quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Ano Mariano

D. Orani João Tempesta
Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro

Temos a alegria de iniciar o Ano Mariano com a festa solene de Nossa Senhora Aparecida. Essa festa recorda-nos a presença constante de Nossa Senhora na vida da Igreja, na vida do povo brasileiro e na vida de cada um de nós. Não poderia ser diferente! Foi o próprio Cristo quem lhe deu essa missão materna em relação a nós, seus discípulos amados. Recordemo-nos da cena dramática no Calvário. Jesus diz à sua Mãe, indicando o Discípulo Amado, que é cada um de nós, cada cristão, católico ou não: “Mulher, eis o teu filho”! (Jo 19,26). Não foi ela quem escolheu ser nossa Mãe. Não! Foi o Filho mesmo quem lhe deu a missão: “Eis o teu filho, os teus filhos, Virgem Maria! Tu és a Mulher do Gênesis, inimiga da serpente; tu és a Mãe dos viventes, a verdadeira Eva”! Fidelíssima à vontade do Senhor, como sempre foi, a Virgem vela por todos os cristãos; até por aqueles que não lhe têm amor e veneração, chegando mesmo a difamá-la! Mãe dos discípulos do Senhor Jesus, Mãe da Igreja, Virgem Maria! Foi esta maternidade tão amorosa, fecunda e providente que o povo brasileiro experimentou às margens do rio Paraíba do Sul, quando a imagem enegrecida da Imaculada apareceu nas redes dos pescadores. É esta maternidade que nós experimentamos continuamente em nossa vida. Quem de nós não tem uma história para contar a respeito da presença da Virgem no nosso caminho? “Filho, eis a tua Mãe”! (Jo 19,27).
Com esta Solenidade principal da Igreja no Brasil, dos santos, já que a Senhora Aparecida é a nossa Padroeira, iniciamos, a nível nacional, o Ano Santo Mariano. E, em nossa Arquidiocese, iniciamos o Ano Santo Mariano e o Ano Santo das Famílias, com um enfoque vocacional.

Na Mensagem à Igreja Católica no Brasil, a Presidência da CNBB assim se expressou: “Como no episódio da pesca milagrosa narrada pelos Evangelhos, também os nossos pescadores passaram pela experiência do insucesso. Mas, também eles, perseverando em seu trabalho, receberam um dom muito maior do que poderiam esperar: “Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”. Tendo acolhido o sinal que Deus lhes tinha dado, os pescadores tornam-se missionários, partilhando com os vizinhos a graça recebida. Trata-se de uma lição sobre a missão da Igreja no mundo: “O resultado do trabalho pastoral não se assenta na riqueza dos recursos, mas na criatividade do amor”. (Papa Francisco). A celebração dos 300 anos é uma grande ação de graças. Todas as dioceses do Brasil, desde 2014, se preparam, recebendo a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que percorre cidades e periferias, lembrando aos pobres e abandonados que eles são os prediletos do coração misericordioso de Deus. O Ano Mariano vai, certamente, fazer crescer ainda mais o fervor desta devoção e da alegria em fazer tudo o que Ele disser (cf. Jo 2,5). Todas as famílias e comunidades são convidadas a participar intensamente desse Ano Mariano”.
A nossa Arquidiocese foi uma das primeiras a receber a imagem peregrina de Aparecida e, na véspera da festa, iniciamos a peregrinação com a imagem de Nossa Senhora Aparecida por todas as realidades de nossa Arquidiocese.
Vamos celebrar com grande entusiasmo este Ano especial. Tenhamos presente que Jesus não nos nega nada; e concede-nos de modo particular tudo o que lhe pedimos através de sua Mãe. Hoje, a Mãe de Jesus e nossa continua a nos dizer: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Foram as últimas palavras de Nossa Senhora registradas no Evangelho. E não poderiam ter sido melhores. Recorramos, hoje, a Nossa Senhora Aparecida, pedindo-lhe que nos ensine o caminho da esperança.
Rezemos diante de nossa Padroeira: “Não cesseis, ó Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença, de manifestar nesta terra que o Amor é mais forte que a morte, mais poderoso que o pecado! Não cesseis de mostrar-nos Deus, que amou tanto o mundo, a ponto de entregar o seu Filho Único, para que nenhum de nós pereça, mas tenha a vida eterna! Amém! (São João Paulo II, Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, 4/7/1980).

Fonte: http://arqrio.org/formacao/detalhes/1472/ano-mariano