Um dia após abrir a Porta Santa da Basílica
de São Pedro, dia 9 de dezembro de 2015, no Vaticano, o Papa Francisco afirmou,
em sua catequese, que um Ano Extraordinário da Misericórdia não era apenas bom
para a Igreja. Para ele, a Igreja precisava deste momento. “O Jubileu é um
tempo favorável para todos nós, para que contemplando a Divina Misericórdia,
que supera todo limite humano e resplandece sobre a obscuridade do pecado,
possamos nos tornar testemunhas mais confiantes e eficazes”, disse na ocasião.
Agora, quase um ano depois, as Portas Santas
da Misericórdia começam a se fechar, uma a uma, até chegar a vez da Basílica de
São Pedro, na Solenidade de Cristo Rei, dia 20 de novembro. O legado deste
Jubileu Extraordinário poderá ser visto e percebido, uma vez que formou
missionários da misericórdia. Durante o ano, os fiéis estiveram se purificando
e alimentando-se do amor misericordioso de Deus para transmiti-lo aos outros.
Na Arquidiocese do Rio, as cerimônias de
fechamento das portas ocorreram neste mês de novembro, nessa ordem: Paróquia
Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz, no dia 6; Catedral de São Sebastião,
Santuário do Cristo Redentor e Paróquia Coração Eucarístico de Jesus, em
Santíssimo, no dia 12; Santuário Mariano de Schoenstatt, Basílica Santuário
Nossa Senhora da Penha e Santuário da Divina Misericórdia no dia 13.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA
CONCEIÇÃO
A celebração do fechamento da Porta Santa da
Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz, foi presidida pelo
arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, no dia 6 de novembro. Na
ocasião, houve a ordenação diaconal de Alan Augusto Gomes Barroso.
O pároco, padre Jorge Bispo, contou que
houve, ao longo do ano, além do aprofundamento do sentido do que é viver a
misericórdia, momentos de formação sobre ao Ano Jubilar. “Muitas pessoas não
estavam por dentro do que significava obra de misericórdia, por exemplo”,
afirmou.
Cerca de 30 paróquias passaram pela Porta
Santa, e os movimentos católicos se organizaram para fazerem suas peregrinações
ao local durante a semana ou levaram um padre para celebrar uma missa no fim de
semana.
“Durante o ano, motivamos a comunidade a
trabalhar a questão da misericórdia, principalmente dentro do contexto
pastoral: fazer visitas aos enfermos, aos cemitérios, entre outras coisas”,
explicou ele, que percebeu, durante o ano, um crescimento na procura pelo
Sacramento da Reconciliação e passagem pela Porta Santa.
CATEDRAL METROPOLITANA
Na Catedral Metropolitana de São Sebastião,
no Centro, a proposta da Porta Santa foi acolhida com muito carinho e
dedicação, segundo o pároco, monsenhor Joel Portella Amado. Em um mundo onde o
perdão, a reconciliação e a valorização da pessoa humana se fazem necessários
em qualquer situação, o pedido de misericórdia do Papa Francisco, cumpriu a
missão de chegar aos corações dos fiéis.
Monsenhor Joel contou que foram muitas as
peregrinações durante o Ano Santo da Misericórdia. Todos os dias a Catedral
recebia peregrinos, alguns para se informar sobre o modo de peregrinar, outros
que chegavam e faziam as orações conforme tinham preparado para passar pela
Porta Santa.
“A Catedral não tem comunidade residente, as
pessoas que frequentam são todas transeuntes, visitantes. Podem ser os turistas
ou aqueles que estão de passagem pelo centro da cidade. Algumas vezes as
pessoas voltavam, principalmente, nas missas dominicais para agradecer alguma
graça de mudança de vida”, disse.
Entre os grupos peregrinos visitantes, os que
se destacaram foram o do clero, dos consagrados e consagradas e da população em
situação de rua. Segundo monsenhor Joel, a figura do peregrino individual
também merece ser ressaltada. Para ele, as pessoas se deixaram levar pela
mensagem do Ano Santo e pela Porta Santa, e se confessaram com mais
profundidade.
“São grupos distintos, mas todos eles, ainda
que tenham vivenciado a experiência de um modo diferente, marcaram bastante a
vida da Catedral. Os grupos que chegavam sem ter agendado se juntavam a outros,
acolhiam peregrinos individuais, faziam as orações, participavam da missa
diária e, às vezes, solicitavam a presença de um dos padres”, explicou.
Dos quatro gestos concretos elaborados pela
Arquidiocese do Rio para a prática da misericórdia, a Catedral hospedou dois:
as Escolas de Perdão e Reconciliação (Espere) e a Mediação Comunitária de
Conflitos. Na igreja aconteceram os primeiros cursos para formação dos agentes
destas duas atividades e funciona o núcleo de mediação, recentemente
inaugurado. As obras de misericórdia vividas foram as mais adequadas à
comunidade; no campo material, estavam ligadas à fome e à doença; no campo das
obras espirituais, à escuta, ao aconselhamento e à reconciliação.
SANTUÁRIO DO CRISTO REDENTOR
No Santuário do Cristo Redentor, o fechamento
da Porta Santa foi no dia 12 de novembro. A celebração, presidida pelo Cardeal
Orani João Tempesta, foi uma das mais bonitas, segundo o reitor, padre Omar
Raposo, e contou com a presença de muitos fiéis. “Pela primeira vez na
história, o Cristo Redentor alcança tal configuração, sendo santuário
considerado pelo Cardeal Orani: uma configuração de Porta Santa. Dessa forma,
percebemos ao longo do ano um aumento muito significativo do número de
peregrinos que passaram pelo santuário”, disse o sacerdote.
Para padre Omar, as obras de misericórdia são
testemunhos que devemos dar a partir da Igreja. No Santuário do Cristo
Redentor, a atenção dada foi ao meio ambiente. Como o Cristo Redentor está
inserido num ambiente de floresta urbana, o cuidado foi com a cultura da
sustentabilidade. Ou seja, com a integração entre fé e meio ambiente.
Além do aumento do fluxo das peregrinações, a
busca pelos sacramentos ganhou destaque. Pessoas se confessaram, passaram pela
Porta Santa e, em estado de graça, receberam as indulgências indicadas pela
Igreja. Através do Ano Santo, as pessoas buscaram mudanças. As mudanças de
mentalidade e mudanças de vida foram o que mais chamou atenção no santuário.
“Quando pensamos em legado, pensamos naquilo
que se torna herança, algo que vai ter continuidade e que vai se perpetuar na
história. O sentido religioso do Cristo Redentor está plenamente resgatado. É
um santuário católico, um lugar de peregrinação, e teve esse privilégio de ser
também uma Porta Santa durante esse Ano Jubilar. Esse é o legado do nosso
santuário”, afirmou padre Omar.
PARÓQUIA CORAÇÃO EUCARÍSTICO
DE JESUS
O fechamento da Porta Santa na Paróquia
Coração Eucarístico de Jesus, em Santíssimo, aconteceu no dia 12 de novembro. A
missa, presidida pelo bispo emérito Dom Assis Lopes, foi uma das mais bonitas,
assim como a de abertura da Porta Santa, segundo o pároco, padre Cláudio
Antonio Soares.
Ao longo do Ano Santo, a igreja ficou
disponível para peregrinações. Vinte e sete paróquias aproveitaram para fazer
suas romarias e passar pela porta com o propósito de conversão. As adorações ao
Santíssimo Sacramento aconteceram às quintas-feiras.
A presença de peregrinos e padres que celebraram,
rezaram e refletiram na comunidade paroquial ficou marcada por serem dias muito
intensos, segundo o pároco. Foram promovidos na paróquia alguns momentos de
explicações para que as pessoas entendessem o que é o Ano Jubilar. Depois
disso, os temas das obras da misericórdia eram aprofundados.
O Ano Santo foi uma proposta do Papa com o
objetivo de gerar frutos e mudanças, e na paróquia não foi diferente: “Uma das
mudanças que eu pude perceber foi o desejo do povo de se tornar misericordioso
a partir da busca pelo Sacramento da Reconciliação. Houve uma procura muito
grande, muito grande mesmo”, disse padre Cláudio.
Durante esse período, padre Cláudio pôde
acompanhar testemunhos de pessoas que estavam afastadas da Igreja por mais de
20 anos e, através do Sacramento da Reconciliação, buscaram a vida santa nesse
Ano Santo. Os próprios paroquianos, segundo ele, buscaram ser mais
misericordiosos. “Acolheram os pecadores, os que se afastaram da Igreja, os que
foram chegando pela primeira vez. Tudo por influência das obras da
misericórdia”, explicou.
As obras de misericórdia na paróquia foram
desenvolvidas por meio de arrecadações de alimentos para serem enviados às
vítimas do furacão Matthew, no Haiti. Identificaram como mais apropriada a eles
a obra Saciar a fome e a sede, estipulada para o mês de dezembro do ano
passado. Mas não foi a única obra que fizeram. A Pastoral da Criança manteve
uma campanha para arrecadar roupas, que atende à proposta de Vestir os
despidos, determinada para julho deste ano. Também foi feito um trabalho para
dar maior atenção e assistência aos cemitérios, com o objetivo de ajudar as
famílias que sofrem diante da perda com amparo e uma palavra de consolo. A
paróquia toda se mobilizou com esse projeto.
“Como ‘igreja mãe’ do Vicariato Oeste nesse
Ano Jubilar, devemos estar atentos e zelar por essa oportunidade única que nos
foi dada, de verdadeira conversão e reconciliação com os valores transmitidos
pela Igreja. Para mantermos essa unidade, devemos seguir o mesmo caminho de
misericórdia de Deus: refletir um pouco mais sobre nossas vidas antes de atirar
a primeira pedra. Devemos agir com caridade, ter atos de amor e de misericórdia
com nossos irmãos”, disse o vigário episcopal do Vicariato Oeste, padre Felipe
Lima.
SANTUÁRIO MARIANO DE
SCHOENSTATT
Cerca de 2 mil pessoas participaram da
celebração de fechamento da Porta Santa do Santuário Mariano de Schoenstatt, em
Vargem Pequena. Mesmo sob chuva forte, o pequeno templo ficou lotado de fiéis
no domingo, dia 13 de novembro, na missa presidida pelo arcebispo do Rio,
Cardeal Orani João Tempesta. A missa foi concelebrada pelo cônego Abílio Soares
de Vasconcelos, da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Botafogo, e
contou com a presença do padre Ricardo Boguslaw Batkiewicz, da Paróquia São
Sebastião, em Vargem Grande. Participaram pessoas da Arquidiocese do Rio, da
Arquidiocese de Niterói e da Diocese de Petrópolis.
Durante o ano, o santuário recebeu milhares
de peregrinos, entre brasileiros e estrangeiros, uma vez que o local é próximo
ao Parque Olímpico da Barra da Tijuca, que recebeu algumas das modalidades dos
Jogos Olímpicos deste ano. As peregrinações foram feitas muitas vezes a pé. O
local recebeu cerca de cinco mil peregrinos, de acordo com a responsável pelo
local, irmã Dioneia Lawand, assessora do movimento apostólico de Schoenstatt do
Rio de Janeiro.
“Quando as paróquias peregrinavam aqui
experimentávamos uma sensação que era uma verdadeira antecipação do céu”,
contou ela.
Também durante este período do Ano Santo, as
irmãs do santuário procuraram fazer um trabalho com as famílias locais baseado
no tema “Minha família, uma casa da misericórdia”. O objetivo era fazer com que
eles conquistassem as portas santas em suas próprias casas, inspirados pela
proposta da Obra Internacional de Schoenstatt, através da Campanha da Mãe
Peregrina, cujo objetivo é levar a imagem de Nossa Senhora aos lares e fazer
deles também um santuário.
“Todos os que aqui vieram durante este ano
partiram como missionários da misericórdia. E fizemos um trabalho de
aprofundamento para que cada um continue vivendo e sendo portador dessa
misericórdia, mesmo após o fechamento da Porta Santa”, explicou irmã Dioneia.
“Desde o dia 13 está fechada a Porta Santa do Santuário de Schoenstatt, mas
cada família foi convidada a ser essa porta aberta e missionária”, concluiu.
BASÍLICA SANTUÁRIO DA PENHA
Na mais recente basílica do Rio, o Santuário
da Penha, o fechamento da Porta Santa aconteceu durante celebração eucarística
presidida pelo bispo auxiliar Dom Luiz Henrique da Silva Brito no dia 13 de
novembro.
“A grande celebração que tivemos esse ano foi
ao receber o título de basílica. Esse título nos une ainda mais ao Santo Padre
na responsabilidade de corresponder àquilo que o Papa pede e viver aquilo que
nos ensinam nos documentos pontifícios”, pontuou o pároco, padre Thiago
Sardinha.
Durante o ano, a Porta Santa recebeu
peregrinações de paróquias do entorno. Os párocos foram com seus paroquianos
muitas vezes a pé. “A celebração da Mater Ecclesiae, do Instituto Superior de
Ciências Religiosas, no dia 22 de outubro, com a presença de Dom Karl Romer e
da RedeVida de Televisão, foi, sem dúvida, muito bonita, mas tiveram outras tão
bonitas quanto”, afirmou padre Thiago.
Ele contou que os paroquianos, a fim de
ajudar as pessoas e promoverem o espírito solidário, fizeram uma campanha
voltada à obra que fala sobre alimentar os famintos: um grupo de pessoas se
uniu e foi ao mercado negociar a compra dos alimentos quase a preço de custo
para revender pelo mesmo preço para as pessoas que fizessem doação. Dessa
forma, o aumento da inflação teve menos impacto nessa proposta do Ano Santo.
A Pastoral Familiar também começou um
trabalho de assistência às pessoas em situação de rua dos bairros de Olaria,
Ramos, Bonsucesso e Leopoldina. Nesse, além de levarem a eles alimentos e
roupas, os agentes de pastoral levam também apoio espiritual e a Palavra de
Deus.
Esses foram alguns dos exemplos de como o
santuário viveu e promoveu as obras de misericórdia junto à comunidade.
“Houve também histórias de conversão: um jovem,
ao ver as bandeiras do santuário, se sentiu tocado em fazer uma visita. Quando
ele se deparou com a Porta da Misericórdia com os dizeres, veio para a Igreja
Católica. Pediu para receber o Sacramento do Batismo e todos os outros, pois
queria praticar a misericórdia”, contou padre Thiago.
SANTUÁRIO DA DIVINA
MISERICÓRDIA
Local dedicado a divulgar a devoção à Divina
Misericórdia, o Santuário Arquidiocesano da Divina Misericórdia, em Vila
Valqueire, teve mais de dez mil peregrinos passando por lá desde a abertura da
Porta Santa.
A cerimônia de fechamento da porta, realizada
no domingo, dia 13 de novembro, foi iniciada com o Terço da Misericórdia, às
15h, enquanto o Santíssimo Sacramento estava exposto. Em seguida, o padre Jan
Sopicki, pároco do santuário, palestrou sobre a misericórdia de Deus. Houve
também a apresentação do grupo Frutos de Medjugorje e missa celebrada pelo
arcebispo do Rio, Cardeal Orani. A celebração foi concelebrada pelo padre Jan,
além de diversos padres palotinos.
Padre Jan disse que durante o Ano Santo da
Misericórdia a igreja esteve sempre cheia e muitos fiéis buscaram o Sacramento
da Reconciliação. Segundo ele, os grupos de peregrinos que tiveram destaque
foram o dos sacerdotes da arquidiocese, da escola diaconal, dos catequistas e dos
coroinhas.
“Nossa obra de fato foi servir e acolher os
peregrinos. Primeiro, nós fizemos reuniões no centro pastoral nas quais
explicávamos o significado de passar pela Porta Santa; depois entrávamos
cantando e rezando o Terço da Misericórdia”, contou.
A secretária do Movimento da Divina
Misericórdia e paroquiana do santuário, Marita Maurício Conrado Veiga, revelou
que ter uma Porta Santa na comunidade foi uma grande graça e um momento único
para os paroquianos e para os peregrinos que fizeram essa experiência.
“Passei pela Porta Santa praticamente todos
os dias pedindo indulgência para as pessoas falecidas, e também me confessei
diversas vezes. Muitos não conheciam o santuário, e conhecê-lo não é apenas
conhecer mais uma igreja, é conhecer um local dedicado a divulgar a
misericórdia de Deus”, ressaltou.
Na última semana de peregrinações, o
santuário realizou diversas palestras. Temas como a moral católica, família,
aborto, drogas, teologia do corpo, ideologia de gênero e misericórdia de
Deus foram apresentados para os peregrinos.
“Logo após a cerimônia de fechamento com as
orações próprias, as leituras e os cânticos, houve um momento de profundo
silêncio e meditação. Algumas pessoas choraram emocionadas diante dessa
experiência com a misericórdia de Deus”, completou Marita.
Fonte:
http://arqrio.org/noticias/detalhes/5112/fechamento-das-portas-santas-da-misericordia