“Um milagre acontecido na vida de uma criança
dentro do seio materno é algo extraordinário que nos diz que há uma vida aí e
que Deus quer protege-la desde a concepção”, explicou o Padre Antonio Marrazzo,
postulador da Causa de Canonização do Papa Paulo VI, ao confirmar que só falta
a aprovação do Papa Francisco para definir a data da beatificação do Papa
Montini.
O postulador confirmou que foi
realizada uma reunião dos cardeais e bispos pertencentes à Congregação para as
Causas dos Santos no dia 5 de maio, e explicou ao grupo ACI que “agora nos
resta esperar que o Prefeito – Cardeal Angelo Amato -, apresente o milagre ao
Santo Padre, e que este o aprove e promulgue o decreto para proclamá-lo beato”.
Embora algumas fontes
italianas assegurem que a data para a beatificação será o próximo 19 de
outubro, não há até o momento uma confirmação oficial do Vaticano. “O Papa é o
último juiz nesta causa, ele tem a última palavra. Podemos fazer muitas hipóteses,
mas até que o Papa Francisco não promulgue o decreto do milagre, não se pode
falar de beatificação”, acrescentou o Pe. Marrazzo. Sendo assim, a data para a
beatificação seria escolhida pelo Papa Francisco, pela Secretaria de Estado e
pelo Bispado de Brescia, Itália, diocese onde nasceu Paulo VI.
O milagre ocorreu na Florida,
Estados Unidos, em 2001 e seu protagonista é uma criança que, na 24ª semana de
gestação, encontrava-se em um estado crítico. Exames médicos diagnosticaram a
ruptura da bexiga, com ascite, presença de líquido no abdômen, e
Oligo-hidrâmnio, ausência de líquido no saco amniótico. Toda tentativa
terapêutica resultou ineficaz para resolver a sua situação.
O diagnóstico foi severo. Era
muito provável que a criança morresse dentro do útero ou que nascesse com uma
insuficiência renal grave. O ginecologista ofereceu à mãe gestante a opção de
abortar, mas a mulher não aceitou a proposta.
Seguindo o conselho de um
amigo da família e de uma religiosa da Caridade de Santa Maria Bambina, que tinham
conhecido o Papa Paulo VI, colocaram sobre o ventre da mulher uma imagem do
Pontífice com uma relíquia e invocaram a sua intercessão.
À 34ª semana de gravidez os
novos exames demonstraram que o quadro clínico da criança tinha melhorado e no
momento do nascimento –um parto por cesárea na 39ª semana–, o bebê demonstrou
boas condições e foi capaz de respirar e chorar.
“Foi um milagre em sintonia
com o magistério do Papa Paulo VI e a defesa da vida, e muito interessante
–continuou o Pe. Marrazzo-, porque nos diz que Deus nos protege desde o seio
materno, desde o momento em que a vida começa. Para Deus a vida humana é um
valor não manipulável, não descartável, é um valor, porque Deus nos dá um
valor”.
Com efeito, o Papa Montini
passará à história entre muitas coisas por escrever a Humanae Vitae, a
visionária encíclica sobre a defesa da vida e da família. O menino, cujo nome e
localização exatos se reservam por questões de privacidade, foi acompanhado
durante os últimos anos por médicos especialistas e demonstrou ao longo dos
anos um correto desenvolvimento psicofísico e um funcionamento normal de suas
funções renais. No dia 12 de dezembro de 2013 a consulta médica da Congregação para as
Causas dos Santos confirmou por unanimidade a cura inexplicável, enquanto que
no dia 18 de fevereiro o Congresso de teólogos desta congregação reconheceu
unanimemente a intercessão do Papa Paulo VI.
Por último, o Pe. Marrazzo
assegurou que o Papa Paulo VI continua intercedendo por muitas graças
associadas a problemas familiares e de saúde, e as cartas continuam chegando
desde todas partes do mundo, especialmente da zona próxima a Concesio, Brescia,
a casa onde nasceu o Papa Montini.
“Podemos dizer que Paulo VI
continua o seu magistério diário do céu, a causa está avançando da maneira
correta, mas não se pode esquecer que é Deus quem faz o milagre, não os santos,
eles são os que intercedem diante de Deus”, concluiu.
O Papa Paulo VI, Giovanni
Battista Enrico Antonio Maria Montini, nasceu em Lombardia em 26 de setembro de
1897 e marcou a história por concluir os trabalhos do Concílio Ecumênico
Vaticano II, iniciado por São João XXIII, e também pela publicação de sete
encíclicas que servem como apoio para a guia da Igreja.
Morreu em Castel Gandolfo ,
em 6 de agosto de 1978, festa da Transfiguração do Senhor. Espera-se que nos
próximos dias o Papa Francisco promulgue a aprovação do decreto que o elevaria
aos altares.
Fonte: ACI Digital (Agência Católica Internacional de Notícia)