A oração dominical, depois de invocar Deus como Pai, nos abre para sete
pedidos: os três primeiros nos fazem adentrar a glória de Deus e quatro
seguintes nos revelam o caminho para lá chegar. Vejamos o que diz cada uma
destas sete petições.
Santificado seja o vosso Nome
O primeiro
pedido é um louvor e uma ação de graças, pois santificar o nome de Deus é
reconhecer com gratidão toda a obra de revelação, de salvação e de santificação
que Ele fez em nosso favor. Durante toda a história da salvação, Ele vai se
revelando a Si mesmo, dando a conhecer quem Ele é: Seu nome. O homem,
introduzido neste mistério, maravilha-se diante dele e só pode exclamar sua
admiração e gratidão. O louvor a Deus, a vida eucarística, é a razão pela qual
o homem foi criado. São Paulo reflete bem esta petição do Pai Nosso quando diz
aos tessalonicenses: “Em tudo dai graças, pois é esta a vontade de Deus em
Cristo Jesus para convosco” (cf. 1Ts 5,18). Todos os outros seis pedidos
decorrem de quem Deus é, e de como Ele age na história e na vida dos homens.
Venha a nós o vosso Reino
O Reino de
Deus existe antes de nós, aproximou-se de nós no Verbo encarnado, instaurou-se
na morte e ressurreição de Cristo e se perpetua no nosso meio na Eucaristia,
encaminhando-nos para sua plenitude no final dos tempos. A Igreja e cada
cristão, unidos ao Espírito (cf. Ap 22,17), nesta segunda petição desejam a
vinda plena do reino e, ao mesmo tempo, se comprometem por viver de acordo com
a sua realidade no hoje, na expectativa final onde Deus será tudo em todos (cf.
1Cor 15,28). Longe de colocar os cristãos fora deste mundo, esta prece os
coloca como evangelizadores, anunciando a necessidade do acolhimento da
misericórdia e da conversão para adentrar no reino.
Seja feita a vossa Vontade
A vontade do
Pai nos foi revelada por Cristo como realidade salvífica universal (cf. 1Tm
2.3-4) e como mandamento de amor (cf. Jo 13,34). Jesus é a máxima expressão do
cumprimento da vontade do Pai e, na unção do Espírito, a Igreja prolonga esta
vida de obediência. Os cristãos, por esta petição, pedem para entrar no
mistério da vontade de Deus, e para terem a força necessária de colocá-la em
prática por meio de palavras e atos.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje
Quando
pedimos a Deus o pão, confessamos que Ele é o Deus bondoso que cuida de nós,
seus filhos amados, e que nos dará aquilo que nos é necessário para vivermos.
Esta prece nos liberta da escravidão pelos bens, pois coloca nossa segurança em
Deus (cf. Mt 6,25-34). Todavia, não podemos cair numa falsa concepção da
providência. Deus age através de nosso trabalho e de nossas lutas. O pão se
torna símbolo de tudo de que precisamos: necessidades materiais e espirituais.
Ele é, ao mesmo tempo, o pão material (alimento) e o pão espiritual (a palavra
e a Eucaristia).
Perdoai-nos as nossas ofensas
Este
pedido confessa, ao mesmo tempo, a nossa condição de homens fracos e pecadores
e a condição misericordiosa de Deus. Temos a certeza de que Ele está sempre
disposto a nos perdoar. Contudo, Ele nos coloca diante de uma condição: “como
nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Devemos entrar na mesma dinâmica, na
qual oferecemos aos irmãos aquilo que queremos de Deus: o perdão. De fato, a
vida de Jesus foi radical neste ponto: “Senhor, perdoai-lhes porque não sabem o
que fazem” (Lc 23,34). E, ainda, pediu aos seus discípulos que amassem os seus
inimigos e rezassem pelos que os perseguiam (cf. Mt 5,43-44). “O perdão se
torna condição fundamental da reconciliação dos filhos de Deus como seu Pai, e
dos homens entre si” (CIC, nº 2844).
Não nos deixeis cair em tentação
Este
pedido quer evitar que caiamos, à semelhança de nosso pais (cf. Gn 3), no
pecado. A tentação é aquela insinuação que é feita a nós, para que consintamos
em escolher como bem aquilo que não corresponde à vontade divina. Jesus, nesta
oração, nos ajuda a reconhece a necessidade do dom da fortaleza, da
perseverança e do discernimento para não nos afastarmos da vontade de Deus. A
vida de oração é o caminho para vencermos as insinuações do tentador, pois
purifica o nosso coração e o torna mais vigilante diante das situações que se
nos apresentam.
Mas livrai-nos do mal
Este
último pedido se refere ao diabo, aquele que se atira no meio do plano de Deus
e da obra de salvação realizada em Cristo (cf. CIC, nº 2852). Com esse pedido,
Cristo entrega à Igreja uma oração na qual se pede para que os homens sejam
libertados de todos os males, presentes, passados e futuros, trazendo a miséria
do mundo e apresentando-a a Deus. Só o Pai, por meio de Cristo, pode
transfigurar a situação de pecado, de dor e de morte inaugurada pelo maligno na
história. O Pai oferece aos homens, pela entrega de Cristo e a força do
Espírito, a santidade, a paz e a vida, renovando o mundo a partir de dentro,
até chegarmos ao dia no qual toda obra de santidade estará consumada (cf. 1Cor
15,26-28).
Para aprofundar...
Para saber
mais sobre o assunto, indicamos CIC (Catecismo da Igreja Católica), números
2.803 até 2.865; o Compêndio do Catecismo, da pergunta 587 à 598; e no Youcat,
perguntas de 515 até 527.
Pe. Vitor Gino Finelon
Professor das Escolas de Fé e
Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida