Por D. Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro
Conforme a
tradição que se solidificou no Brasil desde 1997, com o fim do ano litúrgico, e
o consequente tempo do Advento, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) lança a Campanha para a Evangelização. O evento tem início na
solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo em 24 de novembro e se estende até o
3º domingo do Advento. A Coleta Nacional será realizada neste ano em 15 de
dezembro, nas paróquias e comunidades do Brasil. O objetivo é despertar nos
fiéis o compromisso evangelizador e a responsabilidade pela sustentação das
atividades pastorais da Igreja no Brasil. Esta Campanha tem o slogan
“evangeli.já”, que faz referência à palavra evangelizar, e a urgência da
evangelização. Somos convidados a nos integrar efetivamente nessa campanha, pois, "ai
de mim se não evangelizar"(1Cor. 9,16).
Ela tem
por finalidade e direcionamento a manutenção dos trabalhos de evangelização nos
vários níveis: diocesano (45% do total arrecadado na diocese), regional (20%) e
nacional (35%), sendo fundamental para a sustentabilidade das ações da Igreja
no Brasil. Atende também as estruturas eclesiais que estão empenhadas no
serviço da ação evangelizadora. São muitos projetos de evangelização que a cada
ano chegam à sede de nossa Conferência Episcopal necessitando de financiamento.
Para o pleno êxito dessa campanha todos são convidados a colaborarem
materialmente, além da conscientização missionária própria do tema.
Neste ano
de 2013 tem como lema: “Eu vos anuncio uma grande alegria” (Lc 2,10). Ela nos
convida a anunciar a alegria de ser discípulo missionário de Jesus Cristo,
participar da sua vida. Neste contexto precisamos mostrar ao mundo que “este
povo, que jazia nas trevas, viu resplandecer uma grande luz; e surgiu uma
aurora para os que jaziam na região sombria da morte” (Mt 4, 16). Urge mostrar
a alegria que é conhecer e se relacionar com o Filho de Deus, que nos tira das
trevas e da região sombria da morte para que todos tenham luz e vida plena. É o
mesmo tema que o Papa Francisco escolheu para a sua recente Exortação
Apostólica: “a alegria do Evangelho”.
Os
profetas fizeram muito mais do que denunciar os crimes de Israel. Não basta
denunciar erros, mesmo que superando o ético e o moral e mostrando a incidência
do crime na história. É preciso ir mais além para ser profeta. É preciso
mostrar a novidade, dar o exemplo, tomar a frente, motivar, ser propositivo.
Este é um dos temas preferidos do Papa Francisco. Ser profeta significa ser
capaz de ir além da superação do mal. A obra redentora de Jesus, o profeta por
excelência, não se limita ao perdão dos pecados, mas vai além: inaugura o Reino
de Deus na história humana.
A
confiança que o povo de Israel tem em Deus faz com que a sua esperança seja
fortalecida. É por isso que diz o salmista: “O olhar do Senhor vigia sobre
quem o teme, sobre quem espera na sua graça, para livrá-lo da morte e nutri-lo
no tempo da fome. Nossa alma espera pelo Senhor, é ele o nosso auxílio e o
nosso coração e confiamos no seu nome. Senhor, esteja sobre nós a tua graça, do
modo como em ti esperamos” (SL 32,18-22). Realmente é esta esperança, que
é manifesta em relação às necessidades do dia a dia, que é ainda mais marcante
quanto se fala dos tempos messiânicos. Um exemplo disso é a fala da Samaritana
no poço de Jacó, conforme nos narra o apóstolo São João: “A mulher disse-lhe:
‘Eu sei que virá o Messias (isto é, o Cristo); quando ele vier, nos fará
conhecer todas as coisas’” (Jo 4,25). João Batista também tem a mesma
esperança: “Ora, João Batista, estando na prisão, ouviu falar das obras de
Cristo e mandou alguns discípulos para lhe perguntar: És tu, aquele que há de
vir, ou devemos esperar outro?” (Mt 11,2-3)
Nosso
Senhor Jesus é aquele que cumpre plena e totalmente as promessas feitas por
Deus, de modo que ele é quem realiza as esperanças do povo da Antiga Aliança e
é a verdadeira causa da alegria do povo. A chegada da plenitude dos tempos é o
centro da história da humanidade e é o local histórico onde o divino se une ao
humano, levando à plenitude a obra da criação.
Anunciar a
boa nova aos pobres, esta é a missão de Jesus. Os efeitos deste anúncio são a
cura dos contritos de coração, a redenção dos cativos, a visão aos cegos, o ano
da graça do Senhor. Anunciar a boa nova, a boa notícia significa dizer algo que
de fato muda a vida das pessoas pra melhor, produz efeitos bons na vida das
pessoas. A vida de Jesus une a boa notícia como anúncio e como prática. Quem
chega até ele tem a notícia do Reino de Deus e tem gestos concretos que provam
a sua presença.
Ensina o
Documento de Aparecida que: "Também O encontramos de um modo especial nos
pobres, aflitos e enfermos (cf. Mt 25,37-40), que exigem nosso compromisso e
nos dão testemunho de fé, paciência no sofrimento e constante luta para
continuar vivendo. Quantas vezes os pobres e os que sofrem realmente nos
evangelizam! No reconhecimento desta presença e proximidade e na defesa dos
direitos dos excluídos encontra-se a fidelidade da Igreja a Jesus Cristo. O
encontro com Jesus Cristo através dos pobres é uma dimensão constitutiva de
nossa fé em Jesus Cristo. Da contemplação do rosto sofredor de Cristo neles e
do encontro com Ele nos aflitos e marginalizados, cuja imensa dignidade Ele
mesmo nos revela, surge nossa opção por eles. A mesma união a Jesus Cristo é a
que nos faz amigos dos pobres e solidários com seu destino". (Documento de
Aparecida 257). Segundo o Plano de Pastoral de nossa Arquidiocese, o próximo
ano será o ano da caridade, olhada de maneira especial na questão social. A
opção pelos jovens (que vivemos intensamente neste ano que está a findar) e pelos
pobres está na ordem do dia para toda a Igreja.
Ninguém é
evangelizador por acaso. Trabalhar na obra evangelizadora é participar da obra
da salvação da humanidade, que não é uma obra humana, mas divina, de modo que
ser evangelizador é, em primeiro lugar, graça, dom de Deus, chamado, vocação.
A Igreja
faz muito com pouco! Mas tem sido muito pouco e, por isso, somos chamados a
colaborar. A Campanha da Evangelização convida os católicos a assumirem a
responsabilidade pela sustentação das obras evangelizadoras da Igreja.
Evangelização tem ação no nome e doação também. Venha
dividir um pouco do que é só seu para multiplicar o que podemos fazer por
todos. Evangelização rima com doação, por isso a sua generosidade no dia 15 de
dezembro e a sua doação evangelizam!