O Vaticano recorda hoje a celebração do Dia
Mundial da Água, um tema que tem estado nas preocupações do Papa, para quem
este é um bem essencial para o futuro da humanidade.
Francisco tem alertado para a possibilidade
de uma “guerra mundial” por causa dos recursos hídricos, defendendo que a água
é um direito “vital” de cada pessoa.
“Pergunto-me se nesta terceira guerra aos
bocados estaremos a caminho da grande guerra mundial pela água”, assinalou em
2017, num encontro dedicado ao ‘direito humano à água’, na Academia Pontifícia
das Ciências (Santa Sé).
“Mil crianças morrem todos os dias – mil,
todos os dias – por causa de doenças ligadas à água, milhões de pessoas
consomem água contaminada”, acrescentou.
A encíclica ecológica ‘Laudato Si’, de 2015,
dedica um ponto específico à “questão da água”, no qual o Papa recorda que “a
pobreza da água pública” se verifica especialmente na África, onde “grandes
sectores da população não têm acesso a água potável segura”.
“Um problema particularmente sério é o da
qualidade da água disponível para os pobres, que diariamente ceifa muitas
vidas”, alertava Francisco.
A encíclica manifestava a oposição da Igreja
à “tendência para se privatizar” a gestão da água, como se esta fosse uma
“mercadoria sujeita às leis do mercado”.
“Na realidade, o acesso à água potável e
segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina
a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros
direitos humanos”, escreve.
Em novembro de 2014, durante uma visita à
sede da FAO, o Papa deixou um alerta: “A água não é grátis, como pensamos
tantas vezes. Será o grave problema que poderá levar-nos a uma guerra”.
Em Portugal, a Comissão Nacional Justiça e
Paz abordou em novembro de 2017 a situação de seca que tem afetado o país,
apelando ao envolvimento de todos na preservação de “um bem precioso” que se
está a tornar “raro à medida que continuam as agressões do ser humano” à
natureza.
O organismo católico pede “um olhar global”
para o problema da falta de água, que advém das agressões ao planeta.
“Governo, responsáveis autárquicos e
especialistas nesta matéria têm o diagnóstico feito. Algumas medidas de recurso
têm sido tomadas. A sociedade civil está alertada para o facto de que temos de
repensar e refazer o nosso estilo de vida: poupar, racionalizar e partilhar,
reutilizar a água de que dispomos”, refere a CNJP.
O Dia Mundial da Água, instituído há 26 anos
pelas Nações Unidas, é assinalado hoje em Brasílica por chefes de Estado,
ministros e especialistas, no Fórum Mundial da Água.
Já sede da Assembleia Geral das Nações
Unidas, a jornada é assinalada com uma sessão em que será lançada a Década para
a Ação – Água para o Desenvolvimento Sustentável 2018-2028.
Fonte:
http://www.agencia.ecclesia.pt/portal/dia-mundial-da-agua-um-bem-determinante-para-o-futuro-da-humanidade-nas-palavras-do-papa/