quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Homilia de D. Orani na missa de encerramento do Ano da Fé

            Apesar dos nossos ‘encontros’ proporcionados pelas facilidades da comunicação como o rádio, a televisão, os torpedos e as mídias sociais, o “estar juntos”, nos ver, numa mesma celebração, tem uma grande diferença.
            Agradeço aos sacerdotes que fizeram seus esforços para trazer os fiéis, de perto ou de longe, assim como os diversos movimentos e comunidades, para celebrarmos a nossa fé comum e a nossa unidade.
            Nesta Eucaristia, quero colocar aspectos que devemos levar no coração, concluindo este ano abençoado com tantos sinais de Deus. Ao agradecer, também olhar para o próximo ano, em que toda Igreja do Rio de Janeiro quer trabalhar a questão da caridade, como consequência da sua caminhada na história. Valorizar o que existe, mas encontrar um novo jeito de servir, de ir ao encontro do outro onde ele se encontra.
            Cristo é rei, e Ele deve reinar sobre todas as criaturas. Ele, que existe antes de tudo, e que morreu na Cruz por nós, é o Senhor, a imagem de Deus invisível. No fundo, estamos desejando que Cristo reine nos corações, nos relacionamentos, na vida de cada pessoa.
            São muitas situações de vingança, de violência, de guerra, de divisões, de problemas, marcadas por fatores humanos, culturais, econômicos, ideológicos, entre tantos. O que vemos é que o mundo ainda não se entende, as pessoas não se compreendem. Enquanto Igreja, discípulos de Cristo, somos chamados a ser um sinal de esperança para a sociedade. Um outro mundo é possível!

            Nós vimos, ouvimos e experimentamos como isso foi possível durante os dias da Jornada Mundial da Juventude. Foi um testemunho de comunhão, de unidade. Ao se abrir as portas das casas e dos corações, quantas pessoas desconhecidas até então tornaram-se amigos e membros da família.
            Fatos inesperados e inesquecíveis, que ficarão para sempre em nossos corações. Que bom seria que sempre fosse assim, que nossas portas não tivessem medo de acolher o outro. Que o outro viesse para somar, trabalhar e se alegrar conosco. E mais, pudesse estar a serviço um do outro, sempre.
            Esse gesto de servir, de acolhimento, e que somos testemunhas, queremos que permaneça e aconteça sempre, seja de maneira espontânea ou de maneira organizada. Cristo reine sobre nós, nos faça novos!
            Celebrar Cristo Rei como convergência do Ano Litúrgico é uma realidade que deve ser visibilizada e traduzida na vida de cada um de nós.
            Nessa Festa da Unidade, peço que cada um faça o questionamento: “Como eu deixo, como eu faço, como estou vivenciando minha vida de conversão e de transformação, de ser proativo para que o Reino de Deus se estabeleça em minha vida, na família na sociedade, como o fermento no meio da massa no mundo em que eu vivo?”.
            Nossa missão é trabalhar para que Cristo reine nos corações. Quando isso acontece, desaparecem os egoísmos, as maldades, as maledicências, as divisões, as raivas, e se tem o perdão, a reconciliação, o amor fraterno, a procura do bem do outro e da fraternidade.
            Quando o Papa Bento XVI proclamou o Ano da Fé, seu desejo era que os católicos aprofundassem e dessem testemunho de sua vida de fé, num mundo em mudança, que fica cada vez mais longe de Deus.
            Também para que pudéssemos ainda pedir ao Senhor que aumentasse a nossa fé, para corresponder ao dom recebido de Deus e fôssemos sinais para o mundo.
            Quantas iniciativas foram realizadas! Tudo para que pudéssemos ainda mais olhar e ver nossa missão como homens e mulheres de fé nesse nosso tempo. Se tivéssemos fé do tamanho de uma sementinha de mostarda, faríamos grandes maravilhas e mudanças no mundo. Por isso mesmo, o Senhor nos pediu que nós rezássemos: “Aumenta nossa fé”.
            Por isso, nessa celebração pedimos ao Senhor: “Aumenta nossa fé. Faça crescer em nós esse dom que um dia recebemos. Ajude-nos a viver cada vez mais essa busca de estarmos abertos a esse grande dom”.
            Nesta celebração da Festa da Unidade, quando estamos todos juntos, queremos pedir que Cristo esteja entre nós nessa comunhão. Que todos sejam um! Aquilo que é o meu lema de padre e depois de bispo, não é uma frase bonita. Vocês tem visto e ouvido nas atitudes que tenho tomado, naquilo que tem acontecido, que o desejo do arcebispo é que todos vivam na unidade. Em meio à diversidade, em meio às várias situações que existem, nós queremos viver nessa fraternidade que nos une. E que faz uma diferença muito grande. Nós temos valores, dons e carismas belíssimos em toda a nossa arquidiocese. Tanto que os que aqui residem, que aqui nasceram, quanto os que para cá vieram, os que são consagrados, os que são cristãos leigos.
            Muitas vezes não conseguimos ser presença e transformar a sociedade porque somos desunidos, uns contra os outros, um não aceitando o outro, um não caminhando junto com o outro porque temos um jeito de rezar diferente, um jeito de cantar diferente, um jeito de ser diferente. Não sabemos conviver em fraternidade. Por isso mesmo, esse dia de hoje é também para que nós peçamos que o Senhor nos dê esse dom e essa graça, e que nós correspondamos isso a pedido de Jesus para que o mundo creia que todos sejam um. É o pedido do Senhor e é também aquilo que dever marcar a nossa Festa da Unidade. A diversidade de dons, de carismas.
            O que faz a diferença dos cristãos é o modo como se amam e são unidos, de como caminham juntos. E eu peço a Deus que a nossa Festa da Unidade no encerramento do Ano Litúrgico e do Ano da Fé nos leve ainda mais a olharmos uns para os outros, vendo no outro um irmão.
            Nós tivemos essa experiência durante a Jornada. Se foi possível estarmos juntos em meio a tanta diversidade de línguas e costumes, porque não é possível entre nós, na Igreja de São Sebastião do Rio de Janeiro? Ao agradecer por todos esses dons, peçamos que Cristo reine e aumente a nossa fé. Que sejamos um! Que o nosso anúncio seja: “Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera”.