Apesar
dos nossos ‘encontros’ proporcionados pelas facilidades da comunicação como o rádio,
a televisão, os torpedos e as mídias sociais, o “estar juntos”, nos ver, numa
mesma celebração, tem uma grande diferença.
Agradeço
aos sacerdotes que fizeram seus esforços para trazer os fiéis, de perto ou de
longe, assim como os diversos movimentos e comunidades, para celebrarmos a
nossa fé comum e a nossa unidade.
Nesta
Eucaristia, quero colocar aspectos que devemos levar no coração, concluindo
este ano abençoado com tantos sinais de Deus. Ao agradecer, também olhar para o
próximo ano, em que toda Igreja do Rio de Janeiro quer trabalhar a questão da
caridade, como consequência da sua caminhada na história. Valorizar o que
existe, mas encontrar um novo jeito de servir, de ir ao encontro do outro onde
ele se encontra.
Cristo
é rei, e Ele deve reinar sobre todas as criaturas. Ele, que existe antes de tudo,
e que morreu na Cruz por nós, é o Senhor, a imagem de Deus invisível. No fundo,
estamos desejando que Cristo reine nos corações, nos relacionamentos, na vida
de cada pessoa.
São
muitas situações de vingança, de violência, de guerra, de divisões, de
problemas, marcadas por fatores humanos, culturais, econômicos, ideológicos,
entre tantos. O que vemos é que o mundo ainda não se entende, as pessoas não se
compreendem. Enquanto Igreja, discípulos de Cristo, somos chamados a ser um
sinal de esperança para a sociedade. Um outro mundo é possível!
Nós
vimos, ouvimos e experimentamos como isso foi possível durante os dias da
Jornada Mundial da Juventude. Foi um testemunho de comunhão, de unidade. Ao se
abrir as portas das casas e dos corações, quantas pessoas desconhecidas até então
tornaram-se amigos e membros da família.
Fatos
inesperados e inesquecíveis, que ficarão para sempre em nossos corações. Que
bom seria que sempre fosse assim, que nossas portas não tivessem medo de
acolher o outro. Que o outro viesse para somar, trabalhar e se alegrar conosco.
E mais, pudesse estar a serviço um do outro, sempre.
Esse
gesto de servir, de acolhimento, e que somos testemunhas, queremos que
permaneça e aconteça sempre, seja de maneira espontânea ou de maneira
organizada. Cristo reine sobre nós, nos faça novos!
Celebrar
Cristo Rei como convergência do Ano Litúrgico é uma realidade que deve ser
visibilizada e traduzida na vida de cada um de nós.
Nessa
Festa da Unidade, peço que cada um faça o questionamento: “Como eu deixo, como
eu faço, como estou vivenciando minha vida de conversão e de transformação, de
ser proativo para que o Reino de Deus se estabeleça em minha vida, na família
na sociedade, como o fermento no meio da massa no mundo em que eu vivo?”.
Nossa
missão é trabalhar para que Cristo reine nos corações. Quando isso acontece,
desaparecem os egoísmos, as maldades, as maledicências, as divisões, as raivas,
e se tem o perdão, a reconciliação, o amor fraterno, a procura do bem do outro
e da fraternidade.
Quando
o Papa Bento XVI proclamou o Ano da Fé, seu desejo era que os católicos
aprofundassem e dessem testemunho de sua vida de fé, num mundo em mudança, que
fica cada vez mais longe de Deus.
Também
para que pudéssemos ainda pedir ao Senhor que aumentasse a nossa fé, para
corresponder ao dom recebido de Deus e fôssemos sinais para o mundo.
Quantas
iniciativas foram realizadas! Tudo para que pudéssemos ainda mais olhar e ver
nossa missão como homens e mulheres de fé nesse nosso tempo. Se tivéssemos fé
do tamanho de uma sementinha de mostarda, faríamos grandes maravilhas e
mudanças no mundo. Por isso mesmo, o Senhor nos pediu que nós rezássemos: “Aumenta
nossa fé”.
Por
isso, nessa celebração pedimos ao Senhor: “Aumenta nossa fé. Faça crescer em nós
esse dom que um dia recebemos. Ajude-nos a viver cada vez mais essa busca de
estarmos abertos a esse grande dom”.
Nesta
celebração da Festa da Unidade, quando estamos todos juntos, queremos pedir que
Cristo esteja entre nós nessa comunhão. Que todos sejam um! Aquilo que é o meu
lema de padre e depois de bispo, não é uma frase bonita. Vocês tem visto e
ouvido nas atitudes que tenho tomado, naquilo que tem acontecido, que o desejo
do arcebispo é que todos vivam na unidade. Em meio à diversidade, em meio às várias
situações que existem, nós queremos viver nessa fraternidade que nos une. E que
faz uma diferença muito grande. Nós temos valores, dons e carismas belíssimos
em toda a nossa arquidiocese. Tanto que os que aqui residem, que aqui nasceram,
quanto os que para cá vieram, os que são consagrados, os que são cristãos
leigos.
Muitas
vezes não conseguimos ser presença e transformar a sociedade porque somos
desunidos, uns contra os outros, um não aceitando o outro, um não caminhando
junto com o outro porque temos um jeito de rezar diferente, um jeito de cantar
diferente, um jeito de ser diferente. Não sabemos conviver em fraternidade. Por
isso mesmo, esse dia de hoje é também para que nós peçamos que o Senhor nos dê
esse dom e essa graça, e que nós correspondamos isso a pedido de Jesus para que
o mundo creia que todos sejam um. É o pedido do Senhor e é também aquilo que
dever marcar a nossa Festa da Unidade. A diversidade de dons, de carismas.
O
que faz a diferença dos cristãos é o modo como se amam e são unidos, de como
caminham juntos. E eu peço a Deus que a nossa Festa da Unidade no encerramento
do Ano Litúrgico e do Ano da Fé nos leve ainda mais a olharmos uns para os
outros, vendo no outro um irmão.
Nós
tivemos essa experiência durante a Jornada. Se foi possível estarmos juntos em
meio a tanta diversidade de línguas e costumes, porque não é possível entre nós,
na Igreja de São Sebastião do Rio de Janeiro? Ao agradecer por todos esses
dons, peçamos que Cristo reine e aumente a nossa fé. Que sejamos um! Que o
nosso anúncio seja: “Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera”.