sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O "sorriso das famílias", um antídoto para a "desertificação" das cidades modernas

A aliança da família com Deus é capaz de fazer nascerem flores no deserto da civilização moderna, afirmou o papa Francisco na audiência geral de hoje, continuando o ciclo de catequeses sobre temas familiares.
O Santo Padre abriu a meditação ressaltando a existência de "expressões evangélicas" que parecem "contrapor os laços de família e o seguimento de Jesus": Ele diz, por exemplo, que aquele que ama o pai ou a mãe mais do que a Ele não é digno dele (cfr. Mt 10,37-38).
No entanto, isto não significa que Jesus queira "apagar o quarto mandamento". Nem o Senhor, "depois de realizar o seu primeiro milagre para os noivos de Caná, depois de consagrar o vínculo matrimonial entre o homem e a mulher, depois de devolver filhos e filhas à vida familiar", está nos pedindo ser "insensíveis" a esses vínculos.
O que Jesus afirma é "o primado da fé", não encontrando uma "comparação mais significativa que os afetos familiares", os quais, quando associados ao amor de Deus, "ficam repletos de um sentido maior e transcendem a si mesmos para criar uma paternidade e maternidade mais ampla, bem como para acolher como irmãos e irmãs também aqueles que estão à margem de qualquer vínculo".
A "sabedoria dos afetos", explicou o papa, é aprendida principalmente em família; "caso contrário, é muito difícil aprendê-la": é com esta linguagem que "Deus se faz entender por todos".
Colocar os laços familiares na "obediência da fé" e na "aliança com o Senhor" não os mortifica, mas, pelo contrário, "os protege, os liberta do egoísmo, os guarda da degradação, os salva para a vida que não morre".
Um "estilo familiar" em todas as relações humanas é uma "bênção para os povos" e "devolve à esperança para a terra"; se convertidos ao "testemunho do Evangelho", os afetos familiares "se tornam capazes de coisas impensáveis, que nos fazem tocar com a mão nas obras que Deus realiza na história", disse Francisco.
"Um sorriso milagrosamente arrancado do desespero de uma criança abandonada, que recomeça a viver, nos explica a ação de Deus no mundo mais do que mil tratados teológicos. Um só homem e uma só mulher, capazes de se arriscar e se sacrificar por um filho dos outros, e não apenas pelos seus próprios, nos explicam coisas do amor que muitos cientistas não entendem mais".

Respondendo ao chamado de Jesus, a família "devolve a direção do mundo à aliança do homem e da mulher com Deus". Se o "leme da história" fosse entregue a esta aliança, para que o homem e a mulher "o governem com o olhar voltado à geração que vem", as várias questões "da terra e da casa, da economia e do trabalho, soariam como música bem diferente!", disse o pontífice.
O papa expressou a sua esperança de que, "a partir da Igreja", se volte a dar o "protagonismo" à "família que ouve a palavra de Deus e a põe em prática": desta maneira, "nos tornaremos como o bom vinho das bodas de Caná; fermentaremos como o fermento de Deus".
A aliança da família com Deus, disse ainda Francisco, é um impedimento para a "desertificação comunitária da cidade moderna", marcada pela "falta de amor" e "de sorriso", com "muitas diversões", "muitas coisas para fazer perder tempo, para fazer rir", mas com "o amor em falta".
É o "sorriso de uma família" que pode vencer a desertificação das nossas cidades e "esta é a vitória do amor da família", disse o pontífice.
"Nenhuma engenharia econômica e política é capaz de substituir essa contribuição das famílias. O projeto de Babel constrói arranha-céus sem vida. O Espírito de Deus, em vez disso, faz os desertos florirem (cf. Is 32,15)".
O convite do Santo Padre é a "sair das torres e das câmaras blindadas das elites e frequentar de novo as casas e os espaços abertos das multidões", mantendo-nos "abertos ao amor da família". Que o Espírito Santo faça a "cidade do homem sair da sua depressão".

Foto: http://extra.globo.com/incoming/8854187-539-863/w640h360-PROP/familia-cicero-(2).jpg

Fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/o-sorriso-das-familias-um-antidoto-para-a-desertificacao-das-cidades-modernas