrado pelo Papa Francisco, sabemos da importância de reler, estudar e aprofundar o Catecismo da Igreja Católica. O Catecismo contém o compêndio das verdades da fé católica, e, segundo o Papa João Paulo II: "A catequese encontrará nesta genuína e sistemática apresentação da fé e da doutrina católica uma via plenamente segura para apresentar, com renovado impulso, ao homem de hoje, a mensagem cristã em todas e em cada uma das suas partes. Deste texto, cada agente de catequese poderá receber uma válida ajuda para mediar, a nível local, o único e perene depósito da fé, procurando conjugar contemporaneamente, com a ajuda do Espírito Santo, a maravilhosa unidade do mistério cristão com a multiplicidade das exigências e das situações dos destinatários do seu anúncio. A inteira atividade catequética poderá conhecer um novo e difundido impulso junto do Povo de Deus, se souber usar e valorizar de maneira adequada este Catecismo pós-conciliar".
Em 28 de junho de 2005, o Papa Bento XVI, transcorridos os vinte anos da elaboração do Catecismo da Igreja Católica, pedido pela já aludida Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, promulga o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. O Papa Bento XVI ensina, com a clarividência de quem foi o principal redator do Catecismo, que: "O Compêndio, que agora apresento à Igreja universal, é uma síntese fiel e segura do Catecismo da Igreja Católica. Ele contém, de maneira concisa, todos os elementos essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de forma a constituir, como desejara o meu predecessor, uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos crentes e não crentes, abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé católica. Ele espelha fielmente na estrutura, nos conteúdos e na linguagem o Catecismo da Igreja Católica, que encontrará nesta síntese uma ajuda e um estímulo para ser mais conhecido e aprofundado". O Papa Bento XVI aludia, particularmente, que o compêndio, como o Catecismo, é um instrumento fundamental na nova Evangelização: "Em primeiro lugar, confio esperançoso este Compêndio a toda a Igreja e a cada cristão para que, graças a ele, se encontre, neste terceiro milênio, novo impulso no renovado empenhamento de evangelização e de educação na fé, que deve caracterizar cada comunidade eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação. Mas este Compêndio, pela sua brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as pessoas, que, num mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens, desejam conhecer o Caminho da Vida, a Verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu Filho."
O Catecismo é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição Apostólica e pelo Magistério da Igreja. O Catecismo é, sobretudo, um instrumento válido e legítimo da comunhão eclesial e serve como uma norma segura para o ensino da fé, do qual todos os batizados são convocados a transmitir às novas gerações. A divulgação do Catecismo da Igreja Católica foi um trabalho importante do meu venerado predecessor Cardeal Eugênio de Araújo Salles que, durante anos, comentou-o pelas ondas da Rádio Catedral, além das atualizações através de seus artigos semanais. Vamos continuar a aprofundar o texto do nosso Catecismo ou o seu Compêndio e, em nossas comunidades, paróquias e grupos eclesiais estudá-lo e transmiti-lo aos irmãos e irmãs. O Catecismo é o texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica. Por isso, é oferecido a todos os fiéis que desejam aprofundar o conhecimento das riquezas inexauríveis da salvação (cf. Jo 8,32).
Convido a todos, portanto, enquanto Igreja Arquidiocesana, para, no dia 23 de novembro, celebrar e agradecer a Deus pelo Ano da Fé, comprometendo-nos a continuar a aprofundar o Catecismo da Igreja Católica dentro das comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II neste tempo de mudança de época e de nova evangelização dos discípulos missionários.