Cardeal
Orani João Tempesta
Arcebispo
do Rio de Janeiro
O tempo do Advento é constituído das quatro
semanas que antecedem o Natal do Senhor. É, portanto, tempo de piedosa espera.
Ora, esperar uma pessoa querida requer alegre e cuidadosa preparação.
Esta preparação para o Natal tem dupla característica: tempo de
preparação para as solenidades do Natal, nas quais se recorda a primeira vinda
do Filho de Deus ao meio dos homens, e, simultaneamente, tempo em que, com esta
recordação, os espíritos se dirigem para a expectativa da segunda vinda de
Cristo no final dos tempos. Celebrando a cada ano este mistério, a Igreja
nos exorta a renovar continuamente a lembrança do tão grande amor de Deus para
conosco. A bela liturgia da Igreja, da missa, das horas com seus cânticos e
sinais nos ajudam a abrir o coração. A celebração penitencial e os sinais
caritativos durante esta época nos fazem converter os corações. A atitude de
oração contínua abre-nos, por Cristo, em Cristo e com o Espírito Santo, à
contemplação do rosto do Pai, colocando-nos em comunhão e sintonia com a Trindade,
fonte de santidade, de alegria e da verdadeira paz.
Uma tradição religiosa que costuma ser
realizada na preparação de momentos importantes, a Novena faz parte do
patrimônio da religiosidade popular. Diante do Advento, vivido pela Igreja
antes da celebração do Natal, não poderia ser diferente. A montagem do presépio,
a intensificação do espírito de caridade e a Novena de Natal fazem parte da
vida dos cristãos.
A Novena do Natal em família ou em
pequena comunidade é uma expressão belíssima de preparação cristã do
Natal. Em nossa arquidiocese, o tema deste ano é o “Natal da Esperança”!
Participe de algum grupo da sua comunidade, vizinhança,
condomínio, apartamento ou mesmo no seu ambiente de trabalho. O
espírito do Natal é a aproximação entre as pessoas, que cria a cultura do
encontro. Só com a cultura do encontro superamos o individualismo e o
isolamento que empobrecem a vida.
Natal é festa de luz! Inúmeras lâmpadas
coloridas enfeitam as fachadas e interiores das casas, ruas e igrejas. É tempo
de festejar o nascimento do Menino Jesus, a luz que é fonte e origem de toda a
criação e que veio nos visitar. Cremos que Ele é quem dá contorno à vida e a
tira da escuridão. Porém, a grande luz deve estar na vida e no coração de todos
nós que esperamos celebrar um Natal cristão que nos aprofunde no acolhimento
d’Aquele que veio, vem e virá.
A Novena do Natal com o tema da esperança que
a nossa arquidiocese propôs é justamente a oportunidade de preparar o próximo
ano, quando este tema será enfocado em todas as atividades pastorais. Nos
textos de nossa conferência episcopal será sobre o tema da luz segundo João,
preparando o Mês da Bíblia do próximo ano. Outras dioceses e regionais também
enfocaram o Natal através de vários temas. Em suma, é uma oportunidade de
vivenciarmos o Natal e aprofundarmos nossa fé e nossos relacionamentos com os
nossos vizinhos. Meditando a vida e os ensinamentos de Jesus, nos é dada a
oportunidade de iluminar as nossas ações.
A segunda atitude é a da reconciliação. É a
reconciliação com Deus-Trindade e reconciliação com as pessoas:
familiares, parentes, amigos e colegas de trabalho. É bom celebrar o Natal
livre dos ressentimentos, das mágoas, do rancor contra os nossos semelhantes.
Lembre-se: o perdão é o mais salutar remédio para curar as feridas
causadas pelas desavenças. Por isso, voltemos aos confessionários para
procurar a graça de Deus. Nesses dias acontecem os mutirões de confissões, nos
quais oportunidades de confessores extraordinários são dadas a todos os
paroquianos. Todos deveriam aproveitar essa ocasião para preparar os seus
corações para ser a digna morada do Senhor Jesus. Além disso, tenho certeza de
que os nossos padres se colocam à disposição em conformidade com as
necessidades dos fiéis para o atendimento da confissão auricular, pois uma
confissão individual completa nos afasta do pecado e nos resgata a graça
santificante.
A terceira atitude é a caridade. O
tempo do Advento é propício para o exercício da solidariedade e amor
fraterno às pessoas mais necessitadas e sofredoras. Atos de solidariedade
dignificam e enobrecem a alma humana! Os gestos solícitos de bondade e de
generosidade encantam a vida, tornando-a bela e grandiosa! Porquanto,
a alegria e a felicidade de viver encontramos nos pequenos gestos de bondade e
solidariedade em favor dos irmãos. Neste tempo que antecede o Natal, vamos
escancarar as portas do coração e da vida para acolher o Rei dos Reis que vai
chegar! Jesus é o “Príncipe da paz” (Mq 5,4) que veio instaurar o reino de
fraternidade e paz no mundo!
Portanto, a Novena está em consonância com a
exortação apostólica do Papa Francisco, “A alegria do Evangelho”, que fala da
conversão pastoral. É também uma resposta à recente proposta lançada durante a
52ª Assembleia Geral da CNBB, que ofereceu à Igreja no Brasil o documento
“Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”. A conversão pastoral da
paróquia passa pela vivência comunitária, na sua comunidade, dos valores do
Evangelho.
Formemos nossos grupos de Novena do Natal e
preparemo-nos publicamente para o nascimento do Redentor.
Fonte:
http://arqrio.org/formacao/detalhes/626/novena-de-natal